A curitibana Quantum teve uma dupla comemoração na última semana. Completou um ano de existência, no mesmo momento em que traz para o mercado um novo smartphone, o terceiro modelo de seu portfólio. Batizado de Quantum Fly, o aparelho é um passo importante para a consolidação da marca, que tenta mirar em um novo perfil de público, mais exigente e disposto a gastar mais.
Abaixo, confira os principais pontos que você deve considerar antes de adquirir (ou não) um Quantum Fly:
Intermediário ou high end?
Os executivos da Quantum têm sido bastante “ambiciosos” na maneira como tentam posicionar o novo smartphone. No material de divulgação do aparelho e no evento de lançamento, a marca faz questão de destacar que o Quantum Fly é um produto high end (jargão usado para o segmento de aparelhos top de linha das marcas) e não intermediário. Para reforçar a tese, a Quantum mostra tabelas em que compara as configurações do Fly com o iPhone 6 (Apple), G5 (LG) e Galaxy S6 (Samsung), entre outros.
O principal ponto a favor do Fly, defende a marca, é que o celular oferece um desempenho no mesmo patamar (ou até melhor) desses concorrentes, mas pela metade do preço. Faz sentido? Em parte. As configurações do smartphone são de fato acima da média do segmento intermediário, assim como seu design; por outro lado, um top de linha como o iPhone 6 ainda tem mais recursos e um melhor acabamento, e qualquer comparação, neste sentido, parece ser mais uma jogada de marketing do que uma disputa justa.
Até por mirar em um público diferente dos “Apple maníacos”, a Quantum talvez tivesse mais a ganhar ao destacar a diferença entre o Fly e outros modelos intermediários que saem pela mesma faixa de preço: aí sim a diferença em termos de configurações e visual salta aos olhos e faz bastante sentido.
Qual é a “pegada”?
A Quantum não é boba e, ao preparar o novo smartphone, apostou boa parte de suas fichas no design do aparelho – afinal, esse é o primeiro quesito que é percebido por qualquer consumidor que coloca as mãos em um celular ou vê imagens na internet. A aposta deu certo. O Quantum Fly tem sim, neste sentido, cara de aparelho high end. É um celular com visual refinado, elegante, sem firulas, que se destaca em qualquer mostruário.
O aparelho tem bordas curvas, acabamento metálico e nenhum botão aparente na parte frontal. É bastante fino (0,75 cm de espessura) e leve (140 gramas) a ponto de parecer frágil até (vale garantir uma capinha ou película). Na parte de trás, uma surpresa interessante: um sensor de impressões digitais, que permite, por exemplo, desbloquear o aparelho apenas passando a ponta do dedo por ali.
“Bonito” é um adjetivo deveras subjetivo, mas que se aplica muito bem ao Fly.
O tal “deca-core” faz diferença?
Outro diferencial destacado pela Quantum é o processador da Media Tek deca-core – o que significa que ele tem dez núcleos de processamento. Além disso, o Fly vem com 3 GB de memória RAM e 32 GB de espaço interno.
É um conjunto que pode não significar muita coisa para quem usa o celular de forma ocasional, fazendo ligações e checando redes sociais vez ou outra. Mas que faz toda a diferença para o usuário “hardcore”, que costuma deixar 10 aplicativos abertos ao mesmo tempo e gosta de jogar games com visuais potentes, que exigem bastante do aparelho.
A configuração permite que a navegação pelo celular seja bastante rápida e fluida, sem travamentos, lentidão ou bugs, mesmo depois que o smartphone estiver lotado de aplicativos e arquivos. E que também estende um pouco a vida útil da bateria, já que os processadores são acionados individualmente conforme o tipo de uso (apesar de que jogar Pokémon Go vai torrar sua energia em poucas horas, do mesmo jeito).
Outro aspecto importante em qualquer celular, as câmeras são competentes, mas parecem ser o quesito mais fraco neste trio principal formado por design-processador-câmera. Em condições ideais (ambiente bastante iluminado, objeto totalmente imóvel, etc), o resultado é satisfatório, mas longe de ser surpreendente.
A câmera traseira tem 16 MP e a frontal, 8 MP, com flash – as selfies são de fato o ponto alto, permitindo imagens bem balanceadas, coloridas e definidas (sem aquele aspecto “lavado” comum em muitas câmeras frontais). A Quantum afirma que o celular possui uma tecnologia chamada Quantum Resolution, que usa “sofisticados algoritmos de processamento” para simular uma câmera de até 24 MP. Colocando as fotos lado a lado, no entanto, a diferença é bastante difícil de distinguir pela tela do celular.
Afinal, é da Positivo ou não?
Ao mesmo tempo em que compete com gigantes multinacionais, a Quantum precisa driblar a desconfiança de alguns consumidores em relação à procedência da marca. Afinal, trata-se de uma espécie de spin-off da paranaense Positivo Informática, conhecida de grande parte dos usuários por ser uma fabricante de computadores de baixo custo e que também atua no ramo de celulares.
Sim, a Quantum faz parte da Positivo Informática e seus celulares são fabricados na mesma linha de produção de outros aparelhos da companhia. Ao mesmo tempo, é preciso deixar claro que a Quantum funciona como uma unidade de negócios independente, com autonomia para decidir que tipo de especificação e produto quer trazer para o mercado. Óbvio que a estratégia da Positivo de lançar uma nova marca levou em consideração esse “pé atrás” de alguns consumidores, mas não se trata de uma mudança somente no papel – tanto que os aparelhos da Quantum têm especificações e acabamento bem acima de qualquer outro celular lançado pela marca Positivo.
Dá pra encontrar fácil?
Aqui está um detalhe que precisa ser levado em consideração se você quer trocar seu celular neste exato instante. O Quantum Fly está sendo vendido apelas pela internet, no site oficial, ou em quiosques espalhados em shoppings (em Curitiba, há um no Shopping Mueller). Ou seja, ao contrário de outras marcas, você não vai encontrar o aparelho em qualquer loja de departamentos.
Além disso, o primeiro lote do Quantum Fly esgotou na internet e a marca ainda não deu previsão de quando um novo lote estará disponível – é possível se cadastrar no site para ser avisado. O fato do estoque ter acabado em menos de 24 horas é um bom sinal de interesse dos consumidores (apesar de que provavelmente nunca saberemos se havia apenas centenas ou milhares de aparelhos no lote), mas também é um ponto de atenção, que pode dificultar o acesso ao smartphone ao longo do tempo.
Vale o preço?
O Quantum Fly foi anunciado por R$ 1.299, mas esse é um “preço especial de lançamento”, apenas para compras no boleto à vista. O preço regular, que pode ser parcelado em até dez vezes, é de R$ 1.499.
Considerando o design do aparelho e suas especificações, é preciso reconhecer que o celular tem um ótimo custo-benefício. O popular Moto G4, por exemplo, sai por R$ 1.299, mas tem 2 GB de memória RAM, 16 GB de espaço, câmera traseira de 13 MP e frontal de 5 MP.
Já a Samsung acabou de trazer ao Brasil o modelo Galaxy A3, com processador quad-core, 1.5 GB de RAM, 16 GB de espaço e câmeras com a mesma especificação do Moto G4 – o preço é de R$ 1.399. Mesmo valor, aliás, do Zenfone 2, da Asus, que tem 4G de RAM (acima do Fly), mas sai atrás em espaço de armazenamento (16 GB) e conjunto de câmeras (13 MP e 5 MP).
Ou seja, as concorrentes têm motivos de sobra para se preocuparem, já que há uma diferença clara entre as especificações (a favor do Quantum Fly), apesar dos preços serem muito semelhantes. É esperar pra ver qual será, agora, a resposta das “grandes”.