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São Paulo - Uma em cada quatro jovens da América Latina (25% do total) é mãe antes de completar 20 anos. Os dados, apresentados ontem em um estudo da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), mostram que a região não tem apenas o segundo maior índice de gravidez na adolescência no mundo, como ele vem subindo ao invés de declinar. A taxa de mães jovens na região chega a ser mais de 40% acima do índice entre as mulheres em geral, alcançando 76,2 por mil. O documento, chamado "Juventude e Coesão Social na América Latina", aponta para um cenário ainda difícil para os jovens latino-americanos: apesar do melhor acesso à educação e ao emprego, a educação sem qualidade, a pobreza e a violência mantêm as desigualdades sociais da região.

De acordo com a Cepal, o número de adolescentes grávidas na América Latina caiu até o final da década de 1980. Desde então, voltou a crescer. No Brasil, 14,8% das jovens até 19 anos tinham filhos em 2000. Dez anos antes, eram 11,5%. E o crescimento foi maior entre as mais pobres. Enquanto na porção mais rica da população a taxa de fertilidade se manteve estável em torno de 20 adolescentes grávidas por mil, na parcela mais pobre subiu de 120 por mil para 155 por mil.

O estudo da Cepal mostra que o fato de as jovens iniciarem sua vida sexual mais cedo não é uma explicação convincente para o alto número de jovens grávidas. Uma comparação é feita com a Espanha, onde a idade inicial das relações também caiu para os 15 anos, mas apenas 5% das adolescentes ficam grávidas. "A ausência de programas preventivos com atenção especializada e princípios de confidencialidade mantém as adolescentes afastadas, diz o relatório.

Educação

A educação também é alvo de críticas por parte da Cepal. Apesar de reconhecer os avanços quantitativos que ajudaram a incluir no sistema educacional a maior parte dos jovens latino-americanos, o relatório lembra não apenas que a educação é ruim como a acusa de manter as desigualdades, especialmente no caso do ensino médio.

"A falta de pertinência e relevância dos currículos, além da escassez de conhecimentos importantes para o exercício da cidadania, afetam em particular os jovens para quem a educação é a única ferramenta que os permitiria ascender a um emprego digno", diz o estudo. "Além de currículos ruins", continua o trabalho, "a diferença de qualidade entre as escolas termina por repetir os padrões de desigualdade tão comuns na região. O desenho comum dos sistemas educacionais os transforma, paradoxalmente, em uma estrutura desigual e diferenciadora de oportunidades para os jovens, especialmente os mais excluídos".

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