O desperdício de água na rede de distribuição de Curitiba chega quase a 40%. De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil em conjunto com a GO Associados, 39,11% da água distribuída pela Sanepar não chega às casas dos curitibanos. O valor é superior à média nacional, que é de 36,70%.
Os números são de 2015 e levam em conta os dados divulgados pela própria empresa paranaense. O índice avalia o volume que é produzido e tratado pela companhia e aquilo que é consumido pelos usuários, servindo como uma espécie de síntese de eficiência do sistema como um todo. A pesquisa não considera o que é desperdiçado dentro das residências, mas somente aquilo que se perde durante a distribuição, seja com vazamentos ou fraudes.
Como ajudar
Embora o índice de perda na distribuição leve em conta o volume de água que é desperdiçado somente na rede das cidades, a população pode fazer a sua parte para ajudar a reduzir esses valores. “Quando a população avisa a Sanepar sobre algum vazamento, já colabora com a redução do índice”, afirma Marcelo Depexe. “Nesses casos, o vazamento é consertado em até 4 horas”.
Ele também destaca a importância de denunciar fraudes e aponta um crescimento no número de “gatos” feitos na rede de água de Curitiba.
Segundo o engenheiro da Sanepar, Marcelo Depexe, o desafio está na própria dificuldade de monitorar a rede em uma cidade de grande porte. “Em uma cidade menor, com uma rede menos complexa, é mais fácil identificar vazamentos e reduzir essas perdas”, aponta destacando que o inverso também é verdadeiro. A Região Metropolitana de Curitiba possui cerca de 300 pontos de medição da Sanepar, que faz uma média de 530 consertos por dia.
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Ainda assim, o sócio da GO Associados e pesquisador do instituto, Pedro Scazusca, considera o cenário curitibano positivo. “Curitiba ocupa uma posição intermediária entre as cidades com menos perda de distribuição no país. Ainda tem o que melhorar, mas já é um índice razoável”, explica. Entre as capitais, Curitiba ocupa a 11.ª colocação. Porto Alegre lidera o ranking, com apenas 16,95% de perda.
Outro ponto que ambos os especialistas destacam é a idade e a conservação da rede de distribuição e o impacto que isso tem na eficiência do serviço. “Quando a rede começa a envelhecer, é preciso fazer a substituição e isso tem um custo elevado”, afirma o engenheiro da Sanepar. “Apesar da tarifa ter um custo para a população, ela é pequena perto do custo de tratamento, distribuição e atualização de sistema”. Para ele, em muitos casos, essas cifras são muito mais altas do que os prejuízos causados pela perda.
No bolso do consumidor
De acordo com Depexe, a ideia de que um menor desperdício se converteria em uma tarifa mais barata para o usuário pode ser verdadeira, mas há muitos pormenores no caminho. E um deles é esse investimento. “Tem de ser um investimento contínuo. Tem de investir para consertar e melhorar os índices. Só a partir disso é que vamos ver uma amortização da tarifa”, conta. “Pode ser que o valor tenha que aumentar para cobrir os custos”.
Para o pesquisador do Trata Brasil, esse é um ciclo positivo em que as empresas precisam entrar. “Uma empresa que perde menos tem um melhor resultado e mais condições de investir e entregar mais. O indicador é só uma síntese disse”, afirma Scazusca.
A Sanepar realiza o trabalho preventivo. Segundo o engenheiro, novos equipamentos foram adquiridos em 2016 e outros projetos estão sendo elaborados para otimizar a manutenção e reduzir o desperdício. “A ideia é criar 74 novos setores de distribuição na RMC para oferecer mais controle operacional e agilidade para identificar vazamentos”, detalha. Ainda assim, ele lembra que isso exige obras e que os resultados devem demorar um pouco a aparecer.
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