Sem asfalto, esgoto, energia elétrica ou qualquer outra estrutura, cerca de 1.300 pessoas vivem em cinco ocupações irregulares em Londrina. O número é do Programa Saúde da Família (PSF). São cinco as invasões: Nossa Senhora Aparecida, na zona norte, ao lado do Jardim São Jorge; Morro do Carrapato, na zona leste, atrás do Monte Cristo; Vila Feliz, na zona leste, próximo à Vila Fraternidade; Favela Colosso, na zona oeste, próximo ao Ribeirão Quati; e Jardim Cristal, na zona sul.
Dez dias atrás, moradores do Morro do Carrapato ficaram no escuro, depois que a Copel cortou o "gato" - ligação clandestina na rede de energia elétrica. Na região, vivem cerca de 290 pessoas. Segundo a dona de casa Priscila Martins, 20 anos, os moradores do Morro do Carrapato se cotizaram para comprar cabos necessários para fazer a ligação. "A gente tem um baita prejuízo, já cortaram a nossa luz umas dez vezes. A gente não queria fazer o gato, queria pagar pela energia, mas não instalam um poste pra gente", protestou. Os serviços só podem ser oferecidos se a área for regularizada.
O morro é uma pequena elevação de terra, sobre a qual se distribuem barracos de madeira. Na paisagem, há criações de porcos e montes de lixo reciclável. A maioria dos moradores trabalha como servente de pedreiro ou na coleta de recicláveis.
A água também é obtida a partir de ligações clandestinas na rede da Sanepar ou em minas. Mas a situação já foi pior. Quando a família do catador Aléssio Bruno, de 45 anos, chegou ao Morro do Carrapato, três anos atrás, o local estava tomado por mato, árvores e micuins - pequenos carrapatos. "Eu morava no Monte Cristo, meu filho casou e não tinha onde ficar, então a gente veio para cá. Isso aqui era uma quiçaça, cheio de colonião e muito bicho solto, cheio de carrapato", disse. Todo mundo da família pegou carrapato.
Valdinei Izidoro, de 31 anos, foi o primeiro a ter a idéia de que a quiçaça pudesse ser habitável. "Eu morava de favor no Monte Cristo, mas precisava de um canto meu. Peguei um terreninho e fiz uma casinha que nem de índio. O dono do terreno veio aqui falar comigo, disse que aqui podia ficar, mas que não era para ir para os lados da plantação", disse o catador de recicláveis. Segundo ele, o proprietário possui uma outra área ao lado onde cultiva soja.
O JL não conseguiu contato com o dono do terreno.
Moradores esperam regularização, mas Cohab nega
A esperança dos moradores de ocupações irregulares é que as áreas sejam compradas e loteadas pela Companhia de Habitação (Cohab). Entretanto, explicou o presidente da companhia, Rosalmir Moreira, não é pelo fato de os moradores viverem em condições precárias que o processo de regularização será mais célere. "Resolver o problema de quem ocupa terrenos particulares seria uma maneira de incentivar a ocupação", afirmou Moreira.
A invasão, no entanto, foi a forma que Lodir Gonçalves Mendes, de 51 anos, encontrou para garantir o sonho da casa própria. Há 12 anos, ele mora no Jardim Cristal (zona sul). O local recebeu principalmente moradores do Jardim Santa Joana, localizado na mesma região, que pagavam aluguel ou viviam de favor. "Um vereador foi lá chamar a gente para vir para cá. A gente veio e construiu barraco de lona. Com o tempo, o pessoal foi construindo", disse. A área pertencia a Loteadora Tupy, que a vendeu para a Cohab.
O bairro foi urbanizado e as ruas receberam asfalto. Mas a casa de Lodir está numa área que, por ser próxima ao fundo de vale, não foi regularizada. "Falta o asfalto e esgoto, mas aqui tem coleta de lixo, agente de dengue, energia, telefone, os médicos da Prefeitura. Tem tudo o que precisa", disse.
Bairro vizinho fica sem iluminação
Para evitar que os moradores do Morro do Carrapato refaçam os gatos, a Copel acabou prejudicando os moradores do bairro vizinho, o Jardim Monte Cristo. Foi retirada a iluminação pública da Rua José Ferreira da Silva, principal via do bairro por onde passam os ônibus. "A gente paga taxa de iluminação, mas cadê a luz do poste? No claro é perigoso, imagina no escuro", reclama Geraldo Pereira dos Santos, 52 anos, que mora no Monte Cristo. A assessoria de imprensa da Copel informou que a iluminação pública não será religada para evitar os gatos.
Famílias são atendidas pelo Município
Segundo a Secretaria Municipal da Assistência Social, cada comunidade carente recebe atendimento de acordo com as suas particularidades. São servidores do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) que fazem o levantamento dos moradores assistidos há 13 Cras em Londrina. "Nós não fazemos avaliação do mérito a respeito da situação de irregularidade. São grupos que se encontram em situação de vulnerabilidade e risco social", afirmou Edsônia Jadma de Souza, assessora técnica da secretaria.
Além dos programas de transferência de renda federais e municipais, as famílias podem ser incluídas no cupom alimentação, benefício da Prefeitura que varia de R$ 35 a R$ 50, concedido com base em um plano de acompanhamento da situação familiar. De posse dos cupons, a família faz compras de alimentos no comércio. É o substituto da cesta básica.
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