Para aprender sempre mais
Quando a recepcionista Eva Avelina Souza da Cruz soube que havia uma sala de apoio na escola da filha, sugeriu à menina que pedisse à professora para frequentar as aulas extras de Matemática. No ano passado, Fernanda da Cruz Martins, 14 anos (foto), aluna do 1º ano do ensino médio, convenceu alguns colegas a participarem das atividades com ela. Mesmo sem precisar de nota, Fernanda passou a frequentar as aulas de reforço, o que se refletiu positivamente no boletim. "Se você imaginar uma turma de 30 alunos, eles nunca serão todos quietinhos. Sempre vai ter alguma brincadeira, alguma confusão e aí é só olhar para o lado para perder a concentração. Eu faço ela frequentar o ano inteiro, pois, nessa sala com menos alunos, ela, que já é boa aluna, pode aprender ainda mais", diz a mãe, que aguarda ansiosamente para que as atividades de reforço sejam iniciadas na escola.
Opções
Nova proposta da Seed inclui também foco no 6.º e no 7.º anos
Entre as ações de apoio à educação e combate à defasagem de conteúdo que fazem parte da nova proposta da Seed, estão atividades em contraturno para alunos de 6º e 7º anos com foco em leitura e resolução de problemas. O modelo é livre e cada escola deve apresentar um projeto com a aplicação desse plano pedagógico, de acordo com instruções passadas por cada um dos 32 núcleos de educação.
Tecnologia
Também há a possibilidade de a escola continuar com o modelo tradicional de sala de apoio, que passou a exigir um projeto com justificativa, ou aderir à parceria com o Sesc se houver o projeto no município. Paralelamente, outra medida da Seed é capacitar professores para o uso de tecnologias na educação, o que, espera-se, deve ajudá-los a tornar as atividades mais atrativas e eficazes. Segundo a diretora do Colégio Estadual Aline Pichet, mesmo com outras opões, a intenção da escola é manter o projeto tradicional da sala de apoio. Já a diretora Rossana Matte Pimental, do Colégio Estadual Professora Maria Heloisa Casselli, informou que a equipe está trabalhando na construção de um projeto de sala de apoio. "Imagino que em umas duas semanas a gente já consiga a aprovação do núcleo para iniciar as aulas de apoio", afirma.
Passado um bimestre letivo, alunos de apenas 347 colégios da rede estadual já contam com aulas de reforço em Matemática e Português nas chamadas salas de apoio. Ou seja, 18% das 2.176 escolas estaduais do Paraná foram autorizadas pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) a disponibilizarem o espaço, destinado a estudantes que demonstram dificuldades de aprendizagem.
Uma das razões seria a ineficiência do apoio, já que a grande maioria dos alunos termina o ensino fundamental sem dominar o conteúdo básico. Entretanto, enquanto o governo convida pedagogos a pensarem novos métodos de suporte escolar, com o intuito de substituir as salas de apoio, a diferença de aprendizado entre os alunos aumenta a cada dia.
Diante desse cenário, equipes pedagógicas de vários colégios mostram-se apreensivas com o atraso no atendimento aos alunos. Uma das diretoras preocupadas com a demora nas aulas de reforço é Margarete Marcolino Cordeiro Marinero, do Colégio Estadual Aline Pichet, em Curitiba. Ela conta que, em uma reunião do Núcleo Regional de Educação, foi comunicado que as salas de apoio passavam por um processo de análise de viabilidade e que um novo projeto seria apresentado em breve às escolas. "A sala de apoio não foi perfeita, tivemos várias falhas, mas ela é muito importante. Se outros projetos vão substituí-la, quanto antes iniciarem, melhor. Um bimestre já passou", diz.
De fato, a Seed tem observado que as salas de apoio projeto iniciado em 2011 como um reforço no ensino de Matemática e Português a alunos do 6.º ano e que foi estendido para as demais séries não estavam sendo eficientes. O problema, de acordo com a secretaria, vinha sendo apontado pelas escolas e foi confirmado pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná (Saep). O último resultado do Saep, divulgado em 2013, mostrou que estudantes entram no 6.º ano sem terem conhecimento adequado em Português e Matemática e entre os concluintes do 9.º ano, a caminho do ensino médio, apenas 10% têm conhecimento adequado em Matemática e 21%, em Português.
Novo programa
Segundo a superintendente de Educação do Paraná, Eliane Terezinha Vieira Rocha, o atraso na liberação das salas de apoio que continuarão existindo, mas sem a garantia de estarem presentes em todas as escolas da rede é devido à construção de um novo programa de apoio à aprendizagem. As equipes pedagógicas dos colégios começaram a ser convidadas neste mês a participar do processo, que não tem prazo para ser concluído. O projeto irá englobar atividades de reforço, mas estará apoiado em outras ferramentas.
Faltam professores capacitados nas salas de apoio
Para a Seed, o aumento da carga horária das disciplinas de Português e Matemática, ocorrido no ano passado, colabora para que as salas de apoio deixem de ser necessárias, já que a iniciativa também é focada nessas duas áreas de conhecimento. Na opinião de diretores e professores, no entanto, o aumento de carga horária também não surtiu efeito. "Temos muitos alunos em sala de aula e há professores que são péssimos. Com uma aula a mais por semana, ainda haverá muitos alunos em sala e os professores ainda serão ruins. O que tem de mudar é o preparo desses professores e a quantidade de alunos em sala", diz Rossana Matte Pimentel, diretora do Colégio Estadual Professora Maria Heloisa Casselli, de Curitiba.
Segundo Rossana, os professores que atendem os alunos no contraturno deveriam ser professores especiais, com uma metodologia diferente daquela da sala de aula comum. Mas acabam sendo professores que estão na "fila" do Processo Seletivo Simplificado (PSS). "Temos sempre que ficar em cima, explicando que a metodologia no contraturno é diferente, que aquilo não é uma sala de aula, que precisa ter jogos e outras iniciativas diferentes, mas é difícil adequar o trabalho", afirma.
Além disso, a falta de apoio dos pais também contribui para que as aulas de reforço estejam vazias. "Em muitas escolas, a pedagoga tem de passar a tarde ligando para os pais e mandando bilhete, dizendo que o filho não está frequentando a sala de apoio, mas muitas vezes sem retorno", diz.
"Temos muitos alunos em sala de aula e há professores que são péssimos. Com uma aula a mais por semana, ainda haverá muitos alunos em sala e os professores ainda serão ruins. O que tem de mudar é o preparo desses professores e a quantidade de alunos em sala."
Rossana Matte Pimentel, diretora do Colégio Estadual Professora Maria Heloisa Casselli, de Curitiba.
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