Em um espaço para 16 pessoas no 9.º Distrito Policial, em Curitiba, a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) encontrou 76 mulheres. A superpopulação nos distritos policiais da capital é constante e, o próprio 9.º DP, já foi alvo de outras vistorias e de uma interdição pela Vigilância Sanitária. De acordo com os relatórios do Ministério da Justiça, praticamente a metade dos encarcerados do Paraná está em delegacias, um índice três vezes superior ao do Brasil.

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Em tese, os distritos deveriam abrigar apenas presos temporários. No 9.º DP, há sete condenadas e uma mulher absolvida pela justiça. "A situação é desumana, degradante. A ilegalidade a que elas estão submetidas fere a Constituição", afirma Isabel Kugler Mendes, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR. De acordo com ela, o relatório da visita será encaminhado ao Ministério Público, Secretarias de Estado da Segurança Pública e da Justiça e Vigilância Sanitária. "Fazemos uma série de reivindicações, mas, ao menos quanto à superpopulação, nada foi feito", diz Isabel.

Parte das presas segue nas delegacias por falta de advogado em razão da inexistência da De­­fensoria Pública do Paraná. "A Defensoria é uma urgência do estado. Não podemos aguardar a mudança do governo para aprová-la", diz Isabel, referindo-se à disputa política para deixar a votação do projeto de lei que institui a Defensoria para o ano que vem.

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Guarda Municipal

Ontem, a segurança dos membros da Comissão e a vistoria nas celas foram realizadas por aproximadamente 15 guardas municipais. De acordo com o superintendente do 9.º DP Valdir Bicudo, é a quarta vez que a Guarda presta serviço. "A Polícia Militar está com uma sobrecarga de serviço.

Há um acordo verbal realizado com o Michelotto (Marcus, secretário municipal de Defesa Social)", diz. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Esta­do da Segurança Pública disse desconhecer o acordo.

Michelotto, por outro lado, alega que o apoio da guarda se deve a uma aproximação com as polícias Civil e Militar. "Cada inspetor chefe de núcleo pode dar suporte, na ausência da Polícia Militar. Quem puder atender, atende", diz. "Sabemos que não é uma função da guarda (proteger o patrimônio municipal), mas não vamos nos omitir se chamados", acrescenta.