Depois de enfrentar uma crise econômica e emocional, com a morte do marido, em 2004, e a perda de bens materiais no decorrer dos anos, Ana Laura Queiroz sentiu o peso da tristeza, mas não se deixou abalar pelas dificuldades. “Com tantas mudanças, eu me dei conta que, depois dos 60 anos, precisava recomeçar a minha vida e entendi que nunca é tarde para realizar sonhos”, revela.
Ana ficou conhecida como “vovó mochileira” depois que vendeu a casa em que morava em São Paulo, os móveis e o carro e reduziu todas as despesas para seguir atrás de uma aventura: conhecer o Brasil de mochila nas costas e gastando pouco. Traçou um roteiro, a começar por uma cidade que já conhecia, Belém do Pará, para ganhar segurança no início do trajeto. Foi então que passou um ano viajando por cidades desconhecidas. Foram 48.245 quilômetros percorridos, 26 estados (além do Distrito Federal) e 120 cidades, no período que durou entre 2016 e 2017.
Para a aventura, ela contou com o apoio emocional dos dois filhos, hoje com 35 e 36 anos. Hoje, Ela também é avó de um menino de pouco mais de um ano e conta com felicidade que saber que os filhos estavam bem e torcendo por ela foi fundamental para viver a experiência.
Manter-se conectada para escrever e conversar com os filhos à distância, aliás, foi fundamental para ficar tanto tempo viajando, mas fazer novos amigos e conhecer pessoas das mais diferentes culturas alimentava diariamente o ânimo da aposentada.
“Eu sempre quis viajar, mas nunca tive oportunidade. Vender minha casa para pagar as dívidas, ficar sem carro e saber exatamente o quanto eu poderia gastar com a pensão que recebo me deu segurança para fazer esse projeto”, diz. O resultado está no livro “Venha Sonhar Comigo”, vendido pela Amazon.
Pouca bagagem, muita experiência
Na bagagem, ela conta que levou apenas uma mochila nas costas, que virava uma mala de rodinhas, e uma bagagem de mão, em que estava o computador, a máquina fotográfica e os itens de primeira necessidade. Na mala, poucas roupas: apenas quatro calças compridas que, quando ficavam muito puídas, ela jogava fora e comprava outras em lojas populares, 10 camisetas, um casaco de frio, roupas íntimas e duas peças mais “chiques” que usava quando queria conhecer um lugar que exigia um traje mais requintado. Lavava peças em banheiros dos hotéis e hostels em que ficava.
Durante um ano, ela conheceu os 26 estados do país e o Distrito Federal. Ao todo, foram 120 cidades percorridas. “Eu listei como 117, mas foram mais porque em algumas vezes me perdi. Comprava passagens para um lugar pensando que era outro”, diverte-se. Mas nenhum percalço foi motivo de desespero e mesmo a questão da segurança foi tranquila durante o trajeto.
“Eu tinha algumas regras, chegava em um lugar e procurava o órgão de turismo responsável ou a Polícia Militar. Perguntava qual lugar eu não poderia ir de jeito nenhum e seguia aquilo à risca”, conta. ”O perigo está em todo lugar, a gente não pode se apegar a isso para deixar de fazer as coisas”, acredita.
Cultura e aprendizado
Além disso, ela contou a hospitalidade dos moradores, que sempre que sabiam o projeto que ela estava realizando, davam muito apoio. Isso a ajudou a economizar em restaurantes, provando comidas típicas, por exemplo, e até a ganhar carona de famílias que estavam indo de uma cidade a outra.
Ao final do mochilão, Ana Laura passou um ano em Bertioga, no litoral de São Paulo, para finalizar o livro. Agora, aos 67 anos, está morando no Guarujá e fazendo check ups para se preparar para uma nova aventura: " O Brasil eu já conheço, mas quero mais. Quero conhecer toda a América do Sul e parte da América Latina", revela.
De todas as cidades por onde passou ela lembra Alter do Chão como uma das mais belas e inesquecíveis. “Mas todas têm as suas peculiaridades”, diz. O trajeto foi feito de avião, ônibus, carro, navio pau de arara e até de mototáxi, para ir de uma cidade a outra pagando menos.
O conhecimento adquirido durante a experiência também foi um aprendizado incrível: “minha mentalidade foi se modificando em relação às coisas materiais. É possível viver sem casa própria, sem carro. É uma questão de costume”. Em todo a aventura, ela gastou exatos R$ 47.875, 20. Tudo registrado em uma planilha de gastos que permitiu que ela se organizasse durante toda a viagem e já pudesse pensar na próxima. "Devo voltar a viajar em breve", espera.
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