Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Educação

30% dos professores em formação no Brasil cursam graduação a distância

 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
(Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Cerca de um terço dos futuros professores no Brasil cursa graduação a distância, segundo dados do Censo do Ensino Superior 2010, divulgado no fim do ano passado. Os números mostram a importância desse tipo de ensino para a qualificação de docentes: dentre 1,3 milhão de estudantes de cursos de formação de professores, mais de 400 mil estão inscritos em instituições de Educação a Distância (EAD). Dos 230 mil que concluíram uma licenciatura há dois anos, 70 mil saíram da EAD e a formação de educadores responde por 55% dos cursos on-line oferecidos no país.

Para os especialistas, a oferta desse tipo de ensino influencia na qualificação dos professores no Brasil. "Há dez anos, tínhamos um contingente muito grande de docentes que atuavam nas escolas sem formação adequada para isso, então o governo federal usou a EAD em universidades públicas como forma de incentivar esse pessoal a se graduar", explica a responsável pela Coordenadoria de Educação a Distância da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), Angelita Quevedo.

Uma das vantagens da EAD para os professores em formação é que eles não precisam sair de onde moram, o que democratiza o acesso e possibilita que docentes de cidades do interior, que não contam com universidades, possam concluir um curso superior.

A professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Maria de Fátima Guerra de Sousa cita que, na UnB, 2 mil professores já foram formados a distância em 13 municípios do Acre em cursos como Pedagogia, Educação Física e Artes Cênicas. "Se não fosse a EAD, imagine a dificuldade para um estudante de Cruzeiro do Sul [cidade no Oeste do Acre] obter um diploma de licenciatura da UnB."

Para ela, a educação a distância é uma forma de chegar aonde o aluno está e provocar mudanças na comunidade onde vive. "A formação motiva os professores a continuarem estudando e a trabalharem de maneira mais qualificada com seus alunos."

Qualidade

Segundo a professora da UnB, é mito achar que a EAD não capacita adequadamente os profissionais para atuar nas escolas. "Não é a distância que determina a qualidade de uma graduação, mas vários outros fatores, como o material oferecido, os espaços para discussão com professores e alunos, o embasamento teórico e a oferta de experiências práticas, e isso pode ser suprido por um bom curso a distância".

Quanto à estrutura dos cursos, a formação a distância mantém as mesmas exigências da presencial. "Há uma legislação que assegura que todos os cursos de licenciatura devem ter 400 horas obrigatórias de estágio dentro de uma escola e isso também vale para os a distância", explica Angelita.

Além do cumprimento de estágio, o aluno ainda tem a exigência de cumprimento de atividades acadêmicas, realiza provas, faz apresentação de TCC e só termina o curso se atingir a média de notas estabelecida pela instituição. "Todos esses requisitos aumentam o grau de exigência e reforçam a qualidade da formação oferecida."

EAD concilia formação e trabalho

Depois de fazer uma graduação em Administração, duas pós-graduações – uma delas em Metodologia do Ensino –, e lecionar disciplinas técnicas em escolas estaduais até 2008, o comerciante Carlos Olimpio Borck Neto, de 56 anos, decidiu voltar à universidade em busca de uma formação mais abrangente e hoje é aluno do último período da graduação a distância em Pedagogia do Centro Universitário Uninter. "A Pedagogia foi uma forma de aprender sobre como lecionar, mas, principalmente, refletir e conhecer o cidadão que quero formar na escola. Hoje, me sinto preparado para ser um professor muito melhor", diz. A opção pelo ensino a distância veio pela possibilidade de conciliar as aulas e o trabalho em sua loja. "Percebi que assim conseguiria me organizar melhor para estudar", explica.

Crítica

Especialista diz que falta de contato pessoal não é preocupante

Entre as críticas à formação de professores pela EAD um dos argumentos mais recorrentes é que a qualificação desses profissionais seria inconsistente, por não oferecer o contato entre os colegas e a troca de experiências em sala. Para a doutora em Educação e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ana Beatriz Gomes Carvalho, isso não chega a ser um problema. "O que é determinante é ter o embasamento teórico, oferecido pelas aulas, e a prática construída nos estágios durante o curso, além de ter um espaço para discussão e troca de ideias, que podem ser feitas tranquilamente no ambiente virtual."

O contato com a internet é, segundo ela, um diferencial positivo dos alunos de cursos a distância, que teriam uma formação mais sólida sobre o uso de tecnologia em sala. "Eles são alunos de uma plataforma virtual, sabem lidar com tecnologia e são formados para trabalhar com esse novo ambiente de aprendizagem."

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.