Durante três décadas, ser refinado, em Curitiba, era sinônimo de ter em casa uma tela comprada na Galeria Nini Barontini ainda hoje um ponto de referência na Rua Saldanha Marinho, próximo à Praça da Espanha. O motivo não se limitava ao acervo formado por telas de Theodoro De Bona, Calderari, Ikoma, Érico da Silva, Massuda, entre outros standards, mas à figura da dona do local, a genovesa Ana Maria Barontini, a Nini. "Ela era uma grife", resume seu caçula, o administrador Sérgio Eduardo Guimarães Filho.O encontro dessa estrangeira com as artes "estava escrito", como se diz. Filha do arquiteto Carlo Barontini especializado na construção de igrejas , cedo conheceu o fausto das catedrais e museus europeus, que tanto marcaram sua formação. O fascínio não cessou nem mesmo nas idas e vindas entre os dois países, no pós-guerra, em companhia dos seus, até se fixar de vez em Curitiba. Autodidata, estudava arte a história e a fatura. Um dia entendeu que podia viver daquilo que tanto amava.
Foi em 1956, quando tinha 21 anos. "Viúva jovem" do também italiano Gino Clemente, e mãe de dois filhos pequenos Rodolfo e Roberto , Nini decidiu fotografar profissionalmente. Pode-se dizer que figura entre as primeiras mulheres num ramo então dominado por homens, inclusive nos liberais redutos de fotoclubistas. A bordo de sua Rolleyflex, virou uma espécie de fotógrafa oficial das festas do Clube Curitibano, em especial os bailes de debutantes.
Seus préstimos eram disputados, o que não é difícil entender. Nini dominava as técnicas de pintura das fotografias, a colorização em sépia, mas também exercitava o melhor da fotografia moderna. "Ela usava luz mais elaborada, os perfis e fugia à caretice do pictorialismo", observa o fotógrafo e curador Orlando Azevedo, que lamenta haver tantos acervos importantes dispersos por aí, incluindo o de Nini. Muitas mulheres têm um retrato feito por ela nos álbuns do passado e sequer imaginam a importância dessas imagens, inclusive para os estudos de gênero.
Intoxicada pelos químicos de revelação, abandonou a fotografia. Mas não tardou a ser assediada pelo mercado de artes plásticas. Na década de 1970, tornou-se a responsável pela galeria da Eucatex, na Rua João Negrão. Esse ofício parecia guardado para ela. Ali, estreitou laços com artistas que acompanharia até o fim, à frente de seu próprio negócio, a partir de 1985. E fez escola. Até então, o mercado de arte de Curitiba estava restrito ao trabalho de Eugênia Petriu, da Cocaco, e de Sérgio Sade, da Acaiaca. Nini se soma a essas personalidades na profissionalização do setor. A cultura local lhes deve um capítulo.
A jornalista Nery Baptista que acompanhou de perto o período lembra que Nini trouxe uma rotina para o mercado de arte: fazia exposições mensais e mostras anuais de seus principais artistas, assim como de nomes de proa, a exemplo de Luiz Carlos de Andrade Lima. Em paralelo, "trabalhava gente nova", como se diz no circuito, apresentando ao público os então recém-chegados Leon Bosko e Cristina Fauquemont, para citar dois. Foi assim que Nini se tornou uma espécie de "clássico" das galerias. Gostava de arte contemporânea, ia a mostras arrojadas, mas relativizava essas definições e vendia o que considerava boa arte figurativa.
Nos anos 1990 e 2000, a concorrência aumentou. Não se afligiu. Manteve-se fiel a seu público e aos artistas com os quais se identificava. Inclusive os que descobriu e apresentou à sociedade como o pintor Celso Coppio, de quem se tornou muito próxima. Para bem representá-los, como cabe a um bom galerista, enfrentava as novas tecnologias. "Estava sempre no tablet, mantinha contatos, trocava informações", lembra o filho, que se surpreendia com a disposição da galerista, com a docilidade e com a determinação de nunca reclamar da vida.
Nos últimos anos, com os percalços da idade, gostava de cuidar do jardim na casa do bairro do Seminário e de rever musicais americanos. Fred Astaire, seu preferido. Deixa o viúvo Sérgio Eduardo Guimarães, três filhos, cinco netos e uma bisneta.
Dia 24 de novembro, aos 79 anos, das complicações de uma septicemia, em Curitiba.
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Adyr Orlando Gonçalves Pereira, 92 anos. Profissão: dentista. Filiação: Levino Gonçalves Pereira e Andreza Carrilho Pereira. Sepultamento ontem.
Agnete Lowen Froese, 91 anos. Profissão: do lar. Filiação: Geraldo Lowen e Katarina Lowen. Sepultamento ontem.
Alaide Bonato Guarise, 87 anos. Profissão: do lar. Filiação: Luiz Bonato e Aguida Strapasson Bonato. Sepultamento ontem.
Alexandre Fabiano José Marchesini, 79 anos. Filiação: Humberto Marchesini e Helena Marchesini. Sepultamento às 11h, no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, saindo da capela 2.
Ana Ferreira Brandino, 78 anos. Profissão: do lar. Filiação: Laurentino Ferreira dos Santos e Josefa Korobinski dos Santos. Sepultamento ontem.
Antônio Faria, 84 anos. Profissão: metalúrgico. Filiação: Simão Faria e Francisca Faria. Sepultamento ontem.
Fernando Engel, 51 anos. Profissão: funcionário público municipal. Filiação: Amilton Heitor Engel e Elena Alice Engel. Sepultamento ontem.
Francisco Silvério, 64 anos. Profissão: lavrador. Filiação: Sebastião Silvério e Maria Tomazoli Silvério. Sepultamento ontem.
Gabriel Henrique Siqueira Marques, 3 dias. Filiação: Regis Juares Marques e Luciana Siqueira Franca. Sepultamento ontem.
Iracy Piovezan Pereira, 80 anos. Profissão: do lar. Filiação: Arcangelo Piovezan e Oricena Pereira de Moraes. Sepultamento ontem.
Irineu Martins de Oliveira, 62 anos. Profissão: policial militar. Filiação: José Cassemiro de Oliveira e Ervira Martins de Oliveira. Sepultamento às 10h, no Cemitério Padre Pedro Fuss, em São José dos Pinhais, saindo do Cemitério Municipal Boqueirão - capela 1.
Leni Costa Munhoz, 59 anos. Profissão: do lar. Filiação: José Ferreira Costa e Maria Soares Costa. Sepultamento ontem.
Lúcia Gulineli Paladino, 91 anos. rofissão: do lar. Filiação: Nino Gulineli e America Panichi. Sepultamento ontem.
Luís Alberto Sueldo, 62 anos. Profissão: eletricista. Filiação: Juan Carlos Sueldo e Emeteria Rojas. Sepultamento ontem.
Luiz Carlos Murbach, 51 anos. Profissão: policial militar. Filiação: Alfredo Murbach e Helena Schmidt Murbach. Sepultamento ontem.
Luíza Vidal Cordeiro, 81 anos. Filiação: Manoel Benevenuto Vidal e Ana Ferreira Benevenuto Vidal. Sepultamento ontem.
Maria José dos Santos Luiz, 63 anos. Profissão: do lar. Filiação: Manoel Soares dos Santos e Olindina Santos. Sepultamento ontem.
Nelly Araújo Lisboa, 89 anos. Profissão: funcionária pública estadual. Filiação: Otávio Gomes Araújo e Alfredina Mourão Araújo. Sepultamento ontem.
Nirta de Souza, 72 anos. Profissão: do lar. Filiação: Pedro Braulio de Souza e Maria Paulina de Souza. Sepultamento às 11h, no Cemitério Paroquial Santa Felicidade.
Osmar dos Santos, 61 anos. Profissão: vendedor. Filiação: José Crescencio dos Santos e Alda Kruger dos Santos. Sepultamento ontem.
Pedro Renato Ribeiro, 61 anos. Profissão: estofador. Filiação: Salvador Gonçalves Ribeiro e Ana Rosa Ribeiro. Sepultamento ontem.
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