Oito em cada dez crianças curitibanas são transportadas de forma inadequada. É o que revela uma pesquisa feita na capital pela Diretoria de Trânsito (Diretran) de Curitiba e pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot). "Isso é muito grave, já que uma criança transportada incorretamente, mesmo num acidente com o carro a 30 km/hora, pode sofrer traumatismo de face e de crânio", alerta o médico ortopedista Edilson Forlin.
Para conscientizar os pais sobre os riscos, agentes da Diretran e médicos da Sbot fazem hoje blitzes educativas em vários colégios da cidade. A primeira parte da campanha começou ontem nos Colégios Bom Jesus (Centro), Positivo Júnior (Champagnat), Anjo da Guarda (São Francisco), Martinus (São Francisco), Dom Bosco (Mercês) e Santa Maria (São Lourenço).
Segundo a coordenadora do Núcleo de Educação e Cidadania da Diretran, Maura Moro, os motoristas que levam as crianças de forma inadequada costumam dizer que "estão com pressa", "que estavam colocando o cinto", "que estavam sem cinto porque já iam parar o carro ou acabaram de entrar no carro" ou ainda "vão comprar o dispositivo de segurança no dia seguinte".
"As crianças não têm consciência, cabe aos pais essa responsabilidade. O custo dos equipamentos de segurança não pode servir como desculpa", afirma o ortopedista Edilson Forlin, responsável também por coordenar a campanha da Sbot. "Os principais acidentes acontecem perto de casa, nos pequenos trajetos, por isso é necessário cuidar sempre", adverte Maura.
O acidente de trânsito é a maior causa de morte de crianças por fatores externos (excluídas as doenças) no Brasil e um dos maiores problemas de saúde mundial. Quatro em cada 10 óbitos na faixa etária de até 14 anos são causadas pelos acidentes de trânsito. Segundo dados do Ministério da Saúde, são quase 2,5 mil vítimas fatais por ano nessa faixa etária.
Normalmente, quando há sobrevida, elas adquirem seqüelas. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, não há obrigação na utilização de dispositivos diferenciados para o transporte de criança por faixa etária (ver infográfico), mas são eles que podem fazer a diferença entre a vida e a morte. "Se a preocupação é não levar multa, basta prender a criança do jeito que der no banco de trás. Mas os pais que se preocupam com a segurança dos filhos devem buscar equipamentos adicionais", opina o advogado Marcelo Araújo.
Hoje as blitzes prosseguem na Escola Municipal Eny Caldeira e no Colégio Adventista, no Boa Vista; na creche Faz de Conta, no Alto da XV; nos colégios Dom Manoel DElboux e Decisivo, no Cristo Rei; e no colégio Bom Jesus de Lourdes, no Água Verde.