O jovem Samuel Neu, 20 anos, nunca teve a oportunidade de obter registro de emprego em sua carteira de trabalho. Sua experiência profissional se resume a pequenos bicos que realiza ocasionalmente. Depende exclusivamente dos pais, com quem mora. "A falta de experiência é o que dificulta arranjar um emprego", diz. Só conseguiu concluir o ensino médio no ano passado e ainda não entrou na faculdade, até porque optou por não tentar o vestibular.

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A história de Neu não é exceção. Assim como ele, 22,22% dos jovens curitibanos, com idade variando entre 19 e 24 anos, não estão trabalhando nem estudando, segundo uma pesquisa feita pela Paraná Pesquisas, a pedido da Gazeta do Povo. O estudo mostra ainda que destes jovens 66,67% estão à procura de emprego. Para o economista e supervisor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), Cid Cordeiro, estes jovens não estão sem ocupação por opção. "Estão sem estudar e trabalhar por falta de oportunidade", diz.

Qualificação

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A pesquisa foi feita entre os dias 8 e 13 de março, com 741 jovens de 15 a 24 anos. No geral (incluindo a faixa etária dos 15 aos 18 anos), 19,57% não estão trabalhando ou estudando e 33,6% só estudam. Destes, 67,01% estão à procura de emprego. O estudo ainda demonstra que 75,38% dos que estão procurando emprego apontam a falta de experiência como a principal dificuldade para garantir uma vaga no mercado formal de trabalho.

Para enfrentar esta barreira, os jovens Jaryanne Kalinowski da Silva, 19 anos, Antônio Augusto Passos, 19 anos, Ana Carolina Rodrigues Motta, 19 anos, Délia Noemi Ricardi Paradeda, 19 anos e Marcus Vinicius Simões, 18 anos, têm freqüentado cursos profissionalizantes com curta duração. Na semana passada, concluíram um na área de auxiliar administrativo. "Assim acho que vou ter uma formação técnica que pode me ajudar a arranjar emprego. Não consigo por falta de experiência. Já mandei vários currículos, mas não tive nenhum retorno", afirma Simões. Ele mora com a mãe Neusa, 47 anos, desempregada há um ano, e depende da ajuda do padrasto e outros familiares que não moram na mesma casa.

Taxa alta

Na opinião do sociólogo e pesquisador do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Paulo Roberto Delgado, os números da pesquisa feita pela Paraná Pesquisas confirmam indicadores nacionais. De acordo com a pesquisa mensal de emprego de fevereiro de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46,3% dos desempregados do país têm entre 16 e 24 anos. "A taxa de desemprego nesta faixa etária ainda é muito alta. Mas vale ressaltar que Curitiba e região metropolitana possuem uma migração muito forte e possivelmente muitos jovens devem estar chegando do interior em busca de oportunidades", diz.

Já para Cordeiro, os jovens que não estudam nem trabalham podem estar condenados a viver à margem do mercado formal de trabalho e se sujeitar aos piores salários. "É um círculo vicioso. O fato dele não ter uma formação educacional ou profissional faz com que se insira no mercado de trabalho de maneira precária ou na informalidade", afirma. A mesma opinião é compartilhada pela socióloga e professora da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR), Maria Olga Mattar. "Aumenta a população, mas não as fontes de empregos", diz.

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De acordo com dados do Sistema Nacional de Emprego (Sine) no Paraná, das 10,8 mil colocações, por mês, feitas em 2005, 50% foram ocupadas por jovens entre 18 e 25 anos. "Embora eles não tenham experiência são mais facilmente absorvidos porque se sujeitam aos baixos salários oferecidos", explica a coordenadora de intermediação de mão-de-obra da Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Ângela Carstens.