
A Comissão de Análise da Tarifa do Transporte Coletivo entregou ontem o seu relatório final com 106 recomendações para reduzir os custos do sistema e, assim, o preço da passagem de ônibus de Curitiba e região. Entre elas, auditorias nas contas e contratos do setor; revisão de parâmetros a cada quatro anos; tarifas técnicas diferenciadas, verificação do equilíbrio da Rede Integrada de Transporte (RIT) e até avaliação, pelo Ministério Público, da movimentação financeira das empresas do transporte coletivo. O relatório traz em 750 páginas o resultado de quatro meses de análises e discussões de diversos representantes da sociedade.
Cada uma dessas recomendações será enfrentada individualmente. "É preciso identificar irregularidades e julgá-las, mas sugerimos ao prefeito Gustavo Fruet que isso seja feito antes do próximo reajuste tarifário", disse Roberto Gregório da Silva Júnior, presidente da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), que gerencia o sistema. Ele também sinalizou que entidades interessadas poderão participar do processo de investigação. Afirmou ainda que é possível sim baixar o preço da passagem. "Existem sinalizações de que a tarifa pode ter uma redução. Mas, neste momento, não há como precisar um valor", ressaltou.
Para um dos representantes da Plenária Popular do Transporte, Lafaiete Santos Neves, os contratos são a verdadeira "caixa-preta" do sistema. "Os parâmetros de cálculo foram desenvolvidos em 1980. O valor da tarifa atual poderia ser de R$ 2,40", disse ele, que também integrou a comissão.
Seriedade
A Frente de Luta pelo Transporte Público de Curitiba, responsável pelas manifestações que levaram mais de 15 mil pessoas às ruas da capital, acompanhou a entrega do relatório.
Para a representante Letícia Camargo, agora está nas mãos da prefeitura levar a investigação a sério. "O Executivo municipal precisa mostrar que está comprometido a rever as licitações. Nós continuaremos indo às ruas e reivindicando o congelamento do valor da passagem em R$ 2,60", disse.
TCE vai passar a limpo as contas da Urbs
O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE) anunciou ontem que vai fazer uma auditoria na planilha de custos da Rede Integrada de Transporte, que serve Curitiba e mais 13 municípios da região metropolitana. Segundo o órgão, também serão auditadas as contas da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), que gerencia o sistema. O TCE informou ontem que o prazo máximo para conclusão dos trabalhos é de 70 dias. Entre os pontos a serem avaliados estão a relação de custo por quilômetro dos ônibus, reajustes, subsídios e aplicações financeiras.
Os trabalhos serão coordenados pelo advogado Cláudio Henrique de Castro, diretor da Diretoria de Execuções do TCE, que chefiará a equipe que conta com a participação dos analistas Antonio Tomasetto Junior, Ronald Nieweglowski e Vitor Hugo Steinke. A expectativa é que a auditoria siga até setembro.
O presidente da Urbs, Roberto Gregório da Silva Júnior, disse que vê com bons olhos a iniciativa do TCE e garantiu que o relatório divulgado ontem pela Comissão de Análise da Tarifa do Transporte Coletivo estará à disposição de qualquer entidade que demonstrar interesse. "Quanto mais pessoas estiverem conosco, melhores resultados teremos na luta por transparência e por uma tarifa justa", comentou.



