Não existe concorrência em dois terços dos municípios paranaenses que contam com cobertura 3G. De acordo com a consultoria especializada em telefonia Teleco, dos 228 municípios que contam com a tecnologia, uma operadora domina o mercado local em 151 deles outras 171 cidades do estado não têm sinal de 3G.
A deficiência na oferta de múltiplos sinais no interior do estado se repete no restante do país praticamente na mesma escala. Entre as 3,4 mil cidades brasileiras que contam com a internet móvel, 2 mil convivem com o monopólio de serviço.
A falta de capilaridade das operadoras deflagra a falta de investimentos no interior do país. No Paraná, os municípios que contam com o serviço das quatro gigantes do setor TIM, Claro, Oi e Vivo estão nos grandes centros urbanos, como Região Metropolitana de Curitiba, Maringá, Guarapuava, Foz do Iguaçu e Cascavel.
Segundo operadoras e especialistas, a falta de infraestrutura de telecom no interior do país e o cronograma apertado para a instalação da rede 4G nas cidades que vão sediar a Copa do Mundo travam o avanço da tecnologia 3G.
"A questão é que antes de instalar as antenas nas cidades é preciso escoar os dados através de uma rede. E isso demanda planejamento e dinheiro. O desafio hoje é aumentar a capacidade de 3G nos grandes centros", afirma o presidente da Teleco, Eduardo Tude.
De acordo com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o cronograma de implantação da tecnologia de terceira geração foi muito elástico e por isso o serviço não é amplamente oferecido em todo o país. "No próximo leilão do 4G, que deve ser feito no primeiro semestre do ano que vem, vamos criar mais obrigações para as empresas levarem a tecnologia para cidades com até 30 mil habitantes", afirma o ministro.
O resultado dessa combinação é o desempenho abaixo da meta das operadoras ao oferecer o sinal da internet móvel. De acordo com a pesquisa trimestral de qualidade da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a média de sucesso no acesso ao 3G no Brasil é de 95%, enquanto a meta estipulada pela agência é de 98%.
Além da deficiência dos investimentos, a inexistência de concorrência colabora para que os serviços se mantenham abaixo da meta. "É uma lógica de mercado. Uma operadora vai priorizar uma praça onde existe concorrência e ela corre risco de perder cliente para as outras empresas", explica o consultor em telecomunicações da InfoTel, Arnaldo Botelho. "Se o sinal estivesse bom nas cidades maiores, o foco dos investimentos poderia mudar, mas não é o que acontece", pontua.
Entrada do 4G interferiu no avanço do 3G, dizem empresas
As empresas alegam que os investimentos em expansão da rede estão acontecendo gradativamente em todo o país.
A Vivo, que conta hoje com a maior cobertura 3G do Brasil, informa que está construindo novas rotas de fibras ópticas pelo interior para poder oferecer o serviço a novas cidades, mas que já atingiu o limite. "Chegamos onde podíamos. O que sobrou são áreas que hoje só são possíveis de atender via satélite. Por isso, estamos construindo rotas para 3G e 4G", afirma o diretor de rede, Leonardo Capdeville.
O diretor de Serviços de Valor Agregado (VAS) da Claro, Alexandre Olivari, concorda. "O fato é que as obrigações de implantação da rede 4G tinham um prazo de lançamento. Então, as empresas tiveram de focar seus recursos nisso", explica. A Oi também pisou no freio. Se em 2012 o avanço no número de municípios cobertos chegou a 155%, a previsão para 2013 é de uma alta de 44%.
Por outro lado, a TIM decidiu acelerar os investimentos. Até dezembro, a meta é chegar com 3G a 990 cidades, o que vai representar 397 novos locais, contra as 105 novas cidades de 2012.