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O ator Marcelo Rodrigues descobriu que rende melhor à noite e já chegou a dormir às 6 horas da manhã | Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
O ator Marcelo Rodrigues descobriu que rende melhor à noite e já chegou a dormir às 6 horas da manhã| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

Cronotipos

Veja em qual tipo você se encaixa:

- Matutino: prefere acordar cedo e fica sonolento passado seu horário de dormir, por volta das 21 horas. Atinge o horário de pico da temperatura corporal (entre 17 e 18 horas), no qual apresenta melhor desempenho em atividades esportivas e intelectuais.

- Vespertino: atinge o melhor desempenho por volta das 19 ou 20 horas. Prefere dormir tarde e tem dificuldades para acordar pela manhã. Devido à rotina, tende a dormir menos do que precisa e, por isso, cochila mais du­ran­te o dia.

Para compensar as horas de sono perdidas, acorda mais tarde nos fins de sema­na.

- Intermediário: seu horário de pico de temperatura está entre o horário do matutino e do vesper­tino. É mais flexível a mudanças.

- Extremos: não conseguem se adap­tar aos horários. As extrema­mente ma­tutinas se deitam por volta das 20 horas e acor­dam de madru­gada, e as extre­ma­men­te vesper­tinas, não con­se­guem dormir antes das 6 da ma­nhã. Se os hábitos provocam pro­ble­mas de saú­de ou atrapalham a roti­na, são consi­de­rados síndro­mes: da fase adian­­tada ou da fase atra­sada de sono.

Fonte: Claudia Moreno, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP e uma das integrantes do Grupo Multidisciplinar de Desen­volvimento e Rit­mos Bio­lógicos da insti­tuição.

Você se sente sonolento no trabalho ou tem dificuldades para dormir à noite? Já experimentou algum tipo de confusão mental e dores de cabeça sem explicação? Se a resposta foi sim, talvez você esteja contrariando seu relógio biológico e suas necessidades fisiológicas. Mais do que preferência ou preguiça, essas variações são genéticas, determinadas pelos chamados genes-relógio. Os especialistas ainda não identificaram quais são esses genes nem como são transmitidos. O estudo da cronobiologia, intensificado na década de 1960 e trazido ao Brasil 20 anos depois, mostrou que as necessidades das pessoas são diferentes, apesar dos padrões de horários da sociedade. "Em geral, a espécie humana é diurna e reserva a noite para o descanso. Mas isso não quer dizer que a rotina sirva para todos", explica Claudia Moreno, pro­­fessora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Pau­­lo (USP) e integrante do Grupo Multidis­ciplinar de Desenvol­vimen­­to e Ritmos Biológicos da instituição.

Variações do corpo e da rotinaAo longo do dia, o corpo passa por variações na produção hormonal, temperatura e no funcionamento dos órgãos. "O organismo não é constante. No fim da tarde, a temperatura corporal chega a 37 graus C. Quando dormimos, ela cai abaixo de 36 graus C. Saber disso é importante para poder fazer diagnósticos corretamente, usar melhor os medicamentos e realizar certas atividades", conta o coordenador do laboratório de cronobiologia humana da Univer­sidade Federal do Paraná (UFPR), Fernando Mazzilli Louza­da, que também é professor do Departa­mento de Fisiologia. "À noite a produção de melatonina no corpo aumenta, causando alterações que levam a pessoa a dormir, na atividade cerebral, do fígado e dos rins."

Pessoas que trabalham à noite podem se adaptar ao horário de trabalho após três ou quatro semanas. O problema é quando a rotina é quebrada. "No dia de folga, esse funcionário quer conviver com a família, interagir", explica Louzada.

Adaptação não é imediata

A professora Claudia Moreno afirma que o corpo tem uma plasticidade, para se adaptar à mudança de horários, mas ela não é imediata. "Não acontece se a pessoa está dessincronizada, acordando e dormindo sempre em horários diferentes." Além das consequências a curto prazo, como sonolência e dificuldade para dormir, a falta de adaptação traz prejuízos a longo prazo. "A falta de sono vira um fator de risco: aumentam as chances de desenvolver doenças cardiovasculares, problemas psíquicos, especialmente a depressão, gastrointestinais e distúrbios de sono. No caso de mulheres, pode diminuir as chances de engravidar e aumentar o risco de aborto espontâneo", explica.

Para descobrir o cronotipo, é preciso prestar atenção aos hábitos e reações do corpo. "Se não há problemas de saúde, doenças, a pessoa não precisa procurar um médico. Basta res­­peitar as necessidades, perceber que o sono é uma delas e tentar mu­­dar a rotina fisiológica", afirma Claudia.

PROBLEMA

Dificuldade para dormir e acordar

A hora de acordar é um grande problema na vida do ator Marcelo Ro­­dri­­gues, de 31 anos. Só não é pior do que a hora de dormir. "É o momento mais tenso do meu dia.

Se tenho um compromisso na manhã seguinte, então, a tensão aumenta. Penso que preciso dormir cedo e não consigo", revela.

Antes da faculdade, não via o hábito como problema, porque, apesar de detestar acordar cedo para ir à aula, não se incomodava de abrir os olhos às 5 da manhã para jogar futebol. "Por isso não achava que era grave. Era só coisa de adolescente." Mineiro de Frutal, veio para Curitiba há 11 anos, estudar teatro – à noite. A partir daí, passou a se preocupar com o excesso de sono durante o dia e a falta dele à noite. "Cheguei a deitar às 6 da manhã."

Além da dificuldade para dormir, as mudanças de horário também fazem parte da vida de Marcelo.

Os ensaios e apresentações acontecem em diferentes momentos, além do estudo, que faz em casa. O trabalho à noite começa, geralmente, às 18h30, e dura até as 23 horas. Em contrapartida, o grupo do qual faz parte também ensaia pela manhã e se apresenta, esporadicamente, em empresas, que pedem para que cheguem às 5 da manhã.

Qual é seu cronotipo?

Descubra se você é matutino, vespertino ou interme­diário. Responda o questionário elaborado pelo Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos (GMDRB) da Universidade de São Paulo (USP) pelo site www.crono.icb.usp.br/cronotipo

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