Incêndio na margem da Rodovia Francisco Lerario, em Guararema, a 79 km da capital paulista| Foto: Marcelo Justo/Folhapress

Em Goiânia, umidade do ar cai a 12%

Folhapress

Com 12% de umidade relativa do ar ontem, Goiânia (GO) foi a capital em situação mais crítica devido ao clima seco no país, de acordo com medições do Insti­tuto Nacional de Meteorologia (Inmet). Outras cinco capitais registraram umidade do ar mínima entre 12% e 20%.

Em São Paulo, a mínima ficou em 19%, segundo medição feita na estação do mirante de Santana, na zona norte. Segundo a Defesa Civil, a umidade registrada por volta das 13h30 chegou aos 13%, deixando a cidade em estado de alerta pelo terceiro dia consecutivo.

Campo Grande (MS) teve umidade mínima de 14% on­­tem, e Belo Horizonte (MG) fi­­cou com 19%. Palmas (TO) e Cuiabá (MT) registraram índices de 20%. Em Brasília (DF), a mínima foi de 22%.

Segundo a Organização Mun­dial de Saúde (OMS ), índices de umidade relativa do ar inferiores a 30% caracterizam estado de atenção; de 20% a 12%, estado de alerta; e abaixo de 12%, estado de emergência. Na prática, quanto mais grave o estado decretado, maior é a probabilidade de incidência de doenças respiratórias.

Ontem, a situação de emergência era registrada em seis das 27 estações do Inmet espalhadas pelo estado de São Paulo.

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As mais secas

Confira as cidades do Paraná que registraram a umidade relativa do ar abaixo de 20% ontem:

- Cambará – 15,5%

- Paranavaí – 17,6%

- Cianorte – 17,9%

- Maringá – 18,2%

- Assis Chateaubriand – 18,3%

- Londrina – 18,9%

- Toledo – 19,6%

- Apucarana – 19,9%

Tempo seco persistente e vento são condições que devem levar 2010 a bater o recorde de incêndios ambientais e a superar o ano de 2007, quando foram registrados 202.299 focos – o maior número desde 2002 –, segundo o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe). A estimativa é do Instituto Chico Mendes, ligado ao Ministério do Meio Ambiente e que cuida de 96 áreas preservação em todo o país. Segundo o coordenador-geral de Proteção Ambiental da entidade, Paulo Carneiro, o número de focos de calor detectados pelos satélites não está fora da média dos anos anteriores e ainda está longe dos números de 2007, mas neste ano o fogo está se propagando mais facilmente. "Neste mês, um incêndio no Parque Nacional das Emas, em Goiás, destruiu uma área de 100 mil hectares em apenas 36 horas, o equivalente a mais de 80% da reserva. Algo parecido aconteceu no Tocantins, onde uma área de mais de 30 mil hectares sumiu e apenas um dia. São regiões que, além do tempo seco atual, sofrem com uma estiagem que já vem de 90 dias. Embora estejamos longe de 2007 em número de focos, o estrago deve ser maior neste ano", exemplifica Carneiro. De acordo com a Agência Brasil, de janeiro a agosto de 2007 foram registrados 59.915 mil focos de incêndios no Brasil. Em 2010, até aqui, foram contabilizados 37.788 focos, sendo a maioria deles em Mato Grosso (3.953), no Pará (2.607) e Tocantins (1.133). "É importante lembrar que os satélites detectam focos de calor de 3 hectares ou mais e que, apesar de fazerem a verificação em vários horários do dia, podem deixar passar alguns focos, ou seja, os números podem ser ainda piores", alerta Carneiro.

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O Instituto está trabalhando, atualmente, com 10 aeronaves – 8 no combate ao fogo e 2 no monitoramento de áreas do Tocantins e de Rondônia, onde a situação é crítica. "Também vamos contratar, até outubro, 1.600 brigadistas, número que ainda não é o ideal, mas que já representa 20% a mais do que no ano passado". Como os incêndios são uma questão sazonal, Carneiro explica que o Instituto trabalha com o remanejamento desses brigadistas de acordo com a necessidade. Os 1.150 que já estão trabalhando há mais de três meses estão concentrados nas áreas do centro-oeste e sudeste do país. "Aqueles que serão contratados daqui para frente devem reforçar o combate no sul da Bahia e depois no Rio Grande do Sul", explica. Além do Parque Nacional das Emas, em Goiás, a entidade também está em estado de alerta no Parque Nacional do Araguaia e na Serra Geral do Tocantins, e também no Parque Nacional Nascentes do Parnaíba, no Piauí.

Paraná

Até as 18 horas de ontem, o Corpo de Bombeiros já havia contabilizado um total de 6.046 atendimentos a incêndios ambientais em todo o estado – 1.267 neste mês de agosto, 17% a mais que agosto de 2009 –, com uma concentração maior nas regiões de Maringá (2.346) e Londrina (1.221).

Curitiba tem calor recorde para um mês de agosto

O Instituto Tecnológico Simepar informou ontem que Curitiba registrou a temperatura mais alta para um mês de agosto (30,5°C). No meio da tarde, os índices de umidade relativa do ar estavam entre 20% e 30% em todo o Paraná e abaixo de 20% em oito cidades, o que é considerado estado de alerta pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Nesse estado, recomenda-se não praticar exercícios entre 10 e 16 horas, consumir bastante água, usar soro fisiológico nos olhos e nas narinas e evitar aglomerações e o sol.

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Falta de água

Segundo a Sanepar, os reservatórios das cidades de Conselheiro Mairinck, Ibaiti e Siqueira Campos já começaram a ser afetados pela falta de chuva. Em Conselheiro Mairinck, houve queda de vazão no Ribeirão Vermelho. O manancial superficial já não está atendendo à demanda. Há risco de desabastecimento nos próximos dias, caso a estiagem persista.

Em Ibaiti, o Ribeirão Grande está abaixo da vazão necessária. A demanda está sendo atendida com captação emergencial. E em Siqueira Campos, a altura da lâmina de água está abaixo da crista da barragem. Há risco de desabastecimento nos próximos dias. A Sanepar recomenda que a população dessas cidades use água tratada racionalmente para evitar a falta.

Pantanal

A falta de chuvas e as queimadas ameaçam um dos mais importantes patrimônios ambientais do Brasil e do mundo: o Pantanal. Pesquisadores da Uni­ver­sidade Federal do Mato Grosso estão preocupados especialmente com a baía do Chocororé. O Pantanal é considerado o terceiro maior reservatório de água doce do mundo. Os cientistas disseram que a baía registrou o mais baixo nível dos seus últimos 38 anos. A situação fica mais grave porque a previsão de chuvas é para a segunda quinzena de setembro. Há mais de cem dias não chove no estado, o que tem aumentando o número de queimadas.

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Serviço:

Em caso de incêndio de grandes proporções ligue para a Defesa Civil (193) ou para a Força Verde (0800-643-0304).