Aproximadamente 440 famílias que compraram apartamento em um condomínio de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, vivem a angústia da espera pela entrega do imóvel, que já se arrasta por mais de dois anos. As primeiras torres deveriam ter sido concluídas em junho de 2014, mas as obras estão praticamente paradas. Não há sequer perspectivas para que os compradores, enfim, peguem as chaves. Por outro lado, pequenos empreiteiros que foram contratados pela construtora estão há meses sem receber e também temem prejuízo.
O condomínio Parque das Nações Europa deverá ter 13 torres, com 624 apartamentos, no total. Além da oportunidade de realizar o sonho do apartamento próprio, muitos dos compradores foram atraídos pela confiabilidade da marca por detrás do empreendimento: os vendedores se apresentavam como pertencendo ao Grupo JMalucelli. No avançar da obra, no entanto, os clientes descobriram que outras duas empresas - a Emec Imóveis Ltda. e a Formula Empreendimentos – eram os verdadeiros responsáveis pela construção.
“Posso dizer que 99,9% dos compradores só fecharam negócio por causa da marca JMalucelli. Aquilo que era para ser nossa segurança foi um golpe”, disse o funcionário público Luiz Fernando Piazza, que adquiriu um dos apartamentos.
O grupo de compradores passa de 200 pessoas, que se dizem vítimas de um golpe e que têm peregrinado entre as empresas e a Caixa Econômica Federal – financiadora do empreendimento – na busca de uma solução. Cada um guarda seu dossiê, com uma série de documentos, que incluem cartões de visita de corretores, folders do empreendimentos e o próprio contrato, todos com a logomarca da J.Malucelli Imóveis.
A última tentativa de acordo ocorreu em 28 de março, quando, em reunião realizada em uma agência da Caixa, os responsáveis pelo empreendimento se comprometeram a entregar os apartamentos em abril. Até agora, no entanto, não há perspectivas de que os compradores vejam as chaves.
“Nos mandam pra lá e pra cá, em um jogo de empurra-empurra. Enquanto isso, sofremos com o atraso. Tudo que a gente queria era reaver o que a gente gastou, os danos morais, ou, enfim, ter o direito ao que a gente comprou”, definiu o analista de qualidade, Matheus Bassoli Minari.
Por outro lado, os clientes reclamam do que consideram conivência por parte da Caixa. A partir do sétimo mês depois do fim do prazo, os compradores teriam direito a um aluguel no valor do cobrado na área do empreendimento, mas eles alegam não ter recebido. Além disso, por causa do atraso, a a instituição teria poderes para substituir a construtora e garantir o andamento da obra.
“A Caixa simplesmente não faz nada. O funcionário que estava conduzindo a negociação com a construtora se aposentou. Desde então, não conseguimos sequer sermos atendidos”, apontou Minari.
Sem vínculo
Por meio de nota, o Grupo JMalucelli afirmou que não tem qualquer vínculo com a empresa que se apresentava como J.Malucelli Imóveis, “nem tampouco com outras empresas a ela vinculadas e responsáveis pelo empreendimento Parque das Nações Europa”. O Grupo JMalucelli disse ainda que já adotou as “medidas cabíveis para proteção de seu direito contra o uso do no ‘JMalucelli’ por terceiros”. Por fim, o grupo afirma que “vem diligenciando” para que o assunto referente ao Parque das Nações seja assumido pelos “verdadeiros responsáveis”.