A família inteira de Gilberto Barbosa está abrigada provisoriamente em uma igreja em Antonina| Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo

Rodovias

Trafegabilidade nas estradas continua precária

A situação nas BRs 277 e 376, nos trechos que levam ao litoral, ainda é considerada precária, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). De acordo com o órgão, as rodovias ainda estão instáveis e, como há previsão de chuva para esse fim de semana, o risco de novos deslizamentos não está descartado, bem como o de novas interdições na região. A recomendação da polícia é de que apenas aquelas pessoas que têm necessidade de viajar o façam.

O inspetor Wilson Martines, da PRF, explica que a BR-277 está em melhores condições. Como a rodovia está com apenas dois trechos de fluxo seguindo por pista simples, o tempo médio de viagem aumentou em cerca de 30 minutos. De acordo com a Ecovia, concessionária de pedágio que administra o trecho, o motorista vai encontrar trânsito em mão dupla dos quilômetros 29 ao 18 e do 14 ao 12. Mesmo com as restrições, não há registro de lentidão nesses trechos.

Já na BR-376, a situação é mais complicada, de acordo com a PRF. Apesar de a rodovia não operar mais no sistema "pare e siga", como o tráfego flui em pista simples no trecho de serra, entre os quilômetros 663,5 e 672, ainda há registro de lentidão.

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Duas semanas após o desastre ambiental que atingiu o litoral do Paraná, um grupo de 416 pessoas ainda está vivendo em abrigos improvisados em escolas e igrejas. São 329 em Antonina, 46 em Morretes e 41 em Paranaguá, segundo a Defesa Civil Estadual. A presença das famílias mantém as aulas suspensas e impede o reinício das atividades escolares. A orientação das prefeituras é que a realocação dos desabrigados aconteça ainda neste fim de semana para que as aulas possam ser retomadas na segunda-feira. As famílias, no entanto, continuarão sem casa, pois não há previsão de quando serão construídas novas residências. As principais vítimas da tragédia reclamam da indefinição das autoridades e das constantes realocações.Enquanto assistem "quem tem mais sorte" voltar para o lar (após liberação da Defesa Civil) ou rumar para a casa de parentes, os que ficam tentam manter uma rotina e organização, o que não é fácil, uma vez que o entra e sai de pessoas dos abrigos ainda é grande. Nas paredes, cartazes com o horário das refeições, do banho e de dormir tentam conscientizar todos da importância da cooperação.

"Não é fácil. Não é como a casa da gente. Não há liberdade para nada. Eu tento me distrair, não pensar muito, senão fico louca. Isso já deveria ter acabado", desabafa a doméstica Rosiane Se­­verino Nogueira, moradora do bairro Floresta, em Morretes, um dos mais castigados pela chuva.

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Providência definitiva

Assim como Rosiane, mais 45 pessoas (cerca de 15 famílias) aguardam por uma providência definitiva da prefeitura no abrigo improvisado na Escola Mu­­nicipal Desalda Bosco da Costa Pinto, no bairro Marta, que tem 800 alunos. Antes, elas estavam em Paranaguá, no Centro de Aprendizagem e Integração de Cursos(Caic), de onde foram realocadas na semana passada.

Em Antonina, a situação é semelhante. Para evitar "estresse", a palavra usada por praticamente todas as cerca de 200 pessoas que se abrigam na Escola Municipal Gil Ferres, existe um revezamento para lavar os banheiros, preparar a comida e atender as crianças, que ganharam uma cama elástica para passar o tempo.

Muito por causa dessa situação, a ligação com a casa interditada não se desfaz. No bairro Caixa D’água, onde praticamente todas as casas estão interditadas, a população fica em casa durante o dia e retorna ao abrigo à noite. "Temos medo de a chuva chegar e nos pegar dormindo. Mas os homens ainda ficam nas casas, para cuidar dos pertences. As mulheres e as crianças vão para a escola", diz a doméstica Ro­­senilda Batista de Oliveira, cuja vizinha morreu em um deslizamento.

Na Igreja Batista de Antonina, moradores do bairro La­­ran­jeiras, o mais atingido, se dizem impacientes com a falta de respostas. "Queremos saber uma série de coisas: quando vamos ganhar novas casas? E o local? Tem que ter estrutura. Não podemos continuar assim", reclama o funcionário público Gilberto Barbosa, que divide um abrigo com outras 12 pessoas da mesma família.

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Prefeituras prometem fazer casas populares

As prefeituras de Morretes, Paranaguá e Antonina ainda não definiram um local onde as famílias poderão se instalar permanentemente. Mas como as aulas devem retornar na segunda-feira nos três municípios, a solução encontrada foi arranjar um novo abrigo.

Em Morretes, 18 casas foram colocadas à disposição das cerca de 15 famílias que estão no Colégio Municipal Desalda Bosco da Costa Pinto, mas não há definição sobre o tempo que as famílias poderão ficar no novo abrigo. De acordo com o prefeito Amilton de Paula, a prefeitura tem um terreno que pode ser doado, no Jardim das Palmeiras, para a construção de 115 casas pela Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar).

Em Antonina, as famílias deverão ser realojadas para casas da vila operária próxima à Usina Parigot de Souza, para um alojamento do Clube Náutico e para um sobrado e seis casas cedidas pela prefeitura. O prefeito Carlos Augusto Machado prometeu doar um terreno na vila Batel, de cerca de 20 mil metros quadrados, para a construção de 105 residências. "Já solicitei a doação, e técnicos da prefeitura vão se reunir com a Cohapar para elaborar o projeto o quanto antes", garantiu.

Em Paranaguá, as famílias deixarão o Centro de Apren­dizagem e Integração de Cursos (Caic) e seguirão para o clube Golden Goal, no bairro Costeira. De acordo com a assessoria de imprensa, a prefeitura está estudando a doação de um terreno na zona urbana para a construção de 170 casas junto com a Cohapar, além de outro na área rural para produtores que não queiram morar no local.

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