Recife - Levantamento parcial da Secretaria de Educação de Pernambuco mostra que 12 escolas estaduais e municipais foram destruídas e outras 62 ficaram danificadas, afetando pelo menos 45 mil alunos na área mais castigada pelas chuvas e enchentes no estado. Somente em Água Preta, na Zona da Mata, 14 escolas municipais foram atingidas pelas águas: quatro foram totalmente destruídas, quatro parcialmente destruídas e seis danificadas.Pelo menos 3,5 mil alunos estão sem sala de aula. "Nós vamos dar um jeito, não vamos deixar estas crianças sem estudo e sem merenda", afirmou a secretária municipal de Educação, Albertina Melo, ao frisar que no atual quadro de tragédia que vive o município, a escola funciona como um porto seguro, capaz de dar estabilidade e também apoio e alimentação para as crianças.
Ela aponta três possibilidades emergenciais que poderão ser adotadas depois de discussão com a prefeitura: adoção de um horário intermediário (reduzido para três horas) nas escolas não atingidas, que poderiam ceder suas salas para parte dos que ficaram sem sala de aula; fazer temporariamente do clube municipal uma grande escola; e construir escolas modulares, pré-fabricadas.
Segundo a secretária executiva de Educação de Pernambuco, Margareth Zaponi, o número de alunos prejudicados deverá crescer muito, quando for regularizada a comunicação com os 39 municípios mais afetados 12 estão em situação de calamidade pública (caso de Água Preta) e 27 em estado de emergência. Das 195 escolas estaduais da região alvo das enchentes, 50 foram atingidas sete destruídas e 43 danificadas , prejudicando 38 mil alunos.
Margareth diz que, se o tempo não provocar mais tragédias, o ano letivo não será estendido para 2011. Sua preocupação maior é com as cidades que tiveram escolas completamente destruídas. "Teremos de esperar a demarcação da nova parte da cidade a ser construída para identificar onde ficará a escola, para só então as obras serem iniciadas", observou. Segundo ela, sem chuva é possível construir galpões pré-fabricados para atender os alunos enquanto as novas escolas não ficam prontas.
As defesas civis e o Corpo de Bombeiros dos estados de Alagoas e Pernambuco informaram ontem que os níveis dos rios Jacuípe e Mundaú estão baixando, depois das chuvas dos últimos dias, mas não há previsão de quando devem voltar ao normal.
Leptospirose
Duas semanas após a enchente que devastou a região cortada pelo Rio Mundaú, em Alagoas, unidades de saúde se preparam para um possível surto das "doenças da chuva" leptospirose, febre tifoide, dengue e cólera. Ao menos seis casos suspeitos de leptospirose, doença contraída pelo contato com a urina do rato, já foram registrados em Murici e União dos Palmares. O médico Luiz Gustavo Cury Cardoso, que atua no hospital de campanha de Branquinha, onde dois postos de saúde da família foram destruídos, diz que moradores são atendidos em uma tenda de lona e recebem tratamento em um contêiner com ar-condicionado. Em média, 80 pessoas passam todos os dias ali. Dez, diz o médico, apresentam doenças gastrointestinais, consequência das inundações.
Em Murici, os 12 leitos de pediatria do hospital municipal Dagoberto Uchôa estão lotados. Crianças com diarreia e suspeita de dengue são atendidas por servidores que também perderam as casas.