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O Brasil abriga atualmente 4,4 mil refugiados de 77 nacionalidades, sendo que 64,08% deles - cerca de 2,8 mil - têm como origem o continente africano, mostram dados divulgados nesta quarta-feira (3), em Brasília, pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

Dos refugiados em solo brasileiro, que deixaram seus países por motivos como conflitos e questões climáticas, mais de mil (22,88%) vieram de países do próprio continente americano. Outros 470 são asiáticos (10,7%) e quase cem vieram de países europeus (5% do total de refugiados).

Os dados da Acnur, de julho deste ano, indicam ainda que a nacionalidade com maior representatividade de refugiados no Brasil é a angolana (38%), que totaliza 1,6 mil pessoas. Os colombianos são 14,2% - 630 pessoas - e 10%, cerca de 450, são oriundos da República Democrática do Congo.

Há ainda 250 refugiados liberianos (5,8% do total) e outros 200 iraquianos (4,5%).

Os números foram divulgados em razão da visita ao Brasil do chefe da Acnur, Antônio Guterres, ex-primeiro-ministro de Portugal e ex-presidente do Conselho Europeu.

Considerando dados globais, em 2010 43,7 milhão de pessoas estavam foram de seus países - o maior número de refugiados dos últimos 15 anos, conforme a agência da ONU. 80% deles foram para países em desenvolvimento, sendo que os países que mais acolheram refugiados foram Paquistão (1,9 milhão), Irã (1,1 milhão) e Síria (1 milhão).

Cerca de 75% dos refugiados estavam em países vizinhos aos de suas origens. Refugiados afegãos e iraquianos são quase a metade dos refugiados, conforme a Acnur.

Para Guterres, não há uma "crise global" em relação ao crescimento do número de refugiados, mas sim uma preocupação em relação ao aumento dos casos. "O que tem chamado a atenção é que se olharmos veremos uma tendência [na alta de refugiados]. Diversos fatores combinam, desastres naturais, secas mais frequentes, mais intensas. Não há uma crise global iminente, mas há tendência de cada vez mais pessoas afetadas."

Conforme Guterres, a ONU precisa de mais recursos para financiar ações em prol dos refugiados, mas, principalmente, de mais recursos humanos. Ele apontou queos cinco países que mais enviam recursos à Acnur são Estados Unidos, Japão, comunidade europeia, Suécia e Noruega. O Brasil está entre os 20 países que mais contribuem, disse o alto comissário.

"O maior impacto não é financeiro. É em recursos humanos. Para dar um exemplo, em cada uma das emergências, é necessário enviar pessoal da Acnur que está a trabalhar em outras ações. Nos primeiros seis meses desse ano, tivemos mais pessoas em suprimento de emergência do que todo o ano passado. Isso representa enorme pressão sobre uma organização e coloca em causa nossa capacidade de agir com eficácia", afirmou Antônio Guterres.

Uma crise por mês em 2011

O alto comissário da ONU para refugiados afirmou ainda que, no primeiro semestre de 2011, o mundo viveu uma grave crise por mês envolvendo refugiados.

"Vivemos em seis meses uma crise por mês. Na Costa do Marfim foram 160 mil refugiados. Na Líbia, um milhão de pessoas cruzou as fronteiras. Depois teve Síria, Iêmen e a fronteira do Sudão e Sul do Sudão e agora a emergência dramática na África. Uma crise por mês em média e nenhuma das crises antigas se resolveu, as crises antigas não morreram", disse Guterres.

Os países árabes como Síria, Iêmen e Sudão registram conflitos por conta da revolta de parte da população em relação aos governantes. Na Síria, nesta semana, mais de 100 pessoas morreram em repressão a protestos contra o governo.

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