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Educação

89% dos colégios têm falhas estruturais

Os problemas mais comuns encontrados nas escolas estaduais do Paraná estão no forro e nas partes hidráulica e elétrica dos prédios | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Os problemas mais comuns encontrados nas escolas estaduais do Paraná estão no forro e nas partes hidráulica e elétrica dos prédios (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Não é por acaso que os problemas de infraestrutura nas escolas estaduais foram apontados como uma das ra­zões para a queda da nota do Paraná (de 4,2, em 2009, para 4,0, no ano passado) no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado semana passada. Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Educação (Seed) em conjunto com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Eco­nômico e Social (Ipardes), 89% dos 2.134 colégios da rede estadual têm falhas estruturais, ou seja, 1.889 estabelecimentos. Desses, 614 têm mais de um problema e estão em situação crítica. As escolas estaduais abrigam 1,3 milhão de alunos e 77 mil professores e funcionários.

Educadores são unânimes em afirmar que as condições físicas das escolas interferem no aprendizado. Entre as situações mais comuns estão os problemas no forro e nas partes hidráulica e elétrica dos imóveis. Os prédios têm, em sua maioria, mais de 20 anos de construção. Para tentar amenizar a situação, a Seed selecionou 340 colégios em situa­ção crítica para passar por reformas dentro do programa Renova Escola. Eles serão reformados ou ampliados até 2015. Dentro do cronograma estabelecido, 50 colégios de todo o Paraná devem receber melhorias ainda em 2012, mas as obras também não começaram. Segundo a Seed, as reformas estão em fase de contratação.

Meta tímida

A presidente da APP-Sin­dicato, Marlei Fernandes de Carvalho, diz que a meta de reformar 340 de 1.889 colégios (o equivalente a 18%) em quatro anos é muito tímida. "É quase nada. Fico muito triste porque a escola não pode ser um amontoado de alunos num lugar que não seja condizente com o aprendizado", opina.

A doutora em Política Educacional e professora da Universidade Estadual de Pon­ta Grossa (UEPG) Esméria Saveli afirma que a má estrutura do prédio escolar dificulta o ensino. "Os problemas de infraestrutura interferem no lado pedagógico porque afetam as condições de trabalho do professor." Para ela, é evidente que uma sala com quadros desnivelados, janelas quebradas, muito escura ou barulhenta vai prejudicar o conteúdo das aulas.

Marlei assinala que a falta de manutenção dos prédios é histórica. "Não é de hoje que as escolas estão com problemas estruturais. Mas, nos últimos 15 anos, esses problemas vêm se agravando." O superintendente da Superintendência de Desenvolvimento Edu­cacional (Sude) do Paraná, Jaime Sunyé Neto, concorda: "A estrutura física já é antiga e temos uma demanda reprimida muito grande. Além disso, surgiram demandas novas nos últimos anos, como a questão da acessibilidade e da sustentabilidade nos prédios".

Ele cita ainda a previsão do governo do estado de construir 500 escolas integrais até o final do mandato. "As escolas com tempo integral exigem adaptação no prédio, com refeitórios, depósitos para os alimentos e a previsão de chuveiros nos banheiros", afirma.

Reformas em 340 escolas vão custar R$ 40 mi

A reforma ou ampliação em 340 colégios estaduais selecionados pelo programa Renova Escola vão custar R$ 40 milhões. Os recursos vêm de uma parceria com o Banco Mundial, segundo a Secretaria de Estado da Educação (Seed). Com esse recurso seria possível erguer 13 escolas novas semelhantes à que será inaugurada neste ano na cidade de Imbaú, nos Campos Gerais. Uma escola estadual, que está em fase final de obras no município, custou R$ 2,9 milhões e tem capacidade para atender 600 alunos dos ensinos fundamental e médio. O programa prevê ainda a compra de equipamentos e mobiliário para 900 escolas, porém, a Seed ainda não tem a previsão de custos.

O superintendente da Su­perintendência de De­sen­volvimento Educacional (Sude), Jaime Sunyé Neto, diz que os projetos do Renova Escola serão elaborados com base nas opiniões da comunidade escolar. "Queremos que pais, professores e funcionários participem, dentro de um processo descentralizado, porque eles sabem quais obras são melhores para suas escolas", comenta.

Sunyé Neto lembra que o programa é apenas um dos programas de obras da Secretaria da Educação. "Temos mais de R$ 100 milhões no orçamento para intervenções nas escolas estaduais. No ano passado fizemos mais de 500 obras e, até o final deste ano, vamos chegar a 1,5 mil reparos, reformas e ampliações de escolas", afirma.

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