A imposição do Comitê Olímpico Internacional (COI) contra manifestações de fé durante as Olimpíadas de Paris não amedrontou alguns atletas que, apesar da proibição, mostraram sua crença e possibilitaram a abertura do debate sobre a importância da liberdade religiosa.
Para isso, há quem decidiu beijar o crucifixo que carregava no pescoço durante uma entrevista ao vivo, personalizar sua camiseta com um agradecimento a “Deus, Jesus e ao Espírito Santo” ou ainda usar a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) para recitar um verso bíblico, por exemplo.
Afinal, “se sentiram à vontade, apesar das restrições da organização do evento, para manifestarem sua fé”, afirma Marco Cruz, secretário-geral da organização internacional Portas Abertas, que apoia cerca de 365 milhões de cristãos no mundo que não teriam a mesma oportunidade.
De acordo com Cruz, atletas de 50 países como Turquia, Coreia do Norte, Líbia, Afeganistão, Irã ou China não poderiam se manifestar, mesmo que as regras do COI permitissem, pois são perseguidos em seus países por serem cristãos e “vivem sua fé de forma secreta” até mesmo para a família nessas localidades.
“É muito difícil que manifestem sua fé cristã, pois em algum momento terão de voltar para seus países e, provavelmente, sofrerão punições como prisão, expulsão de suas casas e comunidades, perda de patrocínio e até expulsão dos clubes em que treinam”, afirma o secretário-geral da entidade, pontuando ainda que, em alguns países, “cristãos estão sendo torturados em campos de trabalhos forçados ou prisões para que neguem Jesus e sua nova fé”.
Segundo ele, essas situações são características dos países em que a ordem de perseguição religiosa vem do próprio governo – como a Coreia do Norte – ou de grupos extremistas, como ocorre com o hinduísmo radical na Índia.
A postura dessas nações, que viola a liberdade religiosa consolidada na Declaração dos Direitos Humanos e em todas as democracias modernas, foi imitada pelo COI, impedindo atletas de países livres e democráticos de viver sua fé publicamente.
A decisão contraria a proposta original das próprias Olimpíadas, explica o historiador Julio Cesar Chaves. Segundo ele, a realização do evento a partir do século XIX foi uma retomada do que ocorria na Antiguidade, um festival religioso realizado pelos gregos em homenagem a Zeus.
“Logo, me parece bastante incoerente com o espírito e a proposta original dos Jogos Olímpicos – de relembrar e reavivar as olimpíadas gregas – excluir qualquer menção à religião”, aponta o doutor em Ciência das Religiões.
A provocação contra valores cristãos na abertura dos jogos – com a encenação, por exemplo, de um quadro alusivo à Última Ceia por drag queens nos lugares de Jesus e dos apóstolos – pode ter sido um catalisador para que atletas cristãos, como esses citados abaixo, desafiassem as regras do COI.
Ginasta Rebeca Andrade - Brasil
Responsável pela conquista de quatro medalhas nas Olimpíadas de 2024 — um ouro, duas pratas e um bronze —, a ginasta Rebeca Andrade se tornou a maior medalhista da história do Brasil nos Jogos e fez questão de falar de religião em diversos momentos do evento.
Em entrevista à Cazé TV após receber a medalha de prata na disputa individual de salto, a ginasta afirmou que Deus a estava conduzindo para esse momento, e até citou o trecho da música gospel “Estou Te Preparando”, de Jessé Aguiar. A música fala “estou te preparando para um novo tempo que já vai chegar, para a linda história que você vai interpretar”, cantou a ginasta, pontuando que Deus “está fazendo coisas incríveis” que ela não poderia imaginar.
Após vencer a norte-americana Simone Biles e conseguir o ouro na disputa de solo, Rebeca também mencionou o contato que teve com Deus antes e durante os jogos. “Eu orei bastante”, declarou a atleta, explicando suas lágrimas no lugar mais alto do pódio. “O choro foi por isso mesmo. Eu falei ‘não acredito, mas [na verdade, eu] acredito porque foi o que pedi para Deus’”.
Skatista Rayssa Leal – Brasil
A skatista brasileira Rayssa Leal também expressou sua crença durante as Olimpíadas de Paris, apesar das proibições. Após conquistar a medalha de bronze do skate street feminino, a adolescente de 16 anos, conhecida como Fadinha, declarou sua fé cristã com sinais de Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”, disse, citando trecho do capítulo 14 do livro bíblico de João.
Após a manifestação da atleta, o Comitê Olímpico Internacional (COI) encaminhou advertência ao Comitê Olímpico do Brasil (COB) para lembrar a jovem a respeito do regulamento das Olimpíadas, que trata sobre as “Diretrizes de Expressão do Atleta”. O objetivo das normas seria manter a imparcialidade do evento em questões religiosas ou políticas.
Judoca Odette Giuffrida - Itália
Outra cena que envolveu religião e emocionou torcedores foi protagonizada pela judoca italiana Odette Giufrida, que incentivou sua concorrente na luta – mas amiga fora dos tatames – a dar glória a Deus após a vitória.
Odete perdeu a medalha de bronze para a brasileira Larissa Pimenta, e viu a jovem se abaixar no centro do tatame, chorando, sem forças para levantar. Nesse momento, se aproximou para encorajá-la a erguer-se e agradecer “a Ele”. Larissa já havia falado anteriormente sobre Deus para a colega italiana.
Judoca Larissa Pimenta - Brasil
Em entrevista ao portal Globo Esporte, a judoca brasileira Larissa Pimenta afirma que, após a cena emocionante ao final da luta pelo bronze na categoria até 52 kg, todos começaram a perguntar o que sua rival Odette Giuffrida havia dito. Larissa relatou, então, que a adversária fala português e que as duas já tinham conversado a respeito de fé.
“Ela conheceu Deus através de mim”, disse a jovem, que é natural de São Vicente, em São Paulo. Inclusive, “uns dias atrás estávamos conversando, e o principal assunto era que toda honra e toda glória a gente daria para Ele”, prosseguiu, ao elogiar a atitude da colega. “Foi muito significativo para mim.”
Nadadora Tatjana Schoenmaker – África do Sul
Outra atleta que aproveitou a conquista de medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris para demonstrar seu cristianismo foi a nadadora sul-africana Tatjana Schoenmaker, que ganhou a medalha de ouro nos 100 metros peito e depois vestiu uma camiseta com os nomes de quem a ajudou na conquista. Os três primeiros que aparecem na lista são “Deus, Jesus e o Espírito Santo”.
Além disso, em sua página no Instagram, a nadadora tem no topo do seu perfil a frase “Toda glória a Deus”, e na rede X, se apresenta como “filha de Deus”. Em uma de suas postagens, inclusive, a atleta de 27 anos postou na legenda de uma foto que estava muito animada por “nadar para a glória de Deus”.
Tenista Novak Djokovic– Sérvia
O tenista sérvio Novak Djokovic é mais um exemplo de atleta que celebrou sua fé cristã durante os Jogos Olímpicos de Paris, apesar de as normas do Comitê proibirem manifestações religiosas.
Enquanto conversava com um repórter, o atleta mostrou um crucifixo que trazia em seu pescoço e o beijou em frente às câmeras. Além disso, ao vencer o tenista espanhol Carlos Alcaraz, Djokovic se ajoelhou na quadra, fez o sinal da cruz e levantou as mãos ao céu para agradecer a Deus pela vitória. O jogador conquistou a medalha de ouro no individual masculino de tênis.
Corredora Cindy Sember – Inglaterra
E não foram apenas durante as provas das Olimpíadas 2024 que atletas cristãos manifestaram sua crença em Deus. Em suas redes sociais, a corredora britânica Cindy Sember compartilhou um vídeo louvando a Deus na Vila Olímpica com colegas de diferentes países.
“Onde dois ou três se reunirem em meu nome, ali estarei no meio deles”, escreveu na legenda, citando o livro bíblico de Mateus, capítulo 18, verso 20. Segundo ela, foi gratificante glorificar a Deus com “outros crentes do esporte”, e ela encorajou usuários das redes sociais a louvarem com outras pessoas também. “Você ficará surpreso com o que o Senhor pode fazer”, finalizou a jovem cristã.
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