Primeiros socorros evitam complicações
A vigilância constante em conjunto com a adoção de algumas medidas simples na rotina da casa são a melhor forma de evitar os acidentes. No entanto, quando eles acontecem, os primeiros socorros são fundamentais para evitar complicações.
No caso de ferimentos, a primeira medida a ser tomada é comprimir o local com um pano limpo e colocar as mãos para cima, dificultando o bombeamento do sangue. Se o acidente é grave, ocorrendo amputação, a orientação é fazer um curativo para parar o sangramento e manter a parte amputada dentro de um saco plástico colocado em um recipiente com gelo e água até a chegada ao pronto-socorro.
No caso das queimaduras, os especialistas orientam que não sejam usadas receitas caseiras sobre as lesões, como clara de ovo, pasta de dente ou pó de café. Até mesmo as pomadas devem ser evitadas. A recomendação é usar apenas água ou abafar o fogo com pano úmido. Em caso de quedas, a recomendação é não mexer nem levantar a criança, pois isso pode agravar alguma fratura.
"Na dúvida, se o ferimento foi grave ou não, o melhor é procurar um médico para evitar complicações mais tarde. Nas mãos, os tendões são muito próximos da pele, e cortes aparentemente superficiais podem causar uma lesão mais grave", alerta a médica Giana Silveira Giostri, chefe do Serviço de Cirurgia de Mão do Hospital Cajuru e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.
É com as mãos que nos defendemos das ameaças e situações de perigo. Por causa desse comportamento quase instintivo, elas costumam ser a parte do corpo mais exposta. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (ABCM), os acidentes envolvendo essa região representam 30% do total de atendimentos feitos nos pronto-socorros (PS) brasileiros. Em grande parte dos casos, as vítimas são crianças. No Hospital Universitário Cajuru (HUC), elas são responsáveis por 50% dos traumas em mãos.
No Hospital Evangélico, a situação não é diferente. De acordo com o diretor-clínico do hospital, Flamarion dos Santos Batista, o número de atendimentos cresce principalmente na época de festas. "Em junho, por causa das festas juninas, e no fim do ano os acidentes com rojões são muito freqüentes", conta. Dos 7.883 casos de queimados atendidos no Evangélico de janeiro até 16 de outubro deste ano, 1.198 (15%) tiveram as mãos atingidas em um terço as vítimas foram crianças.
Um levantamento do Ministério da Saúde aponta que a cada ano são registradas 6 mil mortes e cerca de 140 mil internações na rede pública de crianças e adolescentes com até 14 anos, vítimas de acidentes domésticos, o que representa um custo de R$ 63 milhões para o Serviço Único de Saúde (SUS). Medidas preventivas simples poderiam reduzir esse número em até 90%. Com o objetivo de orientar os pais, a ABCM lançou neste mês, em todo o Brasil, a Campanha de Prevenção a Acidentes Domésticos, que se estenderá até o fim do período das férias escolares, em fevereiro.
Cozinha
Segundo a médica Giana Silveira Giostri, chefe do Serviço de Cirurgia de Mão do HUC e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, em 50% dos casos os ferimentos nas mãos acontecem dentro de casa. Os mais comuns são causados por portas e janelas (quando as mãos são esmagadas), objetos cortantes, vidros ou queimaduras. "A cozinha é o local mais perigoso. Não deixar facas nas gavetas mais baixas e utilizar copos e pratos de plástico são atitudes simples, mas que têm um papel fundamental na prevenção", afirma.
Foi por um descuido que o garoto Vítor, de 9 anos, cortou o dedo brincando com o primo mais velho na churrasqueira da casa dos avós, quando tinha 6 anos. Na época Vitor foi socorrido pelo avô, que limpou o ferimento e fez um curativo. "Achamos que estava resolvido, só que meses depois notamos que ele não conseguia dobrar o dedinho", conta a mãe, Viviane dos Santos. Ao consultar um especialista, foi constatado que com o corte o tendão havia se rompido. "Ele teve de passar por duas cirurgias para recuperar o movimento, uma em julho deste ano e outra na semana passada", conta Viviane.
Giana chama a atenção também para objetos perigosos como o ferro de passar e o fogão. "Quando estiver cozinhando é importante nunca deixar os cabos das panelas para fora, para que a criança não consiga puxar. Na lavanderia, o ferro de passar também deve ficar em um local fora de alcance. É preciso cuidar com o fio, para que a criança não puxe, pois o ferro pode cair em cima dela", explica. De acordo com chefe do Serviço de Queimados do Hospital Evangélico, Luiz Henrique Calomeno, o ferro e o forno juntos são responsáveis por 7% das queimaduras entre crianças na faixa dos dois anos de idade. "São queimaduras que podem ser graves, de segundo e até terceiro grau. Nessa idade a criança está aprendendo a andar e muitas vezes se apóia na tampa do forno. Como ela ainda não tem muito equilíbrio e tem medo de cair, continua se apoiando mesmo percebendo que está quente", explica. Segundo o médico, as queimaduras causadas por água quente são as mais freqüentes, respondendo por 20% dos casos. Em seguida vem as causadas por fogo (17%).
Um segundo de desatenção da mãe também foi suficiente para que a pequena Gabriela, de 1 ano e 4 meses, puxasse de cima da pia a xícara de chá quente. "Me afastei um pouquinho para pegar o açúcar, foi muito rápido", conta Patrícia Marques. Gabriela teve queimaduras de segundo e terceiro grau na mão e no pulso, ficou oito dias internada e talvez ainda precise passar por uma cirurgia.
Quedas
Além de cortes, queimaduras e esmagamentos, as fraturas também são bastante freqüentes entre crianças. De acordo com um levantamento feito pela ONG Criança Segura, as quedas são a principal causa de hospitalização na faixa etária de 0 a 14 anos, representando 55% das internações. Segundo a coordenadora regional da entidade, Alessandra Françóia, 63% dos ferimentos nos membros superiores são resultantes de quedas.
Por volta dos dois anos de idade, a criança começa a subir em cadeiras, sofás e armários. "Nessa idade ela não tem noção de perigo nem de altura", afirma o ortopedista Edílson Forlin, do Hospital Pequeno Príncipe. Na queda, a criança procura apoio com as mãos e é aí que acontece a maior parte dos ferimentos. Segundo o médico, a fratura do punho é a segunda mais freqüente entre crianças, ficando atrás apenas das fraturas da clavícula.
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