Desde muito cedo, Angelina Françolin Vieira aprendeu sobre o valor das relações humanas e como isso pôde trazer sentido a qualquer ato. Involuntariamente, transmitiu isso a seus filhos, netos, colegas e alunos. Com 15 anos, em 1950, ela viu essa lição ganhar forma quando toda a família se mudou de São Paulo para começar uma nova vida no Paraná. Os Françolin deixaram para trás a farta fazenda da família e a dor da perda da filha caçula, Daicy, quando chegaram em Alto Paraná.
No município do Noroeste paranaense, Angelina conheceu Ernani Vieira, jovem que também chegara ao local com sua família de pioneiros. Os dois se apaixonaram, namoraram e, depois de três anos, em 1955, casaram. Da união vieram os filhos Ivonete, Hernani e Wagner. Hernani conta que a mãe carregava a alegria o tempo todo, mesmo passando por dificuldades e tristezas, que eram sempre levadas com o ar de superação.
Com os valores que aprendeu desde cedo e os costumes de sua origem italiana, ela sabia como manter as pessoas por perto, dosando carinho, força e convicção. “De menina mimada, ela virou mulher, mãe, dona de casa, professora, costureira e madrinha de muitas crianças da família e de fora. Ela acolhia a todos”, conta o filho. Segundo ele, Angelina era “intensa em tudo o que fazia” e decidida.
E foi assim que ela ajudou os filhos. Primeiro, incentivou um deles, quando estava com pouco mais de 15 anos, a seguir seu sonho de estudar em Curitiba. Depois, passou a viajar com a filha até Maringá, quando a jovem começou a estudar Engenharia. O percurso de mais de 100 km feito todas as noites não foi feito à toa: além de acompanhar a filha, Angelina aproveitou para fazer a primeira faculdade, licenciatura em Estudos Sociais. “Ela era 21 anos mais velha do que a minha irmã, mas encarou o desafio”, relembra Hernani. “Tinha energia para viajar, estudar e estar refeita para as tarefas como dona de casa e costureira”. Depois de formada, ela continuou os estudos. Fez também licenciatura em História e, mais tarde, em Geografia.
A exemplo dos pais, Angelina valorizou a família na hora de fazer outra grande mudança. Em 1978, deixou novamente tudo para trás e se mudou para a capital. Fez isso para ficar junto dos filhos e manter a família unida, reforçando o valor que aprendeu ainda na infância. “Para ela era suficiente estar todo mundo junto. A gente dava um jeito, juntava as economias. Ela prezava pelo amor e pela convivência”, destaca Hernani.
Em Curitiba, a professora lecionou por muitos anos na escola Doracy Cezarino, no Parolin. O filho conta que ela se aproximou dos alunos e ajudou famílias com realidades difíceis, que conviviam com a violência e o tráfico. “Ela trabalhou para reverter algumas crianças desse caminho, dava motivo para elas irem à escola. Tinha muito prazer em ajudar nisso”. Angelina trabalhou mesmo depois de se aposentar, até quase completar 70 anos. E mesmo depois de parar de trabalhar na rede pública, ela continuou dando o seu jeito para lecionar e ajudar quem precisava. Fazia isso junto com as colegas da Associação das Senhoras de Caridade de São Vicente de Paulo, da Paróquia São Cristóvão, no bairro Guaíra, em Curitiba, onde participava de grupos de oração e de apoio solidário.
A idade ou o tempo de serviço também nunca foram motivos para parar de estudar. Além das graduações, Angelina fez cursos de especialização e de atualização em sua área. Já com mais de 60 anos, viajava até Presidente Prudente para fazer uma pós-graduação. Contava com o apoio dos filhos e do marido, que incentivava e fazia questão de acompanhá-la até a cidade do interior paulista. Ela estendeu a forma de entender o mundo por meio dos livros e das viagens que fazia para matar a saudade ou apenas para conhecer novos lugares do Brasil e do mundo.
Após uma dessas viagens, ao voltar do Mato Grosso do Sul, ela viu agravar uma tosse que parecia inofensiva. O câncer com origem renal já estava começando a comprometer outros sistemas de seu corpo. Ela ainda teve forças para aguentar duas sessões de quimioterapia, mas não resistiu. Angelina faleceu deixando uma lição de fé, alegria e serenidade. Quase no fim da vida, dizia que iria reencontrar Daicy, a irmã que lhe ajudou a mudar seu destino e assim conseguir fazer as mudanças que lhe ajudaram a formar a família que tanto amou. Deixa viúvo, quatro irmãos, três filhos, nove netos e um bisneto.
Dia 3 de janeiro, aos 81 anos, por complicações de um câncer renal, em Curitiba.
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Lista de falecimentos
Alisson de Lima da Silva, 21 anos. Profissão: motoboy. Filiação: Isaías Alves da Silva e Cleide Pacheco de Lima Silva. Sepultamento ontem.
Carmen Kaminski de Abreu, 58 anos. Filiação: Estefano Kaminski e Anastácia Kaminski. Sepultamento ontem.
Carolina Matozo Gusso, 75 anos. Filiação: Lindolfo Matozo Vieira e Vitória Druciak Vieira. Sepultamento hoje, no Cemitério Paroquial São Marcos, saindo da Capela Nossa Senhora do Monte Bérico, no bairro Boa Vista.
Carolina Teixeira, 85 anos. Filiação: Antônio Alves e Ramira de Lima. Sepultamento ontem.
Daniel dos Santos Ortiz, 64 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: Venceslau dos Santos Ortiz e Lindolfina Ortiz. Sepultamento ontem.
Edilamar Guerki, 64 anos. Profissão: do lar. Filiação: Guilherme Guerki e Guiomar Rodrigues Guerki. Sepultamento ontem.
Edílson de Andrade, 47 anos. Profissão: mecânico. Filiação: Juvelino de Andrade e Maria Cândida Nogueira de Andrade. Sepultamento hoje, em local a definir, saindo da Capela Municipal de Palmital.
Edimir Barros Galvão, 39 anos. Profissão: auxiliar de serviços gerais. Filiação: Patricio Barros Galvão e Elza Ronqui Galvão. Sepultamento hoje, no Cemitério Memorial da Vida, em São José dos Pinhais, saindo da Capela Mortuária Uberaba.
Edith Carneiro dos Santos, 96 anos. Profissão: do lar. Filiação: João Ferreira de Souza e Elfrida Ferreira de Souza. Sepultamento ontem.
Eliane Salete Bischoff, 52 anos. Profissão: auxiliar de escritório. Filiação: Midio Bischoff e Inêz Pietrobon Bischoff. Sepultamento ontem.
Elio Ramos Lopes, 85 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Juvenal Ramos Lopes e Belisaria da Silva Ramos. Sepultamento ontem.
Eurico Bueno, 71 anos. Profissão: segurança. Filiação: José Bueno Sobrinho e Maria Aparecida Brustolin Bueno. Sepultamento hoje, no Cemitério Jardim da Paz, saindo da capela número 01 do Cemitério Municipal São Francisco de Paula.
Gil Ross Mendes Alves, 46 anos. Profissão: professor. Filiação: Rui Dias Mendes Alves e Birgit Ross Alves. Cerimônia hoje, no Crematório Jardim da Saudade, em Pinhais, saindo da Capela Mortuária Jardim da Saudade I.
Hélio Klaes, 96 anos. Filiação: Aldo Klaes e Minelvina Infante Klaes. Cerimônia hoje, no Crematório Vaticano.
Jucilene Nolasco Werle, 44 anos. Profissão: empresária. Filiação: José Custodio e Joana Nolasco Custodio. Sepultamento ontem.
Kuniyoshi Tanaka, 76 anos. Filiação: Momikiti Tanaka e Saeko Tanaka. Sepultamento no dia 10 de setembro, no Cemitério Parque Iguaçu.
Leony dos Santos Regnier, 100 anos. Profissão: do lar. Filiação: João Nepomuceno dos Santos e Anna Clara dos Santos. Sepultamento ontem.
Luiz Carlos Sipikoski, 70 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Alexandra Sipikoski. Sepultamento ontem.
Luiz Roberto Celli, 70 anos. Profissão: encanador. Filiação: Luiz Celli e Aracy de Poli Celli. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Água Verde, saindo da Capela Vaticano - Turquesa.
Luíza de Jesus Araújo, 93 anos. Filiação: Antônio Andrade de Oliveira e Custodia Maria Floriana. Sepultamento hoje, no Cemitério Parque Senhor do Bonfim, em São José dos Pinhais, saindo da residência.
Maria da Conceição de Souza Arruda, 102 anos. Profissão: costureira. Filiação: Manoel Camilo de Souza e Clarinda de Farias de Souza. Sepultamento hoje, no Cemitério Vaticano, saindo da Capela Vaticano - Esmeralda.
Maria de Oliveira Vieira, 63 anos. Profissão: do lar. Filiação: Eugênio Sabino de Oliveira e Maria de Jesus Oliveira. Sepultamento hoje, no Cemitério Memorial da Vida, em São José dos Pinhais, saindo do bairro Uberaba.
Mutsumaro Chiguti, 82 anos. Profissão: auxiliar de contabilidade. Filiação: Tokino Chiguti e Takese Chiguti. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Água Verde, saindo da Capela Vaticano - Jade.
Neiva Gomes Delfes, 53 anos. Profissão: do lar. Filiação: Martinho Pereira Gomes e Castorina de Oliveira Gomes. Sepultamento ontem.
Oridia Terezinha do Rosário, 68 anos. Profissão: cozinheira. Filiação: Juventino Rocha do Rosário e Genoefa da Silva do Rosário. Sepultamento hoje, em local a definir, saindo da Capela Berti, em São José dos Pinhais.
Pedro Vitor Wichinhevski, 31 anos. Profissão: supervisor. Filiação: Vitor Wichinhevski e Elisabeth Regina Cunha Wichinhevski. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Boqueirão, saindo da capela número 01.
Rodrigo Faria, 35 anos. Profissão: motoboy. Filiação: Lázaro Bento Faria e Luzia Rodrigues Faria. Sepultamento ontem.
Zilda dos Reis, 60 anos. Profissão: vendedora. Filiação: Benedito Aleixo dos Reis e Benedita Cândida de Jesus. Sepultamento ontem.
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