A relação do zika com uma doença que causa paralisia aumenta o alerta para mais uma consequência do surto do vírus no país. Pernambuco e Bahia, no Nordeste, confirmaram um crescimento dos casos da Síndrome de Guillain-Barré (SGB), doença autoimune rara, que geralmente se desenvolve após infecções bacterianas e virais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano, no mundo, ocorrem entre um e dois casos a cada 100 mil habitantes.
Tira-dúvidas
Saiba mais sobre a Síndrome de Guillain-Barré:
Causas
Infecções virais ou bacterianas podem desencadear a doença.A causa antecedente mais relacionada com a síndrome é uma infecção gastrointestinal pela bactéria Campylobacter jejuni, que pode estar presente em alimentos.
Sintomas e diagnóstico
A evolução da doença é rápida, mas gradativa. No início, o paciente pode sentir formigamento e fraqueza nas pernas e nos braços. Em 15 dias, a pessoa pode perder os movimentos e a capacidade muscular, mas o cérebro e a medula não são afetados. O diagnóstico médico é clínico, baseado nos sintomas da doença, e com uma análise laboratorial do líquido cefalorraquidiano, que envolve a medula e o cérebro.
Tratamento
O tratamento mais comum é com imunoglobulina, uma substância que bloqueia a resposta excessiva do corpo ao processo inflamatório. O período de internação é variável, pois não há como prever a gravidade da doença. Na maior parte dos casos, o paciente recupera os movimentos aos poucos, com fisioterapia. Há possibilidade de que a síndrome deixe sequelas.
Em dezembro, a OMS emitiu um alerta global em que associava o zika ao aumento de implicações neurológicas, incluindo a Guillain-Barré. Em 2013, com o surto do vírus, a região da Polinésia Francesa registrou que, entre as síndromes neurológicas seguidas da infecção pelo zika, a SGB era a mais comum. No Brasil, o Ministério da Saúde reconhece que o zika vírus pode causar a doença, mas não há dados nacionais de ocorrências da SGB. Um levantamento oficial patina porque a síndrome não é de notificação compulsória, ou seja, seu registro para monitoramento não é obrigatório.
Em Pernambuco, entre janeiro e julho de 2015, foram confirmados 46 casos de SGB. Na Bahia, até 21 de dezembro de 2015, 65 casos foram confirmados. No Rio de Janeiro, a notificação de casos de Guillain-Barré tornou- se obrigatória desde junho de 2015.
“Alguns vírus têm afinidades com o sistema nervoso central quando comparados a outros. Não é exclusivo do zika, com a dengue também há relatos de que a doença leva a quadros neurológicos, mas não com essa frequência”, afirma Carlos Brito, professor da Universidade Federal de Pernambuco e pesquisador colaborador da Fiocruz que conduziu as pesquisas que relacionaram o zika com a síndrome de Guillain-Barré.
Risco de morte
Menos de 10% das pessoas que são diagnosticadas com a Síndrome de Guillain-Barré corem risco de morrer. A evolução da doença autoimune, que é rara, pode causar a paralisia total do corpo, incluindo face e músculos da respiração.
Paralisia
A síndrome afeta os chamados nervos periféricos, que conectam o cérebro com a medula espinhal, responsáveis por enviar os comandos de movimento para o resto do corpo, e se desenvolve quando o sistema imunológico passa a produzir anticorpos contra a bainha de mielina, revestimento que garante o bom funcionamento dos nervos. Se essa estrutura é danificada, a capacidade de realizar movimentos básicos fica comprometida. A evolução da doença pode causar a total paralisia do corpo, inclusive da face e dos músculos da respiração, como o diafragma.
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