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Transporte coletivo

155 mil pessoas estão fora da rede integrada

Bicicletas ao lado do terminal rodoviário de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba: opção para não pagar uma passagem a mais | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Bicicletas ao lado do terminal rodoviário de Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba: opção para não pagar uma passagem a mais (Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo)

Dos 615 mil passageiros que circulam pelos terminais de municípios da região metropolitana de Curi­tiba (RMC) diariamente, 155 mil ainda não usam o sistema integrado de transporte coletivo, o que acaba pesando no bolso dos passageiros que precisam se deslocar para a capital e para as cidades vizinhas. Atualmente, a Rede Inte­grada de Transporte (RIT) abrange 70% da RMC. O primeiro passo para a am­­pliação seria abrir uma licitação para a escolha das empresas que passariam a operar as li­­nhas. Se­­gundo o presidente da Urbs (em­­presa de economia mista que ge­­rencia a RIT), Marcos Isfer, uma in­­tegração total aumentaria os custos do sistema e forçaria um reajuste na tarifa, que hoje é de R$ 2,20.

Sete terminais rodoviários da RMC ainda não estão integrados à rede: o de Campina Grande do Sul, os dois existentes em Quatro Barras, o central de Colombo, o central de Araucária (no Angélica, na mesma cidade, já é possível pagar apenas uma passagem para mais de uma viagem). Os passageiros que passam diariamente por esses terminais pagam uma tarifa menor, de R$ 1,80, mas descem no Terminal Guadalupe, no Centro de Curitiba, e não em terminais integrados. Com isso, precisam pagar outra passagem para se deslocar dentro da capital. Os de São José dos Pinhais e Campo Largo têm integração de linhas, não de terminal, podendo fazer o translado no Terminal do Barreirinha e Terminal do Campina do Siqueira, respectivamente.

Segundo Carlos do Rego Al­­mei­da Filho, diretor da Coorde­­nação Metropolitana de Curitiba (Comec), órgão do governo do estado, um estudo técnico sobre a integração está sendo finalizado e deverá ser apresentado à Urbs no próximo mês. Esse será o primeiro passo, mas tudo indica que a integração total ainda demorará para acontecer, já que seria preciso abrir um processo licitatório, ainda sem prazo para começar. Em Curitiba, só as discussões para a abertura da licitação do transporte coletivo duraram cerca de sete anos. "É preciso haver a discussão, porque a am­­pliação da RIT acarreta no aumento de tarifa", diz Marcos Isfer.

De bicicleta

Enquanto a integração não sai, os 155 mil passageiros que não usam linhas integradas têm de gastar mais ou buscar alternativas. Em Campo Largo, onde 20 mil passageiros aguardam a integração com o sistema, só é possível viajar pagando apenas uma passagem na linha do ligei­­rinho Curitiba-Campo Lar­go, que para no Ter­minal do Campina do Siqueira. Na volta, não é possível pegar mais de um ônibus pagando apenas uma tarifa.

A solução encontrada por muitos passageiros é ir de bicicleta até o tubo do ligeirinho – que, por causa da falta de integração, fica fora do terminal da cidade. O novo terminal, um espaço de 4 mil metros quadrados inaugurado pelo governo do estado em dezembro do ano passado, só será entregue à população no dia 26 deste mês, mas também sem previsão de integração.

A bicicleta é a saída para Rafael da Silva, 27 anos, que mo­­ra no bairro Ferraria e trabalha na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). A bicicleta de Silva é uma entre as dezenas que ficam acorrentadas em frente ao tubo do ligeirinho em Campo Largo. Sua rotina diária é pedalar alguns quilômetros, acorrentar a bicicleta e aguardar o ligeirinho. Na volta, desce do ônibus e pedala até sua casa. "Se eu usasse o ônibus que leva até o bairro, teria que pagar mais R$ 1,80. Os R$ 2,20 já são pesados. Imagine R$ 4", diz. Se pegasse o ônibus dentro de Campo Largo na ida e na volta, ele teria de desembolsar R$ 3,60 por dia, ou R$ 72 por mês em 20 dias de trabalho.

Integrados

Sete terminais foram construídos no último ano na RMC, em Arau­cária, Fazenda Rio Grande, São José dos Pinhais, Campo Largo e Colombo (Alto Maracanã, Roça Grande e Guaraituba). Desses, cinco já fazem parte da RIT, que é administrada pela Urbs. Somente Campo Largo e São José dos Pinhais continuam de fora e ainda estão sob responsabilidade dos municípios e da Comec.

Os usuários do Terminal Urba­no Central de São José dos Pinhais, inaugurado no dia 30 de janeiro, também aguardam a integração com a rede, mas já é possível andar dentro do município sem precisar pagar mais. Com o uso do cartão transporte, o usuário pode circular em mais de uma linha pagando a metade do valor da passagem. A Linha Centro, que se desloca na área central da cidade, possibilita a integração com apenas uma passagem no valor de R$ 1,80. Muitos usuários, no entanto, ainda não sabem dessas possibilidades. "Acho que precisa de mais informação", disse a dona de casa Maria Aparecida Schmidt, 56 anos. Segundo a diretora técnica da Secretaria de Urbanismo de São José dos Pinhais, Lorraine Vaccari, a integração com a rede metropolitana começará pela linha Barrei­rinha/São José. O ônibus para em um tubo no Centro da cidade, mas nos próximos meses deverá entrar no terminal. Segundo a Urbs, essa integração ainda não foi feita porque são necessárias algumas adaptações no terminal.

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Interatividade

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