Estudantes criam sacolinha de cola
A poluição provocada por sacolas plásticas é um problema ambiental que desperta a atenção de vários setores da sociedade. Com tanta gente envolvida e diversas propostas apresentadas, difícil imaginar que uma solução viável para esse desafio seria desenvolvida por alunos da educação básica.
Matheus Padilha e Adriana Guetter, ambos com 15 anos, não se intimidaram diante do macroproblema e elaboraram o protótipo de uma sacola feita de cola escolar atóxica e solúvel em água tão resistente quanto os modelos convencionais.
O experimento, desenvolvido em 2011, quando a dupla do Colégio Positivo ainda estava no 9.º ano, será um dos 19 projetos paranaenses apresentados a partir de hoje na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), a maior do país e ponte para feiras internacionais.
PR discute veto à lei que proíbe embalagens
A exigência de distribuição somente de sacolas plásticas biodegradáveis em estabelecimentos comerciais será debatida nos próximos dias na Assembleia Legislativa do Paraná. No final do ano passado, os deputados estaduais aprovaram um projeto de lei, mas a proposta foi vetada pelo governador Beto Richa, com os argumentos de que o custo seria repassado ao consumidor e que algumas embalagens tidas como alternativas são tão poluentes quanto as convencionais.
Agora os parlamentares precisarão decidir se acatam a decisão do governador ou se ignoram o veto e transformam o projeto em lei. A proposta prevê também que as sacolas oferecidas pelo comércio devem ser confeccionadas com material resistente.
Katia Brembatti
Experiência
Vários países cobram por sacolinhas
É mundial o debate sobre o uso corriqueiro de sacolas plásticas. Na maioria dos países, a saída encontrada foi cobrar pela facilidade como uma forma de desestimular o consumidor. Na Irlanda, por exemplo, as sacolas plásticas foram vendidas, inicialmente, a 15 centavos de euro. Com isso, houve a redução de 94% no consumo individual. Antes de 2002, cada irlandês usava 300 sacolas por ano. Agora, o número é de 21 sacolas anuais. Hoje, o preço da sacola é de 22 centavos de euro. O comércio oferece sacolas retornáveis.
Na Inglaterra, as sete maiores redes atacadistas assinaram acordo voluntário com o governo para reduzir à metade o consumo de sacolas plásticas até 2009. Para atingir a meta, houve investimento em ações de educação e conscientização dos consumidores, além da adoção de programas de fidelidade e campanhas de reciclagem.
Os Estados Unidos e o Canadá não têm leis nacionais regulando o uso de sacolas. Nesses países, cabe a cada estado adotar sua norma. Em Toronto, no Canadá, desde 2009 os comerciantes cobram 5 centavos de dólar por sacola plástica. O governo local incentiva que o dinheiro arrecadado seja usado na própria comunidade ou em iniciativas ambientais.
Das 27 capitais brasileiras, 17 já aprovaram leis que proíbem ou regulam o uso de sacolas plásticas em supermercados e outros estabelecimentos comerciais, aponta levantamento feito pela Agência Brasil. Curitiba e o restante do Paraná podem aumentar essa conta em breve, já que o assunto está sendo debatido na Assembleia Legislativa (leia mais nesta página). Manaus e Fortaleza também estão discutindo se devem estabelecer restrições.
As iniciativas já têm resultado: no Brasil, o número de sacolas plásticas distribuídas era de 17,2 bilhões por ano em 2008 e no ano passado somaram 15 bilhões. Entretanto, aprovar a lei não significa colocá-la em prática. Em diversas cidades há ações na Justiça para suspender a aplicação da norma ou faltam fiscalização e programas de conscientização para reduzir o consumo.
Em Recife, a Justiça considerou inconstitucional a lei que obriga o fornecimento, por parte dos comerciantes, de sacolas oxibiodegradáveis que contêm um aditivo que causa degradação mais rápida. O argumento é que o município não pode legislar sobre matéria de meio ambiente. Essa competência, segundo a Constituição, cabe à União, aos estados e ao Distrito Federal.
Na maior cidade do país, São Paulo, a Justiça também considerou a lei inconstitucional. Entretanto, foi assinado um acordo com a Associação Paulista de Supermercados para que, até 3 de abril, os estabelecimentos forneçam gratuitamente caixas de papelão ou sacolas biodegradáveis por R$ 0,19 e ecobags por R$ 1,80. A partir de 4 de abril, os consumidores deverão transportar suas compras em sacolas próprias.
O ideal, segundo o presidente do Instituto Sócioambiental dos Plásticos (Plastivida), Miguel Bahiense, é o uso racional das sacolas plásticas. Ele destacou que estudos mostram que sacolas plásticas têm melhor desempenho, inclusive no acondicionamento de lixo, do que outras embalagens. "Num aterro sanitário 0,2% é sacola plástica, 65% são material orgânico. A saída é ter incineração, reciclagem energética", diz.
Para a fundadora da Fundação Verde (Funverde), Ana Domingues, a solução é acabar com as sacolas plásticas e educar o consumidor a usar engradados ou sacolas retornáveis. Caixa de papelão, segundo ela, deve ser a última opção. "Já passou da hora de banir as sacolas. Não tem lógica usar um segundo para fabricar um produto, usar por meia hora e demorar 500 anos para tirar do meio ambiente", comentou.
Abandonar a sacola plástica tem sido a decisão de muitos consumidores, mesmo antes de leis regularem o assunto. A dona de casa Maria do Carmo Santos, por exemplo, diz que as sacolas retornáveis oferecem maior resistência, durabilidade e segurança para as suas compras. "Eu já abandonei o uso das sacolinhas de plástico há muito tempo. Elas poluem demais e sujam nossa casa. Eu até faço coleção dessas sacolas ecológicas, que são lindas, práticas e duram muito mais do que as de plástico", disse.
A dona de casa Graciana Maria de Jesus tem a mesma opinião. Para ela, as sacolas plásticas oferecidas no mercado não são de boa qualidade. "Essas sacolinhas de mercado não valem nada! Além de a gente passar raiva, porque rasgam com facilidade e nem para colocar no lixo servem. Comprei essa bolsa (ecobag) que dá para colocar mais produtos e para carregar é bem melhor", disse.
Interatividade
Curitiba e o Paraná devem banir a distribuição gratuita de sacolas plásticas? Por quê?
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