Alguns bairros das regionais Matriz e Portão concentram pouco mais da metade dos 130 terrenos, casas e construções abandonados de Curitiba mapeados neste ano pela Secretaria Municipal de Urbanismo. Popularmente conhecidos como "mocós", esses espaços, ainda que de forma temporária, acabam ocupados irregularmente por moradores de rua e usuários de drogas, causando reflexos diretos na segurança e na deterioração dessas regiões.
O levantamento mostra que 42,3% dos espaços abandonados correspondem a terrenos, enquanto 27,6% são construções desocupadas ou em ruínas. Em número menor, 12,3% dizem respeito a terrenos e edificações abandonados localizados em um mesmo espaço. A geografia dos "mocós" demonstra ainda que as construções tendem a se concentrar nas áreas centrais.
"Um imóvel abandonado e cheio de mato dá a impressão de que o poder público não está presente. Em pouco tempo, esses locais passam a ser usados como ponto de consumo de drogas e prostituição", aponta o delegado Amarildo Antunes, do Centro de Operações Policiais Especiais.
Um exemplo é o terreno baldio localizado próximo ao Centro Municipal de Educação Infantil Vila Hauer. O muro pré-moldado não impede que pessoas invadam a área em plena luz do dia para usar drogas. "As educadoras têm medo de passar. Os pais de alunos sentem-se incomodados e receosos. Ninguém tem paz", diz uma funcionária do CMEI que prefere não se identificar.
O mesmo problema ocorre com um prédio abandonado na Rua Tenente Eduardo Mesquita, no Campina do Siqueira.
Especulação
Segundo a Secretaria de Urbanismo, a maior parte dos espaços mapeados corresponde a imóveis que fazem parte da massa falida de empresas ou estão envolvidos em processo de herança. Mas a especulação imobiliária também tem culpa.