Mais moradores
Centro cresce e surpreende
Contrariando a tendência histórica, o Centro de Curitiba registrou crescimento populacional de 14,3%, segundo o IBGE. Entre 2000 e 2010, a população passou de 32,6 mil para 37,3 mil habitantes. "O Centro vinha perdendo população e isso era ruim", diz o professor de Planejamento Urbano e Tegional da UFPR Luís Henrique Fragomeni, que destaca os esforços de modernização e novos investimentos.
"É um dado positivo. Em grandes cidades do Brasil, o Centro esvaziou. Tem um movimento intenso durante o dia e à noite virou deserto dominado por bandidagem", afirma o professor do Departamento de Geografia da UFPR Francisco de Assis Mendonça. Para ele, o crescimento em Curitiba foi fruto da política de revitalização da área central como opção à moradia. No entanto, aponta, a população precisa crescer mais. "À noite são áreas de medo, totalmente desertas."
Duas visões distintas da mesma cidade
Localizado há 19 quilômetros do Centro de Curitiba, na divisa com o município de Araucária, o bairro Campo de Santana, no extremo sul da capital paranaense, foi o que mais cresceu na última década. A expansão demográfica da região é fácil de ser vista. O bairro é um verdadeiro canteiro de obras: são casas, apartamentos, condomínios. Tudo em construção.
Em dez anos, 14 bairros de Curitiba viram sua população encolher. Enquanto a capital paranaense teve um crescimento demográfico de 10% entre 2000 e 2010, esses bairros registraram perdas de habitantes entre 0,7% e 14,2%. Entre eles áreas nobres como Batel, Bigorrilho, Água Verde e Mercês. A maioria tem boa infraestrutura e imóveis valorizados, mas tem em comum uma população que envelhece, gera menos filhos e aos poucos é expulsa pelo avanço do comércio. O Prado Velho lidera a lista de endereços com maior perda populacional.Os dados, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam ainda que Curitiba segue expandindo em direção ao sul. No bairro Campo de Santana, por exemplo, o crescimento populacional quase quadruplicou em uma década consequência principalmente da implantação de conjuntos habitacionais construídos pelo poder público.
Uma população que cresce 270% no Campo de Santana e diminui 14,2% no Prado Velho traz desafios em termos de políticas públicas e diferentes demandas. Nos bairros que crescem há demanda por mais escolas, enquanto nos mais antigos a busca é por equipamentos de lazer e maior atendimento em saúde, principalmente para a terceira idade.
O professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Francisco de Assis Mendonça observa que no extremo sul da capital ocorre o crescimento da população de baixa renda, com pouco investimento público. "Ali quase não tem serviços. O planejamento e acompanhamento do poder público é deficitário", diz. Já nos bairros que perdem população existem ganhos aos moradores que ficam, afirma Mendonça. "Em geral há certa desconcentração, que é compensada pela proliferação de serviços que não existiam no passado."
O supervisor de informações do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Lourival Peyerl, afirma que as novas áreas representam um maior desafio e que o poder público acompanha o fenômeno. "O município está se estruturando para levar todos os serviços que o restante da população já dispõe", diz.
Os que ficam
O professor de Planejamento Urbano e Regional da UFPR Luís Henrique Cavalcanti Fragomeni verifica maior permanência de idosos nos bairros que perdem população. "Moradores antigos decidem permanecer, mas os filhos saem. Aquela estrutura já não os satisfaz."
O Jardim Social, na região norte, por exemplo, é o bairro com maior porcentual de idosos proporcionalmente à população e o sexto em perda populacional. O professor cita ainda o aumento da área do comércio, congestionamentos, violência e degradação dos imóveis como outras causas para a saída de habitantes.
No outro extremo, o Ganchinho, na região sul, tem o maior índice de jovens e é o quarto bairro em ganho populacional. As áreas que ganham população estão localizadas em locais pouco explorados, onde há programas habitacionais sociais e ocupações irregulares, diz Fragomeni. Para ele, a capital irá seguir expandindo para estas áreas, inclusive para a região metropolitana. "Hoje Curitiba muitas vezes é local de saída da população, que também está procurando pelos espaços metropolitanos."
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