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"Eu não agüentava mais"

Alice (nome fictício), 15 anos, estuda no Colégio Estadual Cyríaco Russo, em Bandeirantes, Norte Pioneiro do Paraná, e antes de pedir ajuda à coordenadora da escola, quase foi para outra instituição por não agüentar mais as agressões. A menina conta que desde o começo do ano é motivo de piada para seus colegas. "Eles viviam tirando sarro. Semana passada eu entrei na sala e todos deram risada e gritaram: ‘Olha, que guria ridícula!’"

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  • Confira os números da violência escolar

No Brasil, sete em cada dez crianças dizem ter sido vítimas de algum tipo de violência dentro da escola, praticada pelos colegas. As principais formas são o castigo corporal, a violência sexual e o bullying – atitudes agressivas, intencionais e repetidas de um ou mais estudantes contra outro. De um grupo de 12 mil estudantes de seis estados brasileiros, 84% consideram suas escolas violentas e um em cada três jovens já participou de alguma forma do bullying, seja como vítima ou agressor.

Os dados são de uma pesquisa sobre violência escolar da organização não-governamental de desenvolvimento Plan. A ONG fez pesquisas semelhantes em vários países e ontem lançou a campanha mundial "Aprender sem medo" . "Nas escolas do Brasil ela começa efetivamente no início do ano letivo de 2009. O foco aqui será o bullying", diz o pedagogo e assessor de educação da organização, Charles Martins.

A educadora Ana Maria Eyng, que participa do 3º Congresso Ibero-Americano sobre Violência nas Escolas, realizado em Curitiba nesta semana, diz que o bullying acontece tanto em escolas públicas quanto particulares, embora seja mais divulgadas na primeiras. O psicólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná (Fempar), Cloves Amorim, fez uma pesquisa com 300 alunos, metade em escolas particulares e outra metade em públicas, que confirma o que diz a educadora. "Acontece nos dois tipos de instituição, mas nas particulares as meninas são as maiores vítimas. Geralmente acontece discriminação por causa de roupa e aparência", explica.

Para o o psicólogo, o bullying não traz nenhum resultado benéfico para a criança, nem como forma dela criar mecanismos de defesa ao longo da vida. "As pesquisas mostram que esse tipo de agressão, que pode ser física ou verbal, é uma tragédia. Percebe-se isso pelo número de jovens que deixam de ir à escola e pela diminuição da auto-estima".

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Prevenção

Pais e professores têm papel fundamental para identificar o bulliyng e lidar com ele.

Pais

- Identifique se seu o filho é vítima de algum tipo de agressão na escola.

- Se for o caso, denuncie imeditamente às autoridades competentes.

- Para saber se o filho é o agressor, preste atenção se ele tem comportamento agressivo, egoísta e competitivo. Questione sobre a forma como ele age com os colegas na escola.

Professores

- Passe atividades, como filmes, que estimulem o respeito às diferenças.

- Desenvolva projetos específicos voltados à cultura da paz que envolvam todos os alunos.

- Aplique trabalhos preventivos contra agressões físicas e verbais.

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