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A dona de casa Luciléia Carvalho de Sena, 41 anos, com seus filhos: 15 sacolas retornáveis, produtos somente com embalagens recicláveis fazem parte da compra consciente | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
A dona de casa Luciléia Carvalho de Sena, 41 anos, com seus filhos: 15 sacolas retornáveis, produtos somente com embalagens recicláveis fazem parte da compra consciente| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Destino

Saiba o caminho que o lixo percorre:

Lixo comum

- Por 21 anos, o lixo produzido em Curitiba e região metropolitana ia para o aterro no bairro da Caximba, a 23 quilômetros do centro da capital. Mas desde outubro de 2010, são dois os aterros provisórios que recebem o lixo comum: Fazenda Rio Grande, com 2,4 mil toneladas diárias e Araucária, com 100 toneladas. A licitação que vai escolher o local de depósito de lixo definitivo está sendo analisado na Justiça.

Lixo reciclável

- O material coletado pelo caminhão do "Lixo que não é lixo" é destinado à Usina de Valorização, em Campo Magro – onde é selecionado e vendido para empresas. O dinheiro é revertido para os programas da Fundação de Ação Social (FAS). Já os materiais que são coletados pelos catadores são levados para cooperativas ou para barracões onde são revendidos à empresas.

Dicas

Reduza a produção de lixo em 13 passos:

- Leve a embalagem para carregar os ovos e o carrinho para as compras na feira.

- Use os dois lados de uma folha de papel e sempre avalie a necessidade de imprimir.

- Evite produtos descartáveis.

- Reutilize embalagens como potes para guardar mantimentos.

- Prefira produtos que tenham refil.

- Transforme roupas velhas em panos para limpeza.

- Faça modificações em roupas para mudar o visual sem precisar comprar uma nova peça.

- Dê preferência a embalagens de vidro, mais facilmente reaproveitadas e 100% recicláveis.

- Leve sacolas retornáveis quando for ao mercado ou ao shopping.

- Utilize pilhas recarregáveis.

- Escolha produtos a granel ou em grandes porções.

- Confira contas na internet e bloqueie o envio de extratos bancários pelos Correios.

- Verifique o valor da conta na máquina e cancele a segunda via do comprovante de uso do cartão.

  • A zeladora Helda Hagemann, 37 anos, assumiu a tarefa de separar o lixo no prédio onde trabalha:
  • Aumento na coleta de lixo reciclável indica maior participação da população. Veja
  • A maioria dos curitibanos afirma que separa os materiais recicláveis

O bordão "lixo que não é lixo, não vai pro lixo", difundido a partir de 1989 pela prefeitura municipal de Curitiba, ajudou a motivar os habitantes da capital a separar materiais recicláveis. Mas esse e outros programas ambientais que vieram depois ainda não foram capazes de sensibilizar a população para a necessidade de reduzir a quantidade de lixo produzido.

Um levantamento feito pela Paraná Pesquisas a pedido da Gazeta do Povo aponta que 82% dos entrevistados colaboram com a coleta seletiva, mas 73% admitem que não fazem esforços para diminuir a produção de resíduos.

A professora Ana Flavia Locateli Godoi, do departamento de Enge­­nharia Ambiental da Univer­­sidade Federal do Paraná, acredita que falta disciplina ao curitibano para realizar uma transformação. Para os especialistas, reduzir a produção de lixo é hoje mais importante que reciclar, pois além de deixar de colocar mais resíduos em circulação, a medida também evita gastos de matéria-prima – como água e energia –, utilizadas na recuperação desses materiais.

Ana Flavia assinala que a busca pela redução de lixo pode avançar mais entre os grandes produtores de rejeitos, como empresas e indústrias. "A única saída é a da estratégia poluidor-pagador, ou seja, quem gera mais resíduo deve pagar por isso. Isso existe em vários países da Europa", comenta.

Gerente municipal de limpeza, a engenheira Gisele Taborda Ribas acredita que reduzir a produção de lixo é mais difícil que realizar a separação porque exige repensar e se abdicar de alguns hábitos. Apesar disso, ela cita que muitos reduziram a produção de lixo mesmo sem perceber. "Ao usar a xícara em vez de copinho plástico ou não pedir sacolas em supermercados", exemplifica.

Consciente

Para Leny Toniolo, assessora técnica de educação ambiental da prefeitura de Curitiba, a aposta para a redução de lixo deve mirar no consumo consciente. "A pessoa deve se perguntar sobre a necessidade ou não de comprar determinados produtos: muitos vêm em uma embalagem, dentro de uma caixa, em uma sacola", diz ela, que assinala a necessidade de campanhas dirigidas com mais ênfase ao público jovem. "Na população adulta, os hábitos já estão arraigados. O processo de educação para cuidar do lixo é lento e os resultados não vem em curto prazo", diz.

Pesquisa

Poucos sabem para onde vai o lixo

O levantamento feito pela Paraná Pesquisas mostrou também que 76% dos entrevistados não sabem para onde é levado o lixo recolhido. "É muito cômodo colocar o saco na frente de casa e esperar que o caminhão da prefeitura magicamente resolva nosso problema", diz a professora Ana Flavia Locateli Godoi, do departamento de Engenharia Ambiental da UFPR. Ela defende que todos os cidadãos visitem pelo menos uma vez o aterro sanitário ou uma usina de reciclagem. "Assim, compreenderiam o longo caminho do lixo até seu destino", comenta.

A gerente municipal de limpeza, Gisele Taborda Ribas, reconhece que falta divulgação sobre o destino do lixo, mas que muitas pessoas o separam de forma errada. "Não adianta separar e depois colocar os sacos juntos, pois o caminhão compactador não faz a seleção", conta.

Nos vários projetos da prefeitura – que incluem, por exemplo, o Câmbio Verde, que troca lixo reaproveitável por alimentos –, são recolhidas 100 toneladas de recicláveis diariamente. É o dobro do coletado há quatro anos. A prefeitura avalia que a participação da população tem aumentado nos últimos anos. Enquanto o volume de lixo comum aumentou 15% em quatro anos, nesse período o montante de recicláveis coletados duplicou.

Contudo, Curitiba ainda está longe de reaproveitar tudo o que pode do lixo recolhido nas casas e empresas pelos caminhões da prefeitura. A quarta parte do que é coletado como lixo comum – 1.557 toneladas diárias –, também poderia ser reciclado. Ou seja, poderiam se somar às 100 toneladas diárias recicláveis recolhidas pela prefeitura mais 390 toneladas.

Carrinheiros

Não são os caminhões da prefeitura que recolhem a maior quantidade de recicláveis na capital. Cerca de 445 toneladas são coletadas diariamente pelas centenas de carrinheiros que percorrem a cidade.

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