No Espírito Santo, a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão e prendeu uma pessoa| Foto: Polícia Federal / Divulgação
No Rio Grande do Sul, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão
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A Operação Tapete Persa, da Polícia Federal (PF), deflagrada nesta terça-feira (27), bateu o recorde de prisões em flagrante por posse de material pornográfico infantil que era divulgado na internet: 20 pessoas foram presas em cinco estados e no Distrito Federal. A operação aconteceu em 54 cidades de nove estados, onde a polícia deveria cumprir 81 mandados de busca e apreensão. Nesta terça, pelo menos metade dos mandados foi cumprida.

São Paulo lidera o número de prisões, com 13 detidos. No Paraná, dois homens foram presos acusados de posse de material pornográfico infantil. Um homem de 65 anos foi preso em Curitiba, no bairro Campo do Santana, e outro, de 34 anos, foi detido em Campo Mourão, na região Centro-Oeste do estado. As outras prisões aconteceram no Distrito Federal (2), Rio de Janeiro (1), Alagoas (1), Goiás (1) e Espírito Santo (1). De acordo com a PF, entre os presos está um coronel da Polícia Militar e quatro idosos. No Distrito Federal, também foram apreendidas armas ilegais e drogas, como maconha e anabolizantes.

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Apesar do grande número de detenções, a PF não considera os dados positivos. "É um marco negativo. Gostaríamos que tivessem menos prisões, ou que não tivessem prisões, porque isso indicaria que as pessoas não praticam esse crime", lamenta o chefe do Grupo Especial de Combate aos Crimes de Ódio e à Pornografia Infantil na Internet da PF (Gecop), delegado Stênio Santos Souza. Ele também afirma que as imagens compiladas pela PF mostram crianças, até mesmo bebês, sendo abusados. "Isso faz com que a gente sinta que há menos humanidade no mundo hoje que tempos atrás", diz.

Além das prisões, outras três pessoas já foram indiciadas pela posse do material. Elas só não foram presas porque não estavam em casa quando as equipes da polícia fizeram a vistoria no local. Os peritos da PF também fizeram um levantamento minucioso do conteúdo dos computadores dessas pessoas, que revelaram um dado triste: algumas pessoas, além de compartilhar as imagens, também abusam de crianças. "Cerca de 30% dos presos também são abusadores. São brasileiros, que moram aqui e navegam diariamente na internet", revela o delegado Marcelo Bórsio, do Gecop.

Se condenados pelos crimes, a pena dessas pessoas pode chegar a 15 anos de reclusão. Além da posse e distribuição do material, eles podem ser processados por estupro de incapaz, caso o abuso seja confirmado.

Operação

As investigações começaram na Alemanha em 2008, com o monitoramento de redes peer-to-peer (P2P), onde foi detectado o compartilhamento de materiais pornográficos infantis. Foi a polícia alemã que estabeleceu a conexão de brasileiros no caso. Com isso, a Polícia Federal começou a investigar a situação no Brasil no primeiro semestre de 2009, com a cooperação da Interpol.

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De acordo com a PF, o principal site de compartilhamento utilizado para a troca de imagens pornográficas é o eMule, onde os usuários compartilham os arquivos entre si, mas não há um servidor central que guarde todos esses documentos. A troca é feita com base no material que cada pessoa tem em seu próprio computador. "É impossível derrubar uma rede dessa forma", diz Souza. Os países que mais compartilham arquivos de pornografia infantil são Alemanha, Espanha, Inglaterra e Brasil, mas pelo menos outros 50 países fazem parte dessa rede.

No Brasil, a investigação foi conduzida pela PF do Distrito Federal. Os mandados de busca e apreensão foram autorizados pela 12ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal. A PF do DF contou com o auxílio de cerca de 400 policiais federais dos nove estados para cumprir os mandados. A operação foi denominada como Tapete Persa porque havia um tapete em alguns vídeos encontrados pela polícia alemã.