Aproximadamente 160 mil usuários devem se beneficiar de um novo projeto de bilhetagem temporária, a ser testado pela Urbs, empresa gerenciadora do sistema, nos próximos meses. A região do Santa Quitéria será a primeira a receber a inovação. Caso seja bem-sucedida, a iniciativa pode ser estendida a outros bairros em situação semelhante como Pilarzinho e Jardim das Américas. "Em algumas regiões dificilmente será possível viabilizar um terminal de transporte. Nesses locais estamos estudando a implantação do sistema", explica Luiz Filla, gestor da área de Operação do transporte coletivo da Urbs.
Na região de testes, alguns ônibus, além da estação-tubo Santa Quitéria, localizada na Avenida Arthur Bernardes, serão dotados de um "validador de integração". O usuário interessado passa o cartão-transporte e recebe um tempo determinado para ingressar na estação ou no veículo de determinadas linhas sem pagar nova tarifa. "O intervalo de validade terá certa flexibilidade para que o passageiro possa usar o sistema em caso de atrasos", afirma Filla. A intenção da Urbs é implantar o projeto ainda neste ano.
O bom funcionamento da experiência pode estender o sistema à Linha Verde, permitindo ao usuário dos alimentadores a troca de sentido. O período de testes no Santa Quitéria, contudo, segue indeterminado, podendo variar de semanas a meses. "Depende da observação para definir quanto tempo levará o teste. Se o sistema se mostrar eficiente em 15 dias, por exemplo, vamos levá-lo para a Linha Verde. Agora o inverso também é verdadeiro", diz Filla.
Ansiosos pela implantação, os moradores comemoram a possibilidade de integração simples. "Hoje, você até pode não pagar duas passagens, mas precisa esperar o Cotolengo, com o intervalo mais longo e andando sentido Fazendinha (contrário ao Centro)", conta a estudante Silvana Chaia. Algumas pessoas preferem caminhar até a estação-tubo para economizar os R$ 2,20 da passagem. "Eu moro no Bacacheri. Se usar um dos amarelos, preciso pagar duas vezes. Então, de vez em quando, ando 30 minutos para pegar direto o ligeirinho", relata a proprietária de lotérica Suzana Becker. "Nunca parei para fazer as contas, mas a passagem adicional pesa no orçamento".
O administrador de empresas Acácio Abreu considera a integração uma solução paliativa. "O ideal seria a construção de um terminal porque a população cresceu muito nessa região. De qualquer maneira, não deixa de ser uma solução para beneficiar os moradores", afirma. Conforme Abreu, a presença do Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade) aumentou o movimento da região nos horários de pico. "As ruas ficam congestionadas. Caso o transporte coletivo oferecesse mais qualidade, muitas pessoas deixariam o carro em casa", aposta.
Abreu sentiu na pele e no bolso os problemas da falta de integração. Uma de suas filhas, quando estudava na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), precisava usar dois ônibus para ir à instituição: um até o Centro e o segundo, até o Prado Velho. "Era horrível para ela. Além de gastar mais, algumas pessoas vinham de uma distância muito maior gastando menos tempo", diz.
Incentivo
Quase 1,3 milhão de pessoas têm cartão-transporte em Curitiba e região metropolitana. Do total de passageiros diários do sistema, aproximadamente metade usa o cartão. O objeto vai se tornar fundamental para realizar a integração. "É uma somatória de ganhos. Além dos benefícios à população, também será uma forma de incentivar o uso do cartão-transporte, algo bom por questões de segurança e de agilidade (especialmente dos micro-ônibus e ônibus alimentadores)", diz Filla.
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