Planos
De olho no futuro, círculo pode virar centro de cultura e ciência
Um dos desafios para o futuro é transformar o Círculo de Estudos Bandeirantes (CEB) em um centro de cultura e ciência. A ideia é do atual presidente, Waldemiro Gremski. Um dos passos para essa realidade é a digitalização de todos os documentos e arquivos que estão guardados na sede do CEB. Posteriormente, pretende-se investir na divulgação e intensificar o apoio a pesquisas.
A diretora da instituição, Kátia Biesek, afirma também que há planos para que o círculo seja mais usado em nome da memória dos criadores. "Realizar palestras, por exemplo, sobre os estudos que foram realizados aqui", diz.
Gremski também reforça o desejo de transformar parte da Rua XV de Novembro em uma espécie de corredor cultural. O projeto iria da sede da Reitoria da UFPR até a Associação Comercial do Paraná, que teria cerca de um quilômetro. "Isso se explica pela história e arquitetura das instituições que existem nesse percurso. Há os prédios da UFPR, o Museu Guido Viaro, o Círculo de Estudos Bandeirantes, o Teatro Guaíra, a Caixa Cultural. Tem que pensar uma forma para valorizar esses espaços", ressalta.
Fundadores
Confira quem foram os primeiros integrantes do Círculo de Estudos Bandeirantes:
Antônio Rodrigues de Paula
Benedicto Nicolau dos Santos
Bento Munhoz da Rocha Netto
Carlos Araújo de Brito Pereira
José de Sá Nunes
José Farani Mansur Guérios
José Loureiro Ascenção Fernandes
Liguaru Espírito Santo
Padre Luiz Gonzaga Miele
Pedro Ribeiro Macedo da Costa
Valdemiro Augusto Teixeira de Freitas
Cultura
Hoje, a instituição abriga a Academia de Cultura de Curitiba e a Academia Sul Brasileira de Letras Seção do Paraná. O círculo também abrigou a Legião Paranaense da Boa Imprensa e o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural do Paraná.
A história do Círculo de Estudos Bandeirantes (CEB) se confunde com os principais acontecimentos culturais, sociais e intelectuais de Curitiba e do Paraná no início do século 20. Era uma época em que o catolicismo estava em crise. As influências do Iluminismo, do racionalismo e da ascensão do comunismo na União Soviética (1917) relegaram qualquer religião a um segundo plano. Prevalecia a ideia de uma ciência sem religião e anticlerical inclusive na capital do estado.
Na tentativa de remar contra essa maré, a Igreja Católica de Curitiba procurou reagir. Para isso, aliou pesquisa, ensino, tecnologia e cultura aos ideais católicos e deu início em 19 de março de 1929 ao círculo. A entidade começou com 11 personalidades que escreveram seus nomes na história paranaense, como José Loureiro e Bento Munhoz da Rocha Netto (veja lista). A primeira reunião ocorreu há 85 anos, no dia 4 de setembro. Durante 16 anos, eles se reuniram em suas próprias casas até que, em 1945, foi construída a sede própria, situada na Rua XV de Novembro, no Centro da cidade.
Segundo o atual presidente do CEB e reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Waldemiro Gremski, a fé estava em xeque naquele período. "A Igreja Católica reuniu um grupo de intelectuais que pudessem fazer pesquisa, escreverem artigos e livros. Também apoiaram a criação de jornais na cidade para reagir frente àquela realidade", conta. Ele acrescenta ainda que o CEB reuniu pessoas dos mais diversos ramos, como políticos, religiosos, profissionais liberais, médicos e advogados.
Legado
Se não fosse o CEB, talvez o rumo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) fosse outro. A principal contribuição foi justamente conseguir a manutenção da universidade, que corria riscos na segunda metade de década de 1940.
Criada em dezembro de 1912, liderada por Victor Ferreira do Amaral e Silva, a instituição levava a alcunha de Universidade do Paraná. Três anos depois, em 18 de março de 1915, um decreto federal exigia que as universidades fossem equiparadas a estabelecimentos oficiais e tivessem cinco anos de funcionamento em localidade com população superior a 100 mil habitantes.
Sem poder levar mais o nome de "universidade", a instituição recorreu à estratégia, em 1918, de separar as faculdades de Direito, Engenharia e Medicina, concedendo-lhes autonomia de ensino, mas mantendo-as no mesmo edifício sob uma única diretoria.
Durante cerca de 30 anos buscou-se restaurar a universidade. Foi aí que o CEB salvou a instituição. Entre 1935 e 1936 o círculo já havia criado o primeiro curso de Filosofia no estado, transformado em faculdade em 1938. Para a UFPR voltar a ser universidade, era preciso por questões legais ter um curso de Filosofia. Os irmãos maristas acabaram cedendo, em 1946, a Faculdade do CEB para a universidade. "Se não fosse isso, o destino da UFPR poderia ser outro", ressalta o presidente do círculo.
Onde fica
O Círculo de Estudos
Bandeirantes está localizado na Rua XV de Novembro, 1.050, no Centro de Curitiba. Telefone (41) 3222-5193.
As origens da PUCPR estão ligadas ao CEB
Logo após ceder a faculdade de Filosofia para a Universidade do Paraná, os idealizadores do Círculo de Estudos Bandeirantes (CEB) criaram uma faculdade, também de Filosofia, em 1949. A ideia era dar continuidade aos ideais católicos voltados ao ensino, criando assim a primeira instituição particular de ensino superior no Paraná. Depois, passou a se chamar Faculdade Católica de Filosofia, Ciências e Letras de Curitiba e Universidade Católica do Paraná (em 1959). Hoje, atende por PUCPR. "A criação da nova faculdade pelo CEB foi a semente para a criação do que hoje é a PUC", afirma o presidente do círculo e reitor da instituição, Waldemiro Gremski.
Atualmente, o círculo é local de estudos e pesquisa, com acervo bibliográfico de quase 20 mil exemplares, reunidos em 7.781 títulos, com obras raras dos séculos 17, 18, 19 e 20, além de manuscritos, periódicos e documentação histórica. Segundo a diretora do CEB, Kátia Biesek, a consulta aos livros pode ser feita por qualquer pesquisador e o espaço pode ser visitado gratuitamente. "O material que temos é muito rico. Aqui foi uma espécie de berço para estudos e para a intelectualidade do Paraná", ressalta.
Segundo Gresmki, o CEB também tem por finalidade incentivar estudos de interesse nacional por meio de pesquisas, conferências e publicações, estimulando trabalhos referentes à cultura, de modo especial na esfera regional paranaense. A instituição, que desde 1987 é administrada pela PUCPR, possui ainda coleções e arquivos de famílias tradicionais do estado, além de obras de arte e mobiliários antigos. Além disso, muitos debates e palestras, com intelectuais da Europa, já foram promovidos pelo CEB.
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