Brasília A ex-assessora do Ministério da Saúde, Maria da Penha Lino, presa na última quinta-feira na chamada Operação Sanguessuga, decidiu, em troca do mecanismo da delação premiada, entregar todo o esquema de venda de ambulâncias e equipamentos superfaturados para prefeituras com recursos do Orçamento federal. Ele é muito mais amplo do que as escutas telefônicas da Polícia Federal apontavam. Em um longo e detalhado depoimento dado à PF e ao Ministério Público Federal de Cuiabá, Penha revelou, segundo seu advogado, Eduardo Mahon, que 170 parlamentares participavam das fraudes dedicando emendas à compra de ambulâncias e recebendo em troca 10% a 15% do valor da emenda como propina, num esquema que movimentou pelo menos R$ 110 milhões.
Além do senador Ney Suassuna (PMDB-PB) e dos 64 nomes de deputados já identificados pela PF, ela revelou que também participariam do esquema os deputados Ann Pontes (PMDB- PA), Jovair Arantes (PTB-GO), Almerinda de Carvalho (PMDB-RJ), Carlos Dunga (PTB-PB) Coriolano Sales (PFL-BA), Inaldo Leitão (PL-PB), Feu Rosa (PP-ES), Gilberto Nascimento (PMDB-SP) e o petista João Grandão (MS), entre outros.
Em seu depoimento, ela também inocentou alguns parlamentares citados pelos empresários nos grampos da PF, entre eles as deputadas Denise Frossard (PSB-RJ) e Thelma de Oliveira (PSDB-MT), mulher do ex-governador Dante de Oliveira.
Entrega
Penha contou que o dinheiro chegava aos gabinetes, no prédio do Congresso, em Brasília, dentro de malas, na cueca e nas meias dos dois chefes do esquema, o empresário Darci Vedoin, dono da Planam, e seu filho e sócio Luiz Antônio. Era entregue em mãos aos parlamentares e, na grande maioria dos casos, em espécie.
A ex-assessora do ministro da Saúde isentou de responsabilidade os assessores de parlamentares presos na Operação Sanguessuga. Segundo ela, todos agiam segundo as ordens de seus chefes.
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