Para muitas pessoas, esperar um computador inicializar é um tempo perdido tamborilando com os dedos, fazendo um café ou observando a grama crescer. A demora se deve à inicialização do disco rígido, que precisa despertar e recuperar todos os dados armazenados.
Existe uma maneira mais rápida de inicializar. Unidades em estado sólido (ou SSD, da sigla em inglês), que são feitos de microchips e não possuem peças móveis, cortam facilmente o tempo de iniciar pela metade. E a abertura de aplicativos ocorre num piscar de olhos, assim como recuperar documentos, imagens e filmes.
O problema (tinha de haver um) é que unidades em estado sólido custam dez vezes mais do que discos rígidos, gigabyte por gigabyte. Mas o custo representa um quinto do que era há três anos, quando essas unidades se tornaram amplamente disponíveis. Com os preços baixando, mais usuários de computadores estão comprando unidades em estado sólido, achando que o aumento de desempenho e produtividade vale a despesa extra.
"É uma daquelas coisas que quando você compra, nunca mais volta atrás", disse Doug Crowthers, de 37 anos, gerente de qualidade de uma empresa de impressão em Lynchburg, Ohio. Entusiasta dos computadores e viciado em games, Crowthers está em seu segundo SSD, tendo comprado uma unidade de 80 GB para seu computador desktop em 2009 e atualizado para um de 240 GB em fevereiro. "Substituir um disco rígido por um SSD é como trocar um Fusca por uma Ferrari", afirmou.
Discos rígidos são pilhas de discos revestidos com material magnético, que giram sobre um eixo, como um antigo disco LP. Mas em vez de uma agulha, há pequenos cabeçotes que se movem para frente e para trás sobre os discos para ler e gravar dados. Unidades em estado sólido não possuem peças móveis, portanto não existe a espera pelos discos girarem ou pelo movimento dos cabeçotes para executar comandos.
Unidades em estado sólido são também mais silenciosas do que os discos rígidos e não consumem tanta energia, o que prolonga a vida da bateria. Os SSD também geram menos calor, o que pode fazer os computadores funcionarem sem esquentar.
Além disso, as unidades em estado sólido não são tão suscetíveis a falhas após empurrões ou pancadas porque, mais uma vez, não existem discos girando ou frenéticos cabeçotes pairando, perigosamente, à distância de um fio de cabelo.
Vendas em alta
O SSD já existe há décadas, mas a tecnologia para torná-los práticos e economicamente viáveis não apareceu até 2008, quando fabricantes como Intel, Toshiba, Samsung, Kingston, Corsair e OCZ começaram a vendê-los a cerca de US$ 10 por gigabyte. Embora os preços tenham diminuído,um SSD hoje custa aproximadamente US$ 2 por GB, contra meros 20 centavos para um disco rígido.
Por exemplo, um modelo de 64 GB da Samsung (modelo MZ-5PA064) custa em média US$ 112.
Mesmo assim, as vendas de unidades em estado sólido têm sido incríveis, conforme relatou Jeffrey Janukowicz, analista da International Data Corp., empresa de pesquisa de mercado tecnológico em Framingham, Massachusetts.
Segundo ele, a receita no ano passado subiu 150 por cento em relação a 2009, atingindo US$ 1,3 bilhão. Ele espera dobrar as vendas neste ano.
A Intel, líder do mercado, começou a produzir unidades em estado sólido porque os discos rígidos não estavam acompanhando o crescente ritmo de seus processadores. Enquanto os processadores Intel haviam se tornado 175 vezes mais rápidos na última década, os discos rígidos haviam elevado sua velocidade apenas 1,3 vezes, afirmou Troy Winslow, diretor de marketing de produto da Intel. "Isso causou um gargalo de sistema que o SSD resolveu, para que os usuários pudessem obter mais de seu investimento em microprocessadores".