Em todo o mundo, estima-se que cerca de 230 milhões de pessoas (5% da população adulta, com idade entre 15 e 64 anos) tenham usado alguma droga ilícita pelo menos uma vez em 2010. O vício atinge cerca de 27 milhões de pessoas, o que representa 0,6% da população mundial. Praticamente uma em cada 100 mortes entre adultos no mundo é atribuída ao uso de entorpecentes.
Os dados fazem parte do Relatório Mundial sobre Drogas 2012, divulgado ontem pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc). Segundo a publicação, o consumo e a produção de drogas ilícitas, como a cocaína, a heroína e a maconha, têm ficado estáveis, apesar de mudanças nos fluxos e mercados de consumo dessas substâncias.
O relatório mostra ainda que 13% dos usuários de drogas têm problemas com a dependência, incluindo distúrbios e o aumento da incidência de contração do vírus HIV, de hepatite C e hepatite B entre usuários de substâncias injetáveis.
De acordo com o Unodc, a maconha e os estimulantes do tipo anfetaminas são as drogas mais usadas no mundo. Globalmente, o consumo de cocaína ficou estável, com o número de usuários estimado em 2010 entre 13,3 milhões e 19,7 milhões, correspondendo a 0,4% da população adulta mundial. Na América do Sul, a Unodc informa que houve uma redução do uso de cocaína. No período de 2009 a 2010, a prevalência caiu de 0,9% para 0,7% da população.
Dados incompletos
O dado, no entanto, não é seguro, pois, entre outros motivos, não tem informação precisa sobre o consumo da droga no Brasil. "A falta de dados novos para este país impede um melhor entendimento do impacto nas estimativas regionais", descreve o relatório.
Segundo Bo Mathiasen, representante do Unodc para o Brasil e Conesul, os dados disponíveis sobre o consumo da cocaína e seus derivados no país ainda são de 2005. "Nós não sabemos qual é a prevalência do consumo de crack e de cocaína no Brasil", reconheceu, em entrevista à Agência Brasil.
Apesar da falta de informação, o Unodc atesta que houve aumento recente do consumo da cocaína no Brasil. "A percepção é de que aumentou. Até que nível, nós não sabemos com certeza", disse Mathiasen. A explicação para o suposto aumento do consumo se dá pelo crescimento da renda em alguns estratos sociais e também pela penetração do crack que utiliza a pasta de coca, mais barata que a cocaína pura na população mais pobre. "Tornou-se bastante visível que as pessoas estão usando crack; e as pessoas que estão usando crack são dos grupos sociais de menor renda, que devem estar entrando no consumo de cocaína e de derivados", aponta Roberto Tikanori, coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde.