Um dos objeitos da Via Calma da Avenida Sete de Setembro é diminuir atropelamentos na região| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

Mais de 1,3 milhão de pessoas morrem no trânsito por ano em todo o planeta. Pensando em ajudar a reduzir esse número, o World Resources Institute – uma organização global com representantes em mais de 50 países – publicou um relatório com recomendações para tornar as cidades mais seguras do ponto de vista do design. Para facilitar o entendimento, reunimos as mais de 30 recomendações em cinco tópicos.

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“Só reduzir a velocidade não é suficiente”, diz especialista

Confira entrevista com Marta Obelheiro
, coordenadora de projetos de saúde e segurança da WRI Brasil Cidades Sustentáveis

Por que cidades de países menos desenvolvidos têm mais mortes no trânsito?

Em geral, as cidades mais desenvolvidas foram desenhadas e construídas para priorizar as pessoas com ambientes urbanos mais agradáveis. No Brasil, focaram na circulação de automóveis. Não com surpresa, temos mais automóveis nas nossas vidas. Se elas tivessem outro desenho, teríamos mais pedestres. Mas isso vem mudando aos poucos nas cidades brasileiras.

Mas há um argumento econômico contra essas medidas. Comerciantes costumam reclamar...

É importante [que os gestores] contabilizem os benefícios das medidas. Ainda existe no Brasil a cultura pró-automóvel, mesmo tendo enormes congestionamentos e muitos mortos e feridos. Mas os investimentos mais voltados às pessoas no trânsito também trazem resultados econômicos importantes. São, por exemplo, economizados recursos preciosos na saúde pública. Além disso, há estudos dos casos de Copenhague e Portland mostrando que ciclistas e pedestres movimentam mais o comércio do que os usuários de automóvel.

E os questionamentos de que falta debate público na implantação dessas medidas em algumas cidades brasileiras?

O caso de Nova Iorque é muito interessante porque parte das medidas adotadas, como prolongamento de calçadas, ciclovias, teve resistência. O poder público então se valeu do recurso de usar projetos pilotos com materiais que poderiam ser removidos e monitorou os impactos. Os resultados foram tão positivos que a opinião pública passou a apoiar as medidas.

São Paulo reduziu a velocidade de diversas vias. Curitiba está indo na mesma linha. Ainda funciona reduzir a velocidade sem mudar o desenho das vias?

A redução da velocidade é uma prática que deveria ser sempre adotada. Mas ela deve ser completada por um redesenho da via. É sabido que somente a sinalização não basta e uma fiscalização severa precisaria de muitos recursos. Mas quando há esse redesenho, é natural que as pessoas respeitem os limites porque é fisicamente impossível acelerar mais.

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