Buscas
Dois homens desaparecem no Rio Barigui
Dois homens estão desaparecidos na Cidade Industrial de Curitiba desde a noite de segunda-feira. Eles teriam sido arrastados pelas águas do Rio Barigui. Segundo o Corpo de Bombeiros, moradores relataram que os homens, de 25 e 30 anos, estavam em um barco que virou. Eles foram vistos pela última vez próximo à ponte que passa sobre o rio, perto da Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira. As buscas são conduzidas pelo Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost) dos Bombeiros. De acordo com os bombeiros, o rio transbordou e a água chegou à rua, onde os homens estavam com um barco. Eles caíram na caixa do rio e foram levados pelas águas.
Por volta das 19h30 de ontem, um corpo foi encontrado no rio, na Rua Engenheiro Blen, nos fundos de uma chácara. De acordo com a Polícia Militar (PM), o cadáver apresentava sinais de afogamento, mas a causa da morte só será confirmada depois de ser periciado pelo Instituto Médico-Legal (IML). De acordo com as autoridades, não é possível afirmar que o corpo pertence a um dos homens desaparecidos.
Oficialmente, as chuvas que castigam Curitiba e região metropolitana desde segunda-feira afetaram a rotina de 1.718 pessoas e deixaram 264 desalojadas ou desabrigadas, segundo relatório da Defesa Civil Estadual divulgado ontem, às 18 horas. Mas esses números podem ter sido muito maiores. Só em Almirante Tamandaré, a cidade mais afetada, a coordenadoria local da Defesa Civil estima que 1,8 mil pessoas tiveram de deixar suas casas, informa o superintendente municipal de Planejamento e Gestão, Sandro Miguel Mendes.Ele diz que os bairros mais atingidos foram Tanguá, Bonfim, Jardim Gramados e Jardim Roma, onde uma menina de 11 anos morreu afogada na segunda-feira. Muitos dos desalojados já voltaram para casa. Ontem, os moradores afetados estavam desolados. Eles tentavam limpar o barro que ficou depois da enxurrada.
A cabeleireira Andrea Cristina Gonçalves Padilha, 22 anos, contabilizava as perdas. Com a grande quantidade de água "que veio em ondas", conforme ela relata, todo o equipamento de trabalho foi atirado para o fundo do salão. "Não sobrou nada", lamenta. Assim como ela, outros comerciantes sofreram prejuízos. "Tem gente que mora aqui há 50 anos e nunca viu uma coisa dessa. Parecia um tsunami". No local, a água havia baixado ontem.
Já os moradores da Rua Elfrida Roessler Jacunasso não tiveram a mesma sorte. Com água até a metade da perna, o córrego em frente das casas ainda se confundia com a rua. O marceneiro Valmir Santana, 40 anos, ajudava os vizinhos a tentar limpar as casas. Na segunda-feira, ele diz que salvou quatro crianças da chuva. O pedreiro João Batista da Silva, 45 anos, perdeu tudo. Em frente de casa, ele passou a tarde ilhado por causa da água. "E a Defesa Civil nem veio", reclama. Ele diz que outras sete casas ficaram na mesma situação. "Somos pobres e não podemos sair daqui", afirma, justificando a permanência no local. A prefeitura diz ter planos para retirar as famílias das áreas de risco. "No entanto, a relocação depende de recursos federais e o município não tem capacidade de arcar com o ônus", diz Mendes.
No bairro Novo Horizonte, um deslizamento de terra atingiu duas tubulações de água da Sanepar. A distribuição foi prejudicada e os moradores da região estão desabastecidos desde a tarde de segunda-feira. Técnicos da Sanepar acreditam que, se não houver novos deslizamentos, o abastecimento será normalizado até a madrugada de amanhã. Enquanto isso, os moradores serão abastecidos por um caminhão-pipa.
A Defesa Civil Estadual e o Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar) encaminharam um caminhão com oito toneladas de donativos para Almirante Tamandaré. Foram quatro toneladas de cestas básicas, 1,5 mil litros de água potável, 100 galões de água sanitária, 100 cobertores e dez colchões.
Tingui
Na capital, perto do Parque Tingui, Wander Mendes, 46 anos, não foi trabalhar para ajudar na limpeza da casa em um condomínio de luxo na Rua Raposo Tavares. Ele e mais um vizinho foram afetados não só pela água da chuva, mas pela queda de um muro nos fundos das casas. No condomínio, três casas foram alagadas. A água teria chegado a 50 centímetros de altura. Diz que em seis anos nunca enfrentou problema parecido.
Assim como Mendes, o empresário Marcos Fernando Denes, 42 anos, também levou um susto. As duas filhas, de 14 e 10 anos, nem voltaram para casa ontem. No pátio da residência, pedaços de tapumes aguardavam para serem usados a fim de escorar o barranco. "Não espero nada da prefeitura porque já chamei e nada aconteceu. Pedi para um engenheiro fazer o estudo do que pode ser feito", diz.
No bairro Fazendinha, moradores fizeram um protesto queimando móveis e bloqueando a Rua Frederico Lambertucci no cruzamento com a Rua Ludovico Baum.
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