Acontecimentos que mostram o comprometimento do governo com a agenda ideológica da esquerda geraram desgaste à imagem do presidente Lula (PT) neste primeiro ano de retorno à Presidência. Reuniões da “dama do tráfico” com autoridades do Ministério da Justiça, apresentação com conotação sexual em evento da pasta da Saúde e ofensas a brancos proferidas por uma servidora do ministério da Igualdade Racial foram alguns dos episódios que apontam para um despreparo do governo federal. Enquanto se esperava uma postura mais experiente da equipe de um presidente que assume pela terceira vez o poder do Executivo, o que se viu foi uma série de condutas questionáveis.
A Gazeta do Povo elencou sete fatos do governo petista em 2023 que mostram esse cenário.
1. “Batcu” no ministério da Saúde
A apresentação de uma mulher com coreografia de conotação sexual em um evento do ministério da Saúde tomou as redes sociais em outubro deste ano. Durante a apresentação, uma mulher rebolava e levantava a parte de trás do vestido, enquanto outro membro do grupo cantava a música “Batcu”, de Aretuza Lovi e Valeska Popozuda. A dança aconteceu no 1º Encontro de Mobilização de Promoção da Saúde no Brasil, também conhecido como "Em Prosa Brasil".
A pasta gastou quase R$ 1 milhão para a realização do evento. O diretor do Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde, Andrey Lemos, assumiu a responsabilidade pelo ocorrido e foi exonerado. A ministra da Saúde, Nísia Andrade, fez mea culpa ao lamentar publicamente pelo ocorrido e considerou o fato como “inadmissível”.
2. “Dama do tráfico” passeia pelo Ministério da Justiça
Em novembro, a esposa de um dos líderes do Comando Vermelho no Amazonas participou de audiências com secretários nacionais do ministério da Justiça de Lula. Para completar, Luciane Barbosa, a “dama do tráfico”, teve passagens e diárias custeadas pela pasta dos Direitos Humanos. Segundo o Ministério Público do Amazonas, há indícios de que ela também tenha ligação com o tráfico de drogas e o Comando Vermelho.
Flávio Dino, que comandava o Ministério da Justiça, adotou a postura de “não é comigo” ao afirmar que não foi avisado da reunião com esposa de traficante. Já Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos, admitiu o pagamento dos custos da viagem da “dama do tráfico”, mas se eximiu do convite a Luciane, ao afirmar que este foi feito por um comitê estadual.
3. Ofensas a brancos por ex-assessora do Ministério da Igualdade Racial
Depois de a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, usar um avião da Força Aérea Brasileira para ir à final da Copa do Brasil em jogo do Flamengo, time do qual é torcedora, uma de suas assessoras proferiu ofensas contra torcedores brancos do São Paulo. Marcelle Decothé escreveu em seu Instagram sobre os são-paulinos: “Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade... Pior tudo de pauliste”.
A publicação aconteceu durante o jogo Flamengo x São Paulo, no estádio do Morumbi, em 24 de setembro. A comitiva do governo federal que estava presente incluía também o ministro dos esportes, André Fufuca, e o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Depois dos desgastes causados no governo Lula, Marcelle Decothé foi exonerada. A assessora também está sendo investigada pelo Ministério Público de São Paulo.
4. Instalação de banheiros neutros em escolas
Um conselho ligado ao ministério dos Direitos Humanos publicou uma resolução que exige a instalação de banheiros unissex em escolas. O documento deixa claro que "deve ser garantido o uso de banheiros, vestiários e demais espaços segregados por gênero, quando houver, de acordo com a identidade e/ou expressão de gênero de cada estudante". Vale lembrar que o presidente Lula se manifestou repetidamente durante a campanha eleitoral que era contrário à ideia.
O governo negou ter influência na decisão do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexos, Assexuais e Outras (CNLGBTQIA+), que publicou o documento. Mas, como a Gazeta do Povo mostrou, a formação dos participantes do órgão é de responsabilidade do próprio presidente, feita por meio de um decreto. Além disso, a presidente é Janaína Barbosa de Oliveira, filiada ao PT e integrante da Secretaria Nacional LGBT do partido.
5. Ideologia de gênero, oposição ao agro e pautas sindicalistas no Plano de Educação
Oposição ao agronegócio em sala de aula, promoção da ideologia de gênero, freio no avanço da educação domiciliar e das escolas cívico-militares foram os temas levantados para serem discutidos na etapa nacional da Conferência Nacional de Educação (Conae). O documento base para as discussões do Plano Nacional de Educação, divulgado pela Presidência da República e pelo Ministério da Educação, contemplou a agenda ideológica da esquerda.
As orientações divulgadas pelo governo incluem até pautas sindicais, como o piso salarial de professores. Enquanto isso, a meta 7 do PNE em vigor, única que estipula padrões específicos de qualidade, foi duramente criticada.
6. Recomendação para legalizar aborto, maconha e tratamento para mudança de sexo aos 14 anos
O Conselho Nacional de Saúde apontou a legalização do aborto e da maconha no Brasil como uma ferramenta para combater as “desigualdades estruturais e históricas”. O texto também sugere acesso e acompanhamento de hormonioterapia a partir dos 14 anos. Atualmente, o Conselho Federal de Medicina (CFM) permite que jovens a partir dos 16 anos tenham acesso ao tratamento.
O documento foi homologado pela ministra da Saúde, Nísia Trindade. Da mesma forma que o CNLGBTQIA+, o CNS tem grande parte de membros indicados pelo presidente, além de representantes de entidades próximas ao governo.
7. Recomendação para integração de terreiros de umbanda ao SUS
No mesmo documento que orienta a legalização do aborto e drogas, o CNS recomendou que terreiros de umbanda sejam integrados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A resolução pede que o ministério da Saúde reconheça que "terreiros, terreiras, barracões, casas de religião, etc." sejam considerados como “equipamentos promotores de saúde e cura complementares do SUS”.
O documento ofereceu diretrizes para que o ministério da Saúde pudesse elaborar o Plano Plurianual e o Plano Nacional de Saúde. Apesar da recomendação, o ministério da Saúde não adotou terreiros para tratamento de doenças até o momento.
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