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Comércio eletrônico é o novo “negócio da China”

Molina descobriu os “viciantes” sites chineses há sete anos e já acumula algumas dezenas de itens úteis, e outros nem tanto assim, como jogos, controles e acessórios eletrônicos | Débora Magri
Molina descobriu os “viciantes” sites chineses há sete anos e já acumula algumas dezenas de itens úteis, e outros nem tanto assim, como jogos, controles e acessórios eletrônicos (Foto: Débora Magri)

Quem nunca teve um produto com o selo de qualidade "Made in China", que atire o primeiro celular pirata, o primeiro controle remoto de vídeo game, o primeiro guarda-chuva, o primeiro boneco do Power Rangers, ou o que tiver ao alcance das mãos. Dos camelôs e "lojinhas de 1,99", a infinidade de produtos chineses migrou para a vitrine mundial da internet e é uma febre entre os e-consumidores maringaenses.

"Se um produto existe, está à venda nos sites chineses. Desde os lançamentos eletrônicos mais esperados até a tampinha da pilha de um controle remoto antigo", afirma Murilo Molina, 23, colunista de tecnologia e jogos. Molina descobriu os "viciantes" sites chineses há sete anos e já acumula algumas dezenas de itens úteis, e outros nem tanto assim, como jogos, controles, acessórios eletrônicos.

"Existem muitos sites confiáveis, a variedade de produtos é imensa e os preços são patéticos, de tão baratos. Já cheguei a pagar R$ 30 em um jogo que aqui custava R$ 200. O truque é comprar e esquecer que comprou, porque não dá para contar com prazo de entrega deles", explica. Molina contou que já recebeu produtos em 12 dias, como também após dois meses e ainda com defeito. Ele recomenda guardar arquivos que comprovam o pagamento em caso de reclamações.

O que o produto chinês tem?

Na China, a taxa de câmbio é baixa, o custo de produção é baixo, a remuneração é baixa. Por lá, longas são só as jornadas de trabalho. Esses fatores, conforme aponta a doutora em economia e professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Eliane de Araújo Sbardellati, sempre foram determinantes para que os produtos chineses fossem caracterizados pela abundância, variedade e baixos preços.

A fim de ampliar a competitividade, recentemente os chineses arregalaram os olhos para outro foco: a qualidade dos produtos. "Visando dominar outros setores produtivos, a China estabeleceu 2011 como o "Ano do Reforço à Qualidade das Mercadorias Exportadas", e começou a adotar medidas para aumentar a qualidade dos seus produtos", apontou a economista. Segundo Eliane, todos esses atrativos, somados à facilidade das compras pela internet, popularizaram ainda mais as compras dos famosos "ching lings".

Lá vem a noiva de vestido chinês

Agora, toda a mise-en-scène de encomendar um vestido sob medida, bordado manualmente e com direito a meia dúzia de provas, foi substituído por alguns cliques e uma sequência de dígitos de um cartão de crédito internacional. Esses são os planos da fisioterapeuta Thaís Airam Nelsi, 25, que vai se casar no próximo ano e está prestes a se render aos encantos e descontos de um vestido encontrado em um site chinês.

"Encontrei modelos lindos nos sites chineses, muito semelhantes aos que têm aqui em Maringá. Um vestido que aqui você aluga por R$ 3.000 consegue comprar lá por R$ 600. Até se eu comprar dois vestidos e mandar os dois para fazer ajustes na costureira, compensa muito mais que alugar um aqui", revela a fisioterapeuta. Enquanto não define o modelo que usará no "grande dia", Thaís aproveita os sites chineses para fazer compras de roupas para o dia-a-dia: "Como eu trabalho das 8h às 20h, não dá tempo para sair para fazer compras nas lojas. Pela internet você já escolhe entre milhares de peças, compra e paga em dois toques", explica.

Quem apresentou as facilidades dos sites chineses para Thaís foi a amiga Suyane Hahn, 25, que já é fã de carteirinha do e-commerce chinês. "Todo mês compro alguma coisinha diferente. Compensa muito, um cardigã que aqui em Maringá custa uns R$ 100, nos sites eu pago R$ 15. E tem gente que faz a mesma coisa e revende no Facebook por R$ 60." Ela revela que na hora de escolher uma roupa, dá preferência às que já receberam comentários de outros consumidores, e procura pedir a recomendação das amigas para ter certeza se um site é confiável.

Popularização do e-commerce

Suyane indicou os sites para Thais, que indicou para a amiga Eliane, que já indicou para outras amigas. Assim, o "negócio da china" se multiplica pelo mundo. De acordo com o eMarketer, instituto especializado em pesquisas de mercado, o e-commerce mundial fechará este ano com cerca de 1,3 bilhão de e-consumidores, sendo que 44% estarão localizados na região Ásia-Pacífico. A China concentrará a maior parte deles, com 269,4 milhões. Para 2018, a previsão da PayPal, líder mundial de pagamentos online, é que as operações de compra e venda on-line entre Brasil, China, Austrália, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos irão alavancar de US$ 105 bilhões em 2013 para US$ 307 bilhões.

Riscos de comprar:

O gerente do Procon de Maringá, João Luiz Regiani, recomenda aos consumidores que não adquiram produtos de sites que não têm base no Brasil, pois em casos de sites internacionais não é possível ter a proteção da lei, e os riscos de serem lesados aumenta. Regiani alerta a população para a necessidade de verificar os termos de uso e a política de privacidade dos sites, bem como conferir se está exposto o nome jurídico da empresa, o CNPJ e endereço da sede para facilitar a solução de eventuais problemas.

O auditor da Receita Federal Edmilson Marques esclarece que só serão isentos de impostos livros, jornais e periódicos impressos em papel, medicamentos, e encomendas vindas do exterior que não ultrapassem o valor de US$ 50 (cinquenta dólares americanos) desde que sejam transportadas pelo serviço postal, e que o remetente e o destinatário sejam pessoas físicas. Encomendas que não se encaixam nesses critérios, serão tributados em 60% sobre o valor da nota fiscal do produto, mais o valor do frete.

Dicas dos consumidores:

- Para diminuir o risco de ter a mercadoria taxada, é recomendado não comprar vários itens juntos para evitar embalagens grandes e produtos que, somados, têm valor superior a US$ 50.

- Muitos sites oferecem a possibilidade de colar sobre a logo da empresa (imprensa na embalagem), um adesivo escrito "gift" (presente em português). Esse serviço, que custa poucos centavos, pode evitar que a mercadoria seja taxada.

- Caso sua mercadoria seja taxada pela Receita Federal, a encomenda ficará retida nos Correios e um aviso será entregue em sua residência para o comparecimento do destinatário para o pagamento da taxa e retirada do pedido.

- Guarde arquivos que comprovam o pagamento do produto em caso de reclamações.

- Fique de olho nas medidas das roupas, pois como as chinesas têm o manequim menor, consequentemente a numeração das peças também é menor. Ou seja: o "M" delas costuma ser o nosso "P".

- Muitos sites chineses oferecem frete grátis. Procure comprar através desses sites, pois o valor do frete pode ultrapassar toda a economia que teve na compra dos produtos.

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