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Greve teve ontem 100% de adesão na parte administrativa | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Greve teve ontem 100% de adesão na parte administrativa| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Prazo

Justiça havia dado 90 dias para demissão de funcionários

No dia 17 de junho expira o prazo dos 90 dias concedidos pela Justiça do Trabalho para que a UFPR e o HC demitam os 916 funcionários contratados via Funpar. A reitoria tenta dialogar com o Judiciário e com o MPT para manter os funcionários na instituição. Em março, o juiz Sandro Augusto de Souza concedeu esse prazo para a demissão desses trabalhadores e que eles devem ser "substituídos por servidores devidamente concursados". Em caso de descumprimento da decisão, o HC e a UFPR, mantenedora do hospital, estarão sujeitos a uma multa diária que varia de R$ 5 mil a R$ 150 mil.

Até o momento, não há uma definição se os trabalhadores da Funpar poderão continuar na instituição. Carmen Moreira, que atua há 23 anos, no HC e é funcionária da Funpar revela que o clima de desespero tomou conta de todos. "A gente vê o pessoal muito preocupado, chorando. Tem gente que precisa desse emprego para pagar suas contas. A maioria já tem certa idade e é complicado buscar um novo trabalho agora", conta. Em abril, o Sinditest protocolou na Justiça do Trabalho e no MPT solicitando a prorrogação do prazo da demissão dos funcionários de 90 para 180 dias.

A Justiça do Trabalho determinou ontem o retorno de 50% dos 916 trabalhadores vinculados à Funpar que estão em greve no Hospital de Clínicas (HC) do Paraná. Outros servidores do hospital que aderiram ao movimento não foram contemplados pela decisão.

Os trabalhadores vinculados à Funpar deveriam retornar ao trabalho já a partir da zero hora hoje, sob pena de multa no valor de R$ 30 mil por dia. Durante uma audiência realizada ontem para tentar minimizar os impactos negativos da paralisação para o hospital, foram apresentadas algumas propostas aos trabalhadores. "A juíza fez algumas propostas e as condicionou à suspensão do movimento de greve", conta a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba (Sinditest-PR), Carla Coblachini.

De acordo com Carla, entre as propostas apresentadas está um reajuste salarial de 7,64% para trabalhadores com um salário de até R$ 2,4 mil; 6,3% para aqueles que ganham até R$ 3,4 mil; e 5,82% para funcionários que recebam mais de R$ 3,5 mil por mês. Além disso, a suspensão da execução das demissões que haviam sido decretadas pela Justiça. "Essa suspensão ainda depende de alguns desdobramentos da Universidade Federal", explica Carla.

Às 7 horas de hoje, os trabalhadores da Funpar devem realizar uma assembleia para decidir se aprovam ou não as propostas e o fim da paralisação. Uma nova audiência está marcada para às 15 horas na Justiça do Trabalho. Devem participar da audiência representantes do Sinditest, Funpar, UFPR, Ministério Público Federal e Procuradoria da República.

Os funcionários do HC contratados pela Funpar paralisaram seus serviços na manhã de ontem. Antes da reunião à tarde, os trabalhadores exigiam reajuste salarial de 18,9% e aumento do vale-alimentação de 11,91%. Eles também cobraram a extinção da ação judicial que determina a demissão de todos os servidores contratados pela fundação até junho.

Impacto

O primeiro dia da greve registrou, segundo o HC, uma adesão de 257 do total dos 2,8 mil funcionários – desses 133 são contratados pela Funpar, que possui 916 funcionários na instituição. Dos 411 leitos ativos, 45 foram bloqueados devido à greve – o que representa perto de 11% dos leitos. Além disso, das nove salas de cirurgia apenas três funcionaram para realizar procedimentos considerados urgentes.

Também foram prejudicados os setores de coleta, agendamento de consultas e alguns ambulatórios. Todos os aproximados 130 exames de imagem foram cancelados. Apesar de todos os técnicos do laboratório de coletas terem aderido à greve, os atendimentos foram realizados por residentes ou através de remanejamento de profissionais de outras áreas.

O hospital informa que houve adesão total dos funcionários administrativos, o que resultou em ambulatórios sem secretários. Mesmo os médicos atenderam as consultas agendadas, porém com demora. "Demorou um pouco, mas consegui que minha filha fosse atendida. Os médicos estavam fazendo a função de secretários", conta a dona de casa Eliane Boardi. Houve ainda prejuízo na marcação de consultas e exames.

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