O movimento é sempre intenso na Rua XV de Novembro, no Centro de Curitiba. Mas, à medida que o Natal se aproxima, o número de pessoas na rua mais celebrada da capital parece não ter fim. E ali, no calçadão, artistas de todos os tipos e lugares mostram seus talentos e ganham reconhecimento do público. Apesar da pressa para as compras, muitos fazem questão de parar para prestigiar os espetáculos. O amor à arte e a grande concentração de pessoas levam esses artistas a exibir suas habilidades no espaço que vai da Praça Osório à Santos Andrade. Veja alguns exemplos:
Os malabares de Akira (foto principal)
O engenheiro de Geoprocessos Gustavo Akira Aihara, de 24 anos, assumiu o nome do meio quando descobriu seu amor pelos malabares. Começou brincando de jogar bolinhas, mas ao conhecer novas possibilidades o passatempo se tornou uma paixão. A primeira oportunidade de se apresentar foi há dois anos, a convite da dona de uma empresa de eventos. Além de se apresentar em festas fechadas, Akira faz exibições na Rua XV. "Não dependo da rua para sobreviver, mas faço porque gosto do público, do contato com as pessoas." Para ele, trabalhar na Rua XV não é o mesmo que se apresentar em semáforos. "É diferente, porque na XV dá para trocar uma ideia com as pessoas que passam, ver a resposta ao seu trabalho."
As cores de Plácido
Plácido Fagundes, de 58 anos, sempre se encantou pelo desenho, mas desde os 18 anos decidiu se dedicar à pintura. Depois de um período longe de Curitiba, Plácido retornou há dois anos e voltou para a Rua XV e à Feira do Largo da Ordem. Para ele, galerias de arte não compensam o contato com o público que se tem nas ruas. "Você vê pessoas de todos os tipos e elas gostam de parar para ver. Se fico pintando na frente de algum lugar, eles ficam um tempo olhando", diz. Mas não é só o retorno dos espectadores que agrada ao artista. "Às vezes a gente ensina um pouco sobre arte, explica o que é impressionismo. As pessoas acabam tendo acesso às informações e valorizam mais", explica. Plácido gosta de valorizar os pontos da cidade. Patrimônios históricos como o prédio da UFPR, o Paço da Liberdade, entre outros, já foram retratados em suas pinceladas. A valorização do que é da cidade agrada aos turistas e até mesmo aos curitibanos, que procuram bastante pelos quadros do pintor.
O teatro de Leonir
Leonir Tavares de Lima nasceu há 31 anos em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná. Aos 12, começou a trabalhar no circo, mas foi nas ruas que encontrou o trabalho que mais gosta. "Uns 13 anos atrás, depois de fazer circo, decidi fazer teatro de rua e gosto muito mais", conta. Crianças e senhoras fazem questão de entregar uma moeda para ver a estátua viva interagir com ela, beijando suas mãos. O movimento na frente da estátua não para, com diversas pessoas observando. "Na época de Natal é bem melhor, tem mais gente andando aqui, mais turista", diz. E é esse mar de gente que passa pela Rua XV que encanta o artista, que também passa temporadas fazendo suas performances em São Paulo e no Rio de Janeiro. O calor daqui não é tão forte quanto o da capital carioca, mas Leonir sofre com as roupas pesadas e a maquiagem branca que compõem o personagem. "Mas acostuma."
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