O primeiro vazamento expressivo de petróleo em área do pré-sal foi detectado ontem pela Petrobras na Bacia de Santos, a cerca de 250 km da Ilha Bela, litoral de São Paulo. A companhia avaliou, em "estimativa preliminar", terem vazado 160 barris (25,5 mil litros de óleo) no campo de Carioca Nordeste. Segundo nota da empresa, o vazamento foi contido e o petróleo não chegará à costa.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) abriram investigação sobre o acidente, creditado pela Petrobras ao "rompimento na coluna de produção" do navio-plataforma (FPWSO) Dynamic Producer.
Nem o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, nem os diretores vieram a público falar sobre o acidente. A exploração das riquezas do pré-sal é a prioridade absoluta da companhia nos próximos 30 anos.
Agravantes
A principal empresa de petróleo do país se manifestou apenas por nota, que não cita os procedimentos para conter a mancha. Segundo especialistas, o combate a vazamento no pré-sal é muito mais complicado do que na camada pós-sal. Pelo menos duas razões dificultam as operações: as profundidades muito altas, por vezes superiores a 3 mil metros, e a distância da costa, de centenas de quilômetros.
O oceanógrafo David Zee, perito policial no vazamento de cerca de 400 mil litros de óleo na Bacia de Campos (RJ) em campo operado pela petroleira Chevron, há dois meses, sustenta que a profundidade divulgada pela Petrobras, de 2.140 metros, atrapalha as ações. "Em uma profundidade dessas não se pode fazer muita coisa. É um ambiente de difícil acessibilidade e inóspito. No pré-sal, a capacidade de controle de um vazamento fica muito dificultada. As condições são extremas", afirmou.