Falta vontade política para escola ser atrativa
O ensino médio é apontado por educadores como principal gargalo da educação brasileira. Apesar de esforços, como a tentativa de organizar um novo currículo, em discussão no Conselho Nacional de Educação (CNE), falta vontade política para fazer com que os jovens se sintam atraídos pela escola, na opinião do presidente da Câmara de Educação Básica do CNE, Cesar Callegari.
Pretos e pardos são 15% entre mais ricos
Os brasileiros que se autodeclaram pretos ou pardos continuam sendo minoria no seleto grupo dos 1% mais ricos do país. Mas a Síntese de Indicadores Sociais registra que, em dez anos, houve aumento de 8% para 15% na proporção dos que, dentro dessa elite econômica, identificaram-se como pretos ou pardos. Tal faixa de renda tinha, em 2008, 1,8 milhão de pessoas cuja renda familiar per capita média era de R$ 7.259. Ninguém com rendimento per capita inferior a R$ 4,4 mil estava nesse seleto grupo. O pequeno avanço na distribuição da riqueza, no entanto, não aconteceu quando se analisam apenas os dados de pobreza.
Pobreza atinge 44,7% das crianças e jovens
Embora tenha havido melhorias, 44,7% das crianças e adolescentes de até 17 anos viviam, em 2008, em situação de pobreza, com rendimento domiciliar per capita correspondente a menos de meio salário mínimo. Desse total, 18,5% estavam em situação de extrema pobreza, caracterizada por uma renda per capita inferior a um quarto do salário mínimo, segundo o IBGE.
Rio de Janeiro - Apesar dos avanços registrados nos últimos dez anos, quase dois terços dos jovens de 18 a 24 anos no Brasil ingressam no mercado de trabalho sem ter concluído o ensino médio. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais, divulgada ontem pelo IBGE, o percentual de brasileiros nesta faixa que havia, pelo menos, concluído o nível médio foi de 37% em 2008.
Olhando para trás, o avanço foi significativo, pois a taxa, que estava em 18% em 1998, dobrou em um período de dez anos. Apesar da melhoria, o Brasil ainda está distante do padrão de países desenvolvidos, tendo avançado em ritmo menor em relação a algumas nações.
Para o economista Fernando Veloso, do Ibmec/RJ, a meta de ter 100% dos jovens com o ensino médio completo está distante de ser atingida até por países ricos. No atual ritmo, o Brasil só atingirá daqui a 30 anos, diz Veloso, o nível atual de escolaridade e acesso ao ensino médio do Chile.
Ele afirma que o Brasil poderia ter objetivos mais realistas, inspirados em países de perfil parecido, como no caso chileno, onde, segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), 64% da população de 25 a 34 anos tem nível médio completo. O Brasil, trabalhando com esse mesmo recorte de idade, tem 26 pontos a menos.
"Todos os países têm melhorado. A questão é ver a velocidade. Os dados da OCDE mostram que, comparando duas gerações num mesmo país, nosso progresso ainda é menor, por exemplo, que o de Coreia, Irlanda, Chile, Grécia e Portugal, afirma Veloso.
Para Célio da Cunha, consultor em educação da Unesco no Brasil, os dados do IBGE ressaltam a urgência de ampliar a obrigatoriedade de frequentar a escola até o ensino médio. Hoje, a Constituição considera como obrigatória só a matrícula no ensino fundamental.
"A Irlanda, há 20 anos, tomou a decisão de universalizar o ensino médio. Com o processo de globalização, as exigências de qualificação são cada vez maiores. O Brasil deve se esforçar para também estabelecer como mínimo o nível médio, declara Cunha.
Ana Lúcia Sabóia, gerente do IBGE, diz que as principais dificuldades de universalizar o ensino médio são a complexidade que ele demanda (mais professores, equipamentos etc.) e o fato de ser, no Brasil, exclusivamente competência dos estados o fundamental é atribuição das prefeituras.
Desigualdades
Outros dados relativos à educação na pesquisa divulgada ontem pelo IBGE seguem a mesma tendência de melhoria, mas ainda num patamar distante do ideal.
Na faixa etária de 15 a 17 anos, em que o jovem deveria estar cursando o ensino médio se não houvesse atraso em sua trajetória escola, 51% estavam no nível adequado para sua idade. Em 1998, a proporção era de 30%.
Neste indicador, como em outros, a desigualdade é significativa. Considerando apenas jovens de 15 a 17 anos que estavam entre os 20% mais pobres da população, a proporção de frequência ao ensino médio era de 31%, o que significa que 69% ou estavam ainda no ensino fundamental ou já haviam abandonado os estudos.
Já entre os 20% mais ricos, a proporção dos jovens no nível médio chegou a 78%.
A pesquisa aponta que 8% das crianças de 9 anos de idade ainda não haviam sido alfabetizadas. No Nordeste, essa proporção chegava a 16%. A comparação das taxas de alfabetização por idade mostra que a maioria dessas crianças acaba aprendendo a ler e escrever mais tarde, já que aos 14 anos a proporção de analfabetos é de apenas 1%. Uma alfabetização tardia, no entanto, prejudica o desempenho em todas as disciplinas, e não apenas na alfabetização.
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