Em sua 12.ª edição, a Parada da Diversidade GLBT 2007 reuniu cerca de 25 mil participantes, segundo a Polícia Militar, na tarde de ontem, no Centro Cívico de Curitiba. Simpatizantes e militantes das comunidades gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transsexuais (GLBTs) fizeram mais do que desfilar na Avenida Cândido de Abreu. Aproveitaram o ato público para promover a discussão sobre o preconceito e os direitos iguais. Desde o início do ano, tramita no Senado Federal, o Projeto de Lei 122/06 que tem o objetivo de tornar crime a homofobia (termo que designa a aversão e a discriminação contra as comunidades GLBTs).
Com início previsto para as 15h30, o público se concentrou timidamente na Praça 19 de Dezembro, mais conhecida como a Praça do Homem Nu, no começo da tarde. Em poucos minutos, a avenida começou a se encher de cores, brilhos e performances. Além de animar, os dez trios elétricos se encarregaram de lançar os temas discutidos no projeto para não esquecer o porquê de estarem ali.
Atentas ao tema, as estudantes Fernanda Ewald Rossa, 20 anos, e Mayara Gabin, 20 anos, participaram do evento com entusiasmo. "Temos consciência de que é uma festa para mostrar que todos têm direitos iguais", afirma Fernanda. Outro grupo animado era o da esteticista Dalva Ribeiro, 35 anos, e dos filhos de 9 e 10 anos, junto com a tia, a psicóloga Alice Rosa, 28 anos. "Acho muito justo o que eles (GLBTs) estão pedindo. O mundo é gay. Por que esse preconceito?", indaga Dalva. A irmã Alice lembra, porém, que os paranaenses são muito preconceituosos. "Vamos ter sempre esse problema, porque fomos colonizados por povos muito rígidos", afirma.
O presidente da Associação Paranaense de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transsexuais (AGLBT), Toni Reis, recorda que na prática a parada tem o objetivo de dar visibilidade à causa. "A discriminação existe por desconhecimento do assunto", lembra. A presidente do Grupo Dignidade, Simone Valêncio, vê "o Paraná como um estado homofóbico".
Os levantamentos mostram que dos estados do Sul do país, o Paraná é o que apresenta maior incidência de crimes. Segundo o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo, dos 26 assassinatos contra as comunidades GLBTs registrados na região de 2003 a 2005, 13 foram praticados no estado. "É a ponta do iceberg. Muitos nem são enquadrados como crime contra a homofobia", relata. Além disso, somente 5% dos crimes são resolvidos.