O primeiro casamento coletivo indígena do país está sendo realizado nesta terça-feira (22) na aldeia Mapuera, no município de Oriximiná, na região oeste do Pará. A cerimônia reúne cerca de 300 casais e é promovido pela Defensoria Pública do estado e atende a um pedido feito pelos próprios indígenas, segundo a defensoria.
Os indígenas pretendem, com o matrimônio, resolver pendências previdenciárias e ter acesso a pensões, aposentadorias, entre outros benefícios. Segundo a defensoria, essa foi a forma mais fácil que os indígenas encontraram para obterem a documentação necessária para ter acesso aos benefícios. Também contribuiu para a opção pelo casamento que a grande maioria dos mais de 1,2 mil índios que vivem na aldeia Mapuera declarar-se como evangélico, cujos membros têm um grande apreço pelo matrimônio.
Todas as despesas relacionadas às custas de cartório, para emissão das certidões de casamento, serão pagas pela Defensoria Pública estadual. Mais de 1,2 mil índios vivem na aldeia Mapuera e a grande maioria declara-se como evangélico.
Apesar de se submeterem ao casamento nos moldes de uma cultura não-indígena, os noivos que fazem parte de dez etnias diferentes, entre elas Wai Wai, Katwena, Tunayana e Caxuyana - usaram vestimentas conforme suas origens.
Como muitos dos indígenas não falam o português, o que dificulta a relação com a previdência social, a Fundação Nacional do Índio (Funai) fará a mediação com os órgãos do sistema público. O defensor Mário Printes, que atuou como juiz na formalização dos casamentos, também estava caracterizado com ornamentos e pinturas indígenas. Para ele, vestir-se dessa forma "é uma forma de respeitar os costumes dessas etnias".
Oriximiná está a cerca de 820 quilômetros de Belém. A viagem de avião do município até a aldeia de Mapuera leva cerca de duas horas. O local é conhecido por suas belezas naturais e por abrigar mais de 50 cachoeiras.