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Crianças sem risco

90% dos acidentes na infância podiam ser evitados

Veja nos gráficos os dados levantados pela ONG Criança Segura |
Veja nos gráficos os dados levantados pela ONG Criança Segura (Foto: )

Nove em cada dez casos de traumas pediátricos que chegam aos hospitais poderiam ser evitados. É o que diz um estudo apresentado pela organização Safe Kids Worldwide, rede que congrega 16 países em cinco continentes e é representada, no Brasil, pela ONG Criança Segura. A estimativa, segundo a organização, é aplicada ao mundo todo. No Brasil, entretanto, a situação é ainda mais preocupante, já que os acidentes matam quase 6 mil crianças por ano. Por dia, 16 crianças brasileiras morrem vítimas de acidentes e 380 são hospitalizadas.

Uma pesquisa feita pela ONG Criança Segura com base em dados do Ministério da Saúde mostra que, no Brasil, os acidentes representam 79% das mortes por causa externa entre crianças de 0 a 14 anos. A segunda causa é a violência, com 13%. Os dados referem-se a 2005, os últimos disponíveis.

Trânsito

Entre os acidentes, o estudo da ONG Criança Segura mostra que o de maior prevalência é o relacionado a trânsito, responsável por 40% das ocorrências. O segundo tipo de acidente de maior incidência nessa faixa etária é o afogamento, com 26% dos casos. Entre as hospitalizações, a queda é a principal causa, responsável por 55% das internações.

A boa notícia é que a mortalidade por acidentes entre crianças de 0 a 14 anos vem caindo no Brasil, passando de 6.656, em 2000, para 5.808, em 2005. Mesmo assim, os números são alarmantes e uma séria questão de saúde pública, segundo a ONG Criança Segura. O problema é sentido dia a dia por quem trabalha na área e virou tema do II Simpósio Brasileiro de Urgências e Emergências Pediátricas, que acontece em Curitiba, até amanhã.

"Eu sei o que é ver pais chorando pela perda de um filho, sem eu poder fazer nada e, pior: sabendo que tudo poderia ter sido evitado", afirma o chefe do Trauma Pediátrico do Hospital Vita Curitiba, Marcelo Ribas. De acordo com o médico, para cada criança que morre vítima de acidente há quatro que ficam com seqüelas permanentes.

Segundo a coordenadora de formação de mobilizadores da ONG Criança Segura, Alessandra Françóia, atitudes simples fazem toda a diferença. "Não é questão de dar dicas. Os pais precisam ter olho clínico, ver se a situação oferece risco ou não, se a criança tem condição de lidar com aquele risco ou não. Não é porque a criança aprende rápido que ela conhece o perigo. Os pais não devem expô-las", afirma.

Atitude

Para Marcelo Ribas, é necessário somar prevenção, tratamento e reabilitação. "É necessária uma mudança de comportamento. Em vez de gastar R$ 500 para som e roda do carro, a família tem que se preocupar em comprar cadeirinha e capacete", exemplifica. Segundo o médico, a situação ainda é agravada em Curitiba, pelo fato de a cidade não ter um pronto-socorro especializado em crianças.

"Hoje, as crianças são distribuídas entre os prontos-socorros da cidade", explica o médico. "Com um centro apropriado, a mortalidade diminuiria. Precisamos de um local adequado para tratar as crianças", afirma.

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