Balanço divulgado pelo Ministério da Saúde na última quinta-feira aponta que mais de 10 milhões de crianças já foram vacinadas contra a paralisia infantil em todo o país. O contingente representa 71% das crianças de até cinco anos - a meta é chegar a pelo menos 95% dos 14,1 milhões de crianças nessa faixa etária.
Os Estados com as maiores coberturas vacinais até hoje são São Paulo (83,5%), Goiás (82,7%), Paraná (82,6%), Rio Grande do Sul (82,2%) e Santa Catarina (80,6%).
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues, afirma que, embora o ritmo da campanha esteja satisfatório, a meta ainda não foi atingida. "É fundamental que os pais e responsáveis se conscientizem da importância de proteger as crianças para que possamos manter o Brasil livre da poliomielite."
Pelo cronograma do ministério, a campanha continua até o dia 6 de julho. Em São Paulo, a Secretaria da Saúde informou que campanha vai até esta sexta (22), mas os pais que levarem seus filhos aos postos de saúde após a data também poderão solicitar a vacina.
Mudança no calendário
A partir de agosto, a vacinação contra a poliomielite terá uma mudança, com a combinação das gotinhas com a forma injetável da vacina - por ter o vírus inativo em sua composição, essa nova vacina é tida como ainda mais segura. Esse novo modelo foi anunciado no início do ano e está mantido, afirma o ministério.
Crianças que nascerem nos próximos meses já devem pegar o novo esquema vacinal. Aos dois e quatro meses de idade, a criança será vacinada com a forma injetável. Aos seis e quinze meses e no reforço anual feito no primeiro semestre de cada ano, receberá as gotinhas.
Já no segundo semestre de cada ano, haverá uma mobilização nacional para revisar as carteirinhas de vacinação das crianças e tapar eventuais buracos de imunização.
A vacina oral será mantida no calendário da criança e nos reforços anuais para ampliar o alcance dessa imunização. Isso porque o vírus presente na vacina cai no meio ambiente pelas fezes da criança e consegue, assim, entrar em contato com outras pessoas.
Verba
Em todo o país, foram distribuídas 23 milhões de doses da vacina oral. O Ministério da Saúde investiu R$ 37,2 milhões em repasses do Fundo Nacional de Saúde para aos fundos estaduais e municipais para a operacionalização das campanhas. Também foram destinados R$ 16,7 milhões para a aquisição das vacinas.
O governo está testando, por um projeto piloto em 100 municípios, um novos sistema para o registro das doses de vacina aplicadas. Em vez de registrar por dose aplicada, a proposta é que o registro seja feito por criança imunizada.
Com isso, o ministério quer melhorar a informação e evitar que municípios que atendem crianças de outras cidades tenham taxas de imunização acima de 100% e outros municípios, que perdem registros de crianças imunizadas pelo vizinho, tenham índices que pareçam insatisfatórios.
O último caso da doença no país foi registrado em 1989, na Paraíba. Em 1994, o país recebeu da Organização Mundial da Saúde o certificado de eliminação da doença. Embora não haja circulação do vírus no Brasil, neste ano 16 países registraram casos de paralisia infantil, sendo que, em três deles, a doença é considerada endêmica: Afeganistão, Nigéria e Paquistão.