Um mês depois da festiva reunião de Lula com os 27 governadores na Granja do Torto, nenhum dos quatro pontos acordados da extensa lista de reivindicações dos estados saiu do papel. O tom otimista do início de março já dá lugar à cobrança explícita para que o governo federal tome medidas práticas como a repartição dos recursos do Fundeb (fundo da educação básica) e a mudança na regra dos precatórios.

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"O presidente precisa cuidar dos compromissos assumidos", diz o governador aliado Paulo Hartung (PMDB-ES). O contencioso dos estados se somará, nesta semana, ao corolário de pedidos a ser apresentado pela marcha dos prefeitos – a começar, é claro, pela maior participação no bolo de recursos federais.

Pelas beiradas – Os controladores de vôo adotaram um recuo tático com a nota em que pedem perdão à sociedade pelo motim de 30 de março, mas nos bastidores estudam uma forma de denunciar o Brasil à Iata (Associação Internacional de Transportes Aéreos) por insegurança em seu sistema de tráfego aéreo. Biblioteca – O deputado Gustavo Fruet (PR), já escolhido pelo PSDB para integrar a CPI do Apagão Aéreo, apresentará nesta semana um projeto para que a comissão tenha acesso aos dados do programa de informática I-2, usado pelos parlamentares na CPI dos Correios. A idéia é cruzar dados em busca de conexões entre as apurações. De bem – O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) é só elogios a Marina Silva (Meio Ambiente) na discussão sobre a transposição do Rio São Francisco. Por conta dos embates com a área ambiental no primeiro mandato de Lula, Geddel, que acaba de assumir a pasta, resolveu chamar a colega para jantar a fim de debater o projeto.

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Quarentena – Tarso Genro optou por sair de cena nos debates públicos para o 3.º Congresso do PT, marcado para agosto. Embora continue negociando apoios à sua tese, o ministro afirma que evitará polêmicas com outras correntes internas da sigla para que não se "confundam" com sua atuação na pasta da Justiça.

Fim da fila – Campos Machado (PTB) tenta "ressuscitar" as cerca de 70 CPIs engavetadas no governo Geraldo Alckmin. O líder do PTB na Assembléia paulista protocolou "questão de ordem" para que essas comissões tenham primazia sobre as novas, o que inviabilizaria investigações sobre a gestão José Serra. Recorde – Somadas aos pedidos desta legislatura, as comissões não instaladas em São Paulo poderão chegar a 80. O presidente da Assembléia, Vaz de Lima (PSDB), diz que vai esperar o STF se pronunciar sobre a CPI do Apagão Aéreo para que, embasado na decisão, negocie os critérios para abrir apurações. Terceira via – PSB e PV negociam aliança em Belo Horizonte para as eleições municipais do ano que vem. Querem lançar o deputado Antonio Ribeiro (PV) para se contrapor aos candidatos apadrinhados pelo prefeito petista Fernando Pimentel e pelo governador tucano Aécio Neves.

Pólos – Pimentel tenta emplacar o deputado Roberto Carvalho como candidato do PT. No PSDB, quem saiu na frente foi Eduardo Azeredo. O senador diz que, se for preciso, disputará até prévias para concorrer à prefeitura. Seu nome, no entanto, tem forte resistência interna por conta do "mensalão mineiro". Na rua – A campanha "Xô CPMF" vai intensificar as ações nos Estados a partir desta semana. O primeiro grande evento está marcado para Florianópolis, na sexta-feira, a cargo do coordenador nacional do movimento contrário à contribuição, Paulo Bornhausen (DEM-SC).

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Tiroteio

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Do senador Heráclito Fortes (DEM-PI) sobre a criação da Secretaria de Portos, desvinculada do Ministério dos Transportes, para compensar politicamente o PSB, que perdeu uma pasta na reforma ministerial:

– Há 200 anos, dom João VI abria os portos às nações amigas. Depois de 199 anos, é a vez de Lula abrir os portos aos partidos amigos.