Perfurações e cortes por agulhas estão entre casos mais comuns| Foto: Hedeson Alves/Gazetta do Povo
Veja quais são os acidentes mais comuns e quem são as principais vítimas

Lidar com pessoas doentes, fazer curativos, coletar material para exames ou realizar cirurgias. São todos procedimentos rotineiros para os profissionais de saúde, mas que, se não forem feitos com o devido cuidado, podem representar um risco para a saúde de médicos, enfermeiros e residentes. Em 2009 foram registrados 6,8 mil acidentes com material biológico em hospitais do Paraná. Somente em Curitiba, foram mil. A falta do uso de equipamentos de segurança, desatenção e pouca experiência para realizar os procedimentos são apontados como as principais causas dos acidentes.

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De acordo a Secretaria de Estado da Saúde, a maioria dos casos (43%) envolve profissionais de enfermagem e acontece no quarto ou na enfermaria (39%). Outros 27% ocorrem no centro cirúrgico e 8% no pronto-socorro. Na maior parte das vezes, o acidente ocorre com materiais perfurocortantes, como agulhas. "Os acidentes podem acontecer durante procedimentos como coleta de sangue ou cirurgia, ou até mesmo depois que o material usado foi descartado. Se esse descarte não é feito de forma correta, o pessoal da limpeza pode se acidentar", explica a responsável pelo Núcleo de Epidemiologia e Controle de Infecção do Hospital do Traba­lhador, Heloisa Garcia Giam­­berardino. Para tentar reduzir o número de casos, o Hospital do Trabalhador está lançando uma campanha de conscientização intitulada "Segurança para quem cuida de pacientes". A iniciativa, que inclui distribuição de material orientativo, deve ser estendida a todos os hospitais do Paraná.

Os enfermeiros costumam ser a classe mais afetada devido ao tipo de atividade que exercem. "São os profissionais que mais manipulam seringas e agulhas", afirma Heloisa. Além de machucar e expor o profissional ao risco de contrair alguma doença, os acidentes representam custo para o hospital. Cada acidente gera, em média, quatro consultas médicas, desde o momento do contato até nove meses mais tarde, e 10 exames sanguíneos de acompanhamento.

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Sem falar no dano psicológico causado ao profissional, que fica preocupado com a possibilidade de ter contraído alguma doença. Depois de um acidente, se confirmado que o paciente era portador de vírus, o profissional recebe tratamento profilático. No caso de pacientes portadores do HIV, o profissional deve tomar antirretrovirais por 28 dias. O contato com o sangue de um paciente por meio de agulha representa até 30% de chance de infecção por hepatite B, 2% por hepatite C e 0,3% pelo HIV.

A residente de enfermagem do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná (HU), em Londrina, Aline Loyola Moura sofreu um acidente ao atender um paciente no ano passado. Ela fazia estágio na UTI e foi atender um paciente traqueostomizado. "O paciente estava entubado e, quando fui insuflar o balão, o paciente tossiu e um pouco de sangue e secreção que havia na cânula atingiu meus olhos", conta. No momento, Aline não estava usando nem máscara nem óculos de proteção. "Tinha colocado apenas uma luva. Na hora fiquei bastante nervosa e preocupada", diz. Logo após do acidente, Aline preencheu uma notificação. O sangue do paciente foi coletado para exames, mas nenhuma doença foi identificada.